- Takeru, o que achou desse chapéu? - digo finalizando-o com uma pena em cima.
- Ficou perfeito! Vai logo para a vitrine - ele diz pegando-o e colocando amostra para frente da loja.
Bom, como podem ver faço chapéis, tenho uma loja com o meu "melhor amigo" (digo em aspas por não saber exatamente o que somos, nós ficamos as vezes, mas não temos nada oficializado).
Eu gosto dele, acredito que ele goste de mim também. Essa loja era nosso sonho de infância junto com o Aguni, mas acabou que ele seguiu em outro ramo (nós continuamos um trio). Nós não moramos juntos, porém possuímos essa loja, então sempre estamos aqui fazendo e vendendo chapéis. Nosso negócio é grande, nossa loja foi nomeada "a melhor chapelaria do país" só para terem uma noção!
Estava bom de mais para ser verdade, não é? Em uma manhã de domingo, eu fui comprar pães para eu tomar café, assim que eu saí na rua eu percebi que não havia ninguém, estava vazio. Tentei ligar para minha mãe mas eu estava sem sinal, fiquei andando pela cidade por alguns minutos até que uma mulher diz sobre um jogo, maldito jogo.
Estou aqui a uns meses, acho que não existe mais o "mundo real", não existe mais mãe, pai, Aguni, Takeru.. Vivo em um pesadelo, jogando jogos mortais sendo obrigada a lutar pela minha vida, mas sendo sincera, já não vejo mais sentido em tudo isso. Para que jogar todos esses jogos? Há realmente um propósito nisso tudo? Ou eu terei que passar o resto da minha vida tendo que lutar por vida ou morte?
Passei muitos dias me questionando, eu tinha verdadeiramente medo de nunca mais poder ver minha família, meus amigos, medo de nunca mais ver o Takeru. Em meio ao fim de um jogo, ouvi algumas pessoas falando sobre uma praia, um refúgio, dizendo que lá poderíamos encontrar respostas de como sair daqui. Eu os segui até um certo lugar, eu conseguia ver a praia porém eu já não via mais eles, eu havia os perdido de vista, e em poucos segundos sinto uma pancada muito forte na cabeça.
Acordo sentindo alguém mexendo na minha cabeça, estavam retirando uma venda que estava em mim, que porra é essa?
A dor da pancada ainda doía, eu não conseguia raciocinar direito. Algumas pessoas me receberam, explicaram sobre algumas regras do lugar [...]
ᵃᵘᵗAs regras vocês sabem, sobre os vestes, cartas e tal.
E então um garoto moreno com uma arma apoiada no ombro me solta, foi o mesmo que tirou a venda do meu olho. Uma garota me acompanha até meu quarto, e quando íamos saindo da sala ouço eles falando sobre um tal chapeleiro, me fez lembrar do Takeru, e uma dor muito forte bateu no peito, saudades do meu garoto, sentia que só ele poderia me confortar em meio todo aquele caos, mas infelizmente não dá.
