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                Os Bower haviam acabado de se mudar para o casarão vitoriano logo ao lado do castelo, tendo como única divisão uma cerca viva alta com inúmeras falhas que Anne Elizabeth Roseberry ainda pretendia usar algumas horas vagas para consertar antes que seus filhos Jamie, de quase 7, e Samuel, de quase 2, as descobrissem. Não que ela e o marido, David Bower, acreditassem efetivamente nas histórias que rondavam o castelo e seus habitantes. Diziam que os moradores de lá eram uma família amaldiçoada e, sendo do ramo musical, ela claramente não acreditava nisso, mas tinha um certo receio de como os tais garotos que perderam pai e mãe no mesmo dia eram com os outros. Anne preferia conhecê-los com o marido primeiro antes de qualquer interação mais direta entre seus filhos. O mais velho tinha constantes pesadelos que raramente conseguia compreender, mas o acordavam aos gritos, e o mais novo era provavelmente a pessoa mais difícil de dormir que ela já vira, ela não tinha como não se preocupar com a questão.

-- Querido, pode ficar de olho nos meninos pra mim um momento, por favor? – Anne chamou o marido assim que o caminhão de mudanças parou em frente à casa – Preciso dar uma avaliada na situação das caixas que chegaram!

-- Claro querida!

David Bower com todo o seu porte atlético, levemente envelhecido pelo tempo e prejudicado por tanto trabalho de escritório, porém ainda extremamente animado, deu um voto de confiança que era saudável seu primogênito de excepcionais tendencias musicais apenas olhar em volta como bom garoto curioso que era, o que lhe dava tempo o suficiente para continuar separando as coisas que eles haviam trazido e ficar de olho em Sam. O mais velho dos garotos realmente só queria explorar a região, ainda mais ao perceber o tanto de sebes que envolvia aquelas casas e o fato de que logo ao lado de sua casa existia literalmente um castelo. Teria muito tempo para explorar a própria casa, mas quem sabe quantas oportunidades ele teria de explorar aquele jardim?

O jovem Jamie Metcalfe Campbell Bower era apaixonado por todos os tipos de música que existia e o fato de seus pais trabalharem na empresa musical facilitava absurdamente essa paixão, o que o fazia apaixonado pela nova casa porque ela tinha espaço o suficiente para terem um estúdio particular, o que também facilitava que vários agenciados pela mãe e que queriam oferecer parcerias ao pai, que trabalhava na Gibson, tivessem certo contato com os garotos, e, como bom curioso que sempre fora, era um lugar perfeito para todos os seus sonhos se concretizarem. Ele iria ser um astro do rock que também cantava em musicais as vezes, bem além das peças escolares que ele já participava, e usaria essas habilidades para salvar o mundo.

Conforme foi se embrenhando pelas cercas vivas, árvores, arbustos e finalmente as sebes, se deparou com um tipo de parede de pedras com um arco, florida e coberta de sebes, com portões abertos. Sua curiosidade o guiou até lá e conforme foi caminhando cautelosamente entre as sombras e as plantas iluminadas apenas pelo pôr-do-sol começou a ouvir uma música cantarolada por uma voz infantil incrivelmente doce.

Era Sex Pistols. God Save The Queen.

Ele não sabia que crianças poderiam ouvir aquelas músicas.

Ele conhecia porque seus pais eram do meio e o apresentaram a tudo, mas o haviam avisado que ele não deveria contar a seus colegas de escola que conhecia porque os pais poderiam não entender isso bem e isso geraria uma confusão imensa. Entretanto, ver aquela criança do tamanho dele, em um vestido florido, de olhos fechados e aqueles cabelos pretos, que quando a luz alaranjada bateu pareceram se incendiar, fizeram com que ele se sentisse à vontade o suficiente para falar.

Jamie queria ser amigo daquela menina que parecia uma fada.

O problema é que ela aparentemente não queria ser amiga dele porque assim que seus olhos gigantes esverdeados pousaram nos azuis dele, correu como o garoto nunca havia visto alguém correr em sua vida. Ele nunca chegaria naquela velocidade de corrida. Por um lado, se chateou porque ela deve tê-lo achado estranho. Não achava que era tão legal, talvez. Por outro lado, estava chateado por perceber que nunca teria a habilidade de correr tão rápido assim quanto ela.

FAIRYTALE || jamie campbell bowerOnde histórias criam vida. Descubra agora