Capítulo 13: Videogame

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Logo que saí da academia, resolvi passar na casa de Mathias. Quem diria que ele morava em um bairro nobre como aquele? Esse era um dos bairros mais caros da cidade. Confesso que estava muito nervosa. Não tem como ficar tranquila diante de uma suposta declaração que, claramente, é não correspondida. Ainda assim, lá estava eu em frente à porta principal da maior casa que eu já tinha visto na minha vida. - Todo o entorno da residência parecia um palácio: as grades pretas e pontudas que circundavam o terreno, a grama verde milimetricamente bem cortada e as colunas retas e clássicas que enriqueciam a fachada. - Toco a campainha e, em alguns instantes, a porta se abre e sou abordada por duas crianças:

- Quem é você? - Uma delas pergunta.

- Oie, eu sou a Jade. Sou ami... Vim encontrar o Mathias. - Respondo.

- Você veio para falar com o nosso irmão? - A garotinha pergunta. Irmão? Isso significa que o Mathias tem um casal de irmãos? Eu não tinha a menor ideia. Aparentemente, são gêmeos, tratam-se de um menino e uma menina, e são a coisinha mais linda desse mundo. Olhando bem, até que eles lembram o Mathias. Ambos tinham os olhos verdes e o cabelo loiro, assim como ele.

- Sim... E vocês, como se chamam? - Pergunto.

- Eu sou o João, e ela é a Maria. - Fala o menino.

- Como no conto de fadas? Que criativo. - Abro um sorriso.

- Ei, moça. Vem brincar com a gente. - Maria me puxa pelo braço para dentro da casa.

- Eu não sei se devo entrar assim... - Não tenho tempo de responder. João passa por trás de mim e me empurra para dentro também.

- Não se preocupa, moça. A gente não escolhe nenhuma brincadeira difícil. Gosta de pega-pega? - O garoto fala.

- Não, João! Nós vamos brincar de casinha! - Maria discute com o irmão.

- Eu quero bricar de pega-pega! Não sou menininha!

- VAI SER CASINHA!

- VAI SER PEGA-PEGA!

A partir daí, os dois começam a gritar mais e mais alto. Eu não tinha ideia do que fazer. Nesse momento, a minha salvação aparece e repreende os gêmeos:

- Crianças! Não incomodem as visitas. - Era a governanta da casa. Sua voz era tão imponente que ela nem precisou gritar, no mesmo instante, abaixam a cabeça, juntam as mãos e ficam em silêncio, como soldados recebendo ordens.

- Como a senhora sabe que sou uma visita e não uma estranha? - Pergunto a ela.

- O senhor Lopes avisou-me que a senhorita viria. - A governanta abre um sorriso simpático. Ela se assemelhava àquelas professoras mais velhas, que aparentam ser gentis e indefesas, mas são capazes de disciplinar o mais terrível dos alunos. Acima de tudo, carregava uma postura maternal e de cuidadora. Então, ela abaixa-se na altura das crianças e diz: - João, Maria, o lanche de vocês está posto na mesa. Vão comer. A cozinheira fez um delicioso bolo de chocolate.

As crianças ficam entusiasmadas com a notícia e saem correndo. Observo-as com ternura, então me volto para a senhora a minha frente:

- Desculpe por entrar dessa forma. Não tive como impedi-los. - Falo e dou uma pequena risada. - A propósito, meu nome é...

- Jade. - Ela completa. - Como eu disse, já sabia da sua visita. Eu me chamo Marta, sou a governanta desta casa. Por favor, siga-me, senhorita. Vou levá-la até o quarto do senhor Mathias.

- Obrigada, senhora. - Começo a subir um lance de escadas em direção ao segundo andar.

- Senhora não, querida. Pode me chamar pelo primeiro nome.

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