Chegada a Pandora

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Sabe quando você enche a cara na noite de sábado e acorda no domingo com a pior dor de cabeça da sua vida? Foi assim que eu acordei do meu sono criogênico. Eu estava amarrado naquela maca com um dos médicos checando meu pulso. Eu me sentia um cadáver sendo desengavetado no necrotério.

Acho que a pior parte foi ouvir os médicos anunciando que já se passaram seis anos. Eu sabia onde estava me metendo quando entrei nessa nave e mesmo assim isso mexeu um pouco comigo. Fazem seis anos que eu deixei a terra... fazem seis anos que eu deixei ela...

Eu estava com fome, eu estava cansado, e eu estava com uma ressaca ferrada.

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Ainda na nave, eu finalmente pude pegar meus pertences de volta. Tudo o que eu precisava estava em uma mochila surrada que eu tenho desde dos quinze anos. Eu tiro a minha velha Glock 9mm e coloco-a sobre a mesa prateada.

Eu respiro fundo e começo a desmontá-la e remontá-la repetidamente. Isso sempre me ajudou a me acalmar antes de uma missão.

Eu ainda estava meio lento depois de dormir por seis anos, então me forcei a lembrar como eu vim parar aqui.

Meu nome e (S/N). Eu já tinha ouvido falar dessa tal Pandora, mas nunca havia passado pela minha cabeça que viria pra cá... na verdade até os dezessete anos eu sequer pensava em ser um militar.

Meu avô era soldado e meu pai também era soldado. Eu nunca conheci a minha mãe, mas o que eu lembro do meu pai é que ele era um soldado condecorado, forte e durão. Não importava quanto tempo ele passasse fora, ele sempre voltava, mesmo que com algumas cicatrizes à mais. Houveram dias em que eu achei que meu pai era imortal... até ver ele deitado numa maca de hospital respirando por um tubo.

Quando o governo precisou do meu pai, ele estava lá, mas quando meu pai precisou do governo...

Meu pai morreu naquele hospital público e deixou eu e a minha irmã, Lyla, sem ninguém.

Mesmo sozinho eu conseguia arrumar um trocado, o suficiente pra gente sobreviver. Mas o que me fez ingressar na carreira militar... foi outra coisa.

Eu perdi o chão sob meus pes quando eu li o resultado daquele exame. Na época a Lyla estava passando mau. Eu pensei que poderia ser alguma anemia, mas era algo muito mais sério. Minha irmã tinha leucemia.

Mau tínhamos dinheiro pra sobreviver, e agora eu precisava cuidar da minha irmã doente. Eu não tinha escolha, então eu resolvi vender a minha alma pro mesmo demônio que meu pai... o governo.

Como filho de um veterano, eu consegui uma boa oportunidade na RDA. Mesmo que esse não fosse o meu plano inicial, não dava pra negar que ser soldado estava no meu sangue.

Sobreviver sempre foi minha especialidade, e esse talento foi reconhecido pelas forças armadas. Medalhas, elogios, e até um lugar nas forças especial, mas nada disso importava. Se isso fosse pagar o tratamento da minha irmã então eu faria o que fosse necessário.

Quando fui convocado pra vir até a Lua Pandora eu fiquei em dúvida. Eu ficaria longe da Lyla por mais de uma década, mas era uma oportunidade boa demais pra simplesmente deixar passar. Essa seria minha última missão, então eu finalmente voltaria pra casa... pra única família que me restou.

Após botar minha mente em ordem, eu acabo de montar a minha pistola e aponto ela pra parede e aperto o gatilho, como estava sem balas tudo o que ela fez foi um click metálico.

Estávamos prontos para pousar na superfície de Pandora, então eu peguei a minha mochila, minha jaqueta de couro e acompanhei os outros soldados.

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Avatar: Shiny Earth (Leitor x Avatar)Onde histórias criam vida. Descubra agora