Capítulo 10: Conexões

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Um crepúsculo instarou-se no céu por volta das 18 horas. Aos poucos, a claridade do Sol sumiu e sabia que estava na hora de ir. A esse ponto, eu também estava cansada de ficar chapada e, sendo sincera, eu fiquei bem nervosa quando vi as inúmeras chamadas perdidas no meu celular, vindas da minha mãe. E com motivo! Convenhamos, Victor e eu saímos de casa horas atrás para fazer compras no supermecado, compras que nunca chegaram, portanto, hora de voltar para a realidade. Jogada no sofá, cutuco Victor e chamo-o, muito insistente, para irmos embora. Nesse instante, ele abre uma cara feia, mas entende a situação e pega a chave do carro de cima da mesa de centro. Ele dá uma última tragada e apaga o cigarro no cinzeiro do Gabriel, o qual percebe a nossa movimentação e pergunta:

- Vocês já vão? Está cedo ainda, fiquem. Quantas horas são? - Gab fala em um tom preguiçoso.

- 18:53. - Eu respondo.

- Porra. - Ele muda de expressão subitamente e começa com gestos apressados, ajeitando a bagunça do apartamento. - Valeu, gente, até mais. 

- Tchau... - Falo vagorosamente enquanto Gabriel abre a porta da frente.

- Falo' mano! - Diz Victor e os dois apertam as mãos. 

Sem demora, Gab dá um breve aceno de despedida e fecha a porta. Já nós, começamos a descer o prédio, ainda pelas escadas, infelizmente. Em meio a isso, pergunto: 

- Você não estranhou essa reação de agora? 

- Como assim? 

- Ele assustou com o horário e, de repente, estava praticamente nos colocando para fora. 

- Ah! Isso tem explicação. Hoje a noite, ele vai se encontrar com a... 

Antes que o meu irmão pudesse terminar a frase, vemos a Mirela, namorada do Gabriel, afundando o dedo no botão do elevador, mas sem resposta. Nesse instante, ficou claro o porquê do nervosismo do Gab. Então, digo:

- Está quebrado, Mi. Você tem que subir de escada. -  Abro um sorriso. Victor e eu nos aproximos e a cumprimentamos.

- Poxa, não acredito! Olha só a minha bota, desde quando isso é sapato para subir escada? 

- Com certeza, não é! Você está linda, viu. Gabriel não merece isso tudo, não.

- Para de me elogiar assim Jade... - Ela finge timidez, mas é a maior fã de si mesma, então dá uma pausa e continua. - Eu tô mesmo uma gata, né? 

- Sim, está. - Começamos a rir como duas garotinhas. 

- Vamos? - Victor pergunta, ele já estava bufando de ódio com o rumo que a conversa estava tomando.

- Claro. - Eu respondo e ele sai em direção ao nosso carro estacionado a poucos metros de distância, logo na frente do prédio. 

Despeço-me da Mirela, abro a porta do passageiro e entro no carro. Não demoraria para eu chegar em casa, tomar um banho delicioso de banheira e aproveitar o fim da minha noite com muita paz, silêncio e tranquilidade. 

No caminho, começo a cair em devaneios: "O que será que a Mirela e o Gabriel vão fazer? Sair para jantar? Ir ao cinema? Ou algo mais casual entre os dois? Eu e Pedro adorávamos sair para comer, para passear ou simplesmente estar juntos. Haviam as manhãs que eu ia assistir aos seus jogos de futebol, as tardes que passávamos na cachoeira, as noites que estavámos de pegação no beco de um barzinho, agora, nem trocamos mensagens. Era tudo fantástico! Não entendo, não entendo, não entendo o porquê dele ter desistido de mim! Eu caí no esquecimento mesmo, já não existe, ou melhor, nunca existiu "nós". Não vai demorar para ele dizer que quer terminar tudo ou sumir de vez." Sinto meu coração apertar no peito, há um nó na minha garganta e escorre uma lágrima discreta pelo meu rosto. Enxugo os olhos com pressa para que Victor não percebesse, porém não adiantou:

A EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora