°P.O.V Enid°
Depois da última aula do dia fui até o dormitório de Molly, tava tendo uma festa lá ou algo assim, eu estava novamente procurando Wednesday, e esperava que ela estivesse lá. Bati na porta, ela tinha uma pequena janela redonda que só dava para ver os olhos de quem estava por trás dela, logo vi aqueles grandes olhos roxos que reconheci ser os de Esther, a colega de quarto de Molly, ela me olhou de baixo para cima de forma séria e disse "senha?"
- cabeça de gárgula - respondi
Ela abriu a porta e me deixou entrar, o cheiro de refrigerante, doces e meninas adolescentes me encontraram, dali consegui ver Bianca, Feyre e Cath num canto rindo, Molly, Scorpia e Ophelia num outro canto, e Yoko e Wednesday num outro canto, Wednesday, como sempre, não parecia estar se divertindo, parecia que ela estava dando uma bronca em Yoko. Caminhei até elas
- Oi meninas - falei, e logo elas olharam para mim, meio assustadas, como se estivessem escondendo um segredo.
- Oi Emily - Wed disse - nós precisamos conversar
- Precisamos mesmo! - olhei para Yoko também - nós três, por que parece que vocês estão escondendo algo? e Wed, você não tava doente?
Wednesday fingiu uma tosse, e logo em seguida olhou para mim.
- Eu estava, mas isso não importa agora, precisamos conversar sobre Brian, por que sempre que eu falo dele você fica toda desconcertada? sei que você não gosta dele, mas por que insiste nesse casamento?
- Wed, agora não é a hora e nem o lugar - eu comecei a falar, mas ela me interrompeu
- Seus pais gostam dele?
- Meus pais? O que isso tem ha...
- Fale Emily, por que esse casamento aconteceu
- Ta bom eu falo, minha família e a família de Brian são muito próximas, estamos prometidos desde que nascemos, não há nenhum amor envolvido, e não há nada que eu possa fazer, eu realmente não gosto dele e ele realmente não gosta de mim, mas eu não posso mudar isso Wed, se eu me separasse dele eu seria... seria... desertada, minha família me abandonaria.
- Mas e se sua família não te abandonasse? E se seus pais tivessem motivos para separarem vocês dois, quais seriam os motivos?
- Talvez se eles vissem que o Brian não é uma pessoa boa, eles pensariam em separar a gente, afinal eles me amam... eu acho....
- E como provariamos que Brian não é uma boa pessoa?
- Eu não faço ideia, ele finge ser um príncipe na frente de todo mundo, mas quando estamos sozinhos...
- Eu e Yoko temos um plano, mas não te contamos porque... talvez você não ficasse de acordo - Wednesday e Yoko trocaram olhares suspeitos
- Wed... - eu comecei - O que você fez?
- Relaxa Emily, confia em mim, em pouco tempo, esse casamento já vai ter acabado, e você estará livre, mas agora você precisa confiar em mim.
- Confiar em você?! - eu disse aquilo um pouco alto demais, e agora todas as meninas no quarto estavam olhando para a gente - como posso confiar em você se você não confia em mim para contar esse tal plano?
- No momento certo, tudo vai se resolver - Wed disse, e em seguida saiu do quarto. Yoko fez menção que ia sair também, mas eu a puxei
- Yoko! - eu disse - Por favor me diz oq tá acontecendo.
Yoko pareceu meio nervosa e olhou pra porta, seus pés estavam virados para ela, como se ela quisesse muito sair dalí, mas em seguida ela se acalmou e olhou para mim com ternura
- Olhe... - ela começou - eu não posso explicar tudo agora, mas posso lhe dar um concelho.
- O que? - perguntei
- Quando você e o Brian estiverem sozinhos, fale seus limites! fale que você não gosta da maneira que ele te trata, fale que você não aguenta mais isso!
- Eu... eu não posso... ele...
- Você tem que fazer isso, lembre-se que o básico em um relacionamento é o respeito.
- Tá...Acho que você tá certa...
Em seguida Yoko foi embora, eu continuei na festa, eu queria distrair um pouco minha cabeça, eu e as outras meninas passamos quase a noite inteira assistindo filmes, mas quando peguei meu celular e vi que eram quase 4:00 da manhã saí correndo para o meu dormitório, Brian provavelmente estava um fera!
Abri a porta do meu dormitório bem de leve e entrei, Brian estava sentado na sua cama, olhando para mim.
- Me desculpe Brian... - comecei
- Onde você tava?! - ele gritou
- Na festa da Molly, eu juro que eu ia te contar mas... mas ficou muito tarde e...
- Mentirosa!
- Não, não estou mentindo, é verdade!
Ele caminhou até mim lentamente, esticou o braço como se fosse afastar o meu cabelo de minhas orelhas, mas apenas pegou a minha caixinha de música favorita que estava no meu armário ao meu lado.
- Sabe... - ele começou - eu não entendo você... sério - ele falava isso em meio a risos cínicos, como um psicopata - era pra você ser minha esposa, servir a mim, mas você gasta seu tempo com festas idiotas e amigas idiotas - em seguida ele atirou minha caixinha de música pelo quarto, de maneira que ela se partiu em mil pedacinhos, eu comecei a chorar, não pela caixinha de música, mas por medo, eu já tinha medo de Brian, mas naquele momento ele estava... insano, monstruoso
- Ei ei ei... calma - ele disse quando percebeu minhas lágrimas, em seguida me abraçou, e coloquei meu braços sob o pescoço dele, não porque eu queria, mas porque eu tinha que fazer isso, ou ele ficaria mais bravo - Você sabe que eu te amo né - ele susurrou no meu ouvido, eu fiz que sim com a cabeça. Os braços dele que estavam em minhas costas começaram a descer, e descer, e descer...
- Brian... O que você está? - eu comecei, mas ele me interrompeu
- Calma... - ele disse - Você está bem... você está segura comigo - e então ele começou a esfregar os braços em mim, eu fiquei muito desconfortável, mas eu não podia fazer nada
- Brian... Brian pare por favor!
- Eu quero você todinha pra mim - ele susurrou no meu ouvido - todinha...
Em seguida ele me jogou na cama dele, de modo que não pude impedir, quando percebi, ele já estava em cima de mim, dando fortes beijos em meu pescoço e esfregando as mãos sob todo o meu corpo, eu tentei empurrar ele, mas ele era mais forte
- Brian pare! não toque aí - eu gritei, mas ele não parava, então eu fiz o que eu tinha que fazer, soltei minhas garras e arranhei sua costa com toda força que pude, ele gemeu de dor e caiu no chão, sua expressão era sombria e má.
- Sua... - ele começou, mas não terminou, ele caminhou até mim, eu estava de pé ao lado dele, com as lágrimas saindo de meus olhos. Quando vi, ele me deu um tapa, um tapa tão forte que pode jurar que algo em meu rosto deslocou, mas eu não chorei, por que é assim que você fica quando leva um tapa, paralisada, precisando de um momento para processar tudo. Brian percebeu as lágrimas descendo lentamente em meu rosto e me jogou com tudo no chão, me chutando e me chutando e me chutando, depois foi embora, me deixando alí, caída, em meio ao poço de escuridão, tristeza e dor. E eu não pude fazer nada.
Eu não pude fazer nada...