i've been travelin' too long.

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"Harry está nessa estrada aberta, tentando arduamente encontrar liberdade. O que ele realmente encontra, na verdade, como um pedaço de quebra-cabeça solto e ambulante, é um rapaz de cabelos castanhos que o mostra direções distintas das que ele raramente se dispõe a ultrapassar."

temas sensíveis: família abusiva, relacionamento abusivo (não com o L).

Essa é uma história sobre o Harry. Ele é o personagem principal. Louis aparece sempre pois isso aqui é um romance, mas todos os cenários são ambientados com base na vida do Harry. Não vai ter ponto de vista do Louis em nenhum momento!

|IMPORTANTE: essa oneshot terá parte dois. e ah, eu escrevi ela pensando em gilmore girls e logo depois de ler pessoas normais, então vocês vão ter que me perdoar pela falta de travessão e aspas e a romantização de certas coisas. boa leitura<3|

~•~

Dobrava as roupas limpas e as separava por cor enquanto conversava com o rapaz de olhos curiosos e cintilantes.

Como há tanta disciplina ao fazer algo tão simples? Ele pergunta, distraído com a gola da camisa polo azul que usava.

Não há segredos com isso, respondo.

Acho que tem algo de especial com suas mãos, ele diz incerto. Como se realmente ponderasse uma realidade paralela onde existisse magia para dobrar roupas.

Eu retiro as meias da secadora e as guardo junto a caixa, me preparando para sair da lavanderia de uma vez. O garoto segue meus movimentos com calma, se levantando e pegando as próprias levas de roupa para bater. Não nos despedimos nenhuma vez, porquê acho que é bobagem. Não sei ao menos seu nome, mesmo que nos encontremos com certa frequência. Ele concorda, embora. Sempre solta um arzinho de frescor ao me olhar uma última vez como se dissesse "gosto de como nossas conversas beiram a superficialidade."

E as semanas se passam, Luke liga todos os dias e berra merdas triviais ao telefone, quase como se estivesse preparando brechas para uma discussão. Deixo que ele erga a voz e sinta a superioridade extravasada que precisa para continuar vivendo um cotidiano emocionalmente estável. Ele pergunta quando podemos nos ver. Essa semana não dá, respondo no automático.

Você está sempre ocupado, ele se altera. Quer saber? Precisamos de um tempo.

Se é isso que quer, digo.

Vai se foder, Harry. E desliga.

Não há muito para se questionar. Termino artigos experimentais do jornal da faculdade e me afogo em vinho branco, esperando um pormenor repentino que me inspire.

Meu colega de quarto, Sean, dorme a tarde toda, e lê à noite. E embora o abajur aceso incomode um pouco, é melhor ter ele adormecido nas tardes solitárias do que tagarelando sobre bolsas de valores, economia e essas coisas.

Nos fins de semana, meus avós me induzem a um tipo de encontro obrigatório. Eu, eles, e um garoto de boa família com terno e gravata. Na maioria das vezes, acabo na cama com eles e no dia seguinte não há mais nada a se dizer. Consequentemente, acontece um incidente desastroso em um desses jantares. Um tipo de segundo encontro não planejado, que se torna um terceiro e no quarto um pedido de namoro desconfortavelmente opressor dirigido a mim. Todos os olhos colados ao homem ajoelhado no chão, e as anteninhas prontas para ouvir um sim.

Bem, Luke e eu estamos juntos a três meses. O sexo era fervoroso no começo, gostava de coisas novas e experimentais. Até elas se sucumbirem ao conhecido. Daí simplesmente perdia a graça.

A coisa que me manteve preso nisso foram as surpresas que ele revelava diariamente. Como se assumisse uma nova personalidade todos os dias, e me tratasse de forma desagradável em todas elas.

anthology book | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora