Capítulo 15: Cachoeira

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O barulho da cachoeira era estrondosamente alto e, ao mesmo tempo, calmante. A brisa molhada que batia no nosso rosto trazia muito frescor. O silência e a paz daquele lugar sempre me confortavam. Não havia visitantes naquela manhã, estávamos eu, Mathias e aquela natureza exuberante.

- Essa cachoeira é muito foda! - Mathias contempla as águas. Segundos depois, levanta-se e tira a camisa e os tênis, ficando só com a bermuda de corrida. Apenas entendi o que ele pretendia, quando caminhou até a cachoeira e pulou de ponta lá dentro.

- Você é maluco! - Grito, me referindo a Mathias. - Já veio aqui antes? É perigoso pular em cachoeira, você podia ter rachado sua cabeça.

- Muitas vezes, já sou acostumado. Não tem nada melhor do que banho de cachoeira pela manhã. Não vai entrar? - Ele me pergunta enquanto nada para lá e para cá.

- Assim? - Aponto para meu top e shorts de academia, seminovos ainda por cima.

- A água está uma delícia, Jade. Você tem que experimentar. - Mathias tenta me convencer.

- Seria a primeira vez. Nunca nadei aqui. - Ele me olha surpreso. - Diferente de você, eu venho aqui para correr, não para me divertir.

Nesse instante, ele sai da água e caminha na minha direção. - Ele ficava lindo de cabelo molhado. - Próximo de mim, ele pergunta:

- Quantas vezes já veio aqui?

- Umas cinco vezes contando com essa, acho. - Respondo.

- E não entrou na água nenhuma vez? - Aceno que não com a cabeça. - A maluca aqui é você, então. Parecia que gostava daqui...

- E gosto! - Afirmo com firmeza. - Só não tive oportunidade de entrar ainda.

- Agora tem! Vamos! - Ele insiste determinado.

- Não, não, nem estou com roupa de banho. - Tento fugir.

- Jade, para de ser chata! Começa a viver! Não é como se isso fosse te matar. - Essas palavras giraram uma chavinha no fundo da minha alma. Há quanto tempo eu não fazia alguma loucura? Há quanto tempo não sentia aquela adrenalina percorrendo o meu sangue?

Antes que eu pudesse reagir, Mathias agarra as minhas pernas e me coloca em seus braços.

- Se não vai por bem, vai por mal. - Ele abre um sorriso travesso.

- Espera, espera, Mathias, eu vou! Me põe no chão, por favor.

- Jura que não vai sair correndo? Porque eu não consigo te alcançar se fizer isso. - Nós rimos.

Mathias me põe no chão. Eu tiro meu relógio, meus tênis e tiro meu celular que estava no bolso. Desfaço o meu rabo de cavalo e, aos poucos, me aproximo da água. Enquanto eu colocava a ponta do pé para testar a temperatura, Mathias já havia pulado lá dentro de novo e jogado água para todos os lados. - Ele é igual uma criança, Jesus. - Entrar aos poucos não estava funcionando, a água estava um gelo e decidi mergulhar de cabeça. Nossa, que banho de vida! Pude perceber Mathias me fitando com o olhar, feliz por ver a alegria que eu esboçava ao nadar ali. Ele me chama para me posicionar embaixo da queda d'água, tinha muita espuma e a pressão era forte, meio complicado de chegar até lá. Ainda assim, a sensação valia a pena. Era uma hidromassagem natural, fez tão bem para as minhas costas. Conforme os minutos passam, eu exploro cada canto da cachoeira e me arrependo profundamente por não ter nadado ali ainda. Ora ou outra, fazia uma pausa em uma das pedras ali ao redor. Tentei escalá-las e pular de um ponto mais alto na cachoeira, tal como Mathias fazia, mas eu só sabia escorregar e ele ria da minha cara. Ele gostava de zoar em qualquer oportunidade que tinha, chamava para fazer guerrinha, competir quem prendia mais a respiração, exibia seus saltos mortais, parecia meus primos pequenos.

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