M.O.N.E.Y

Mission 1.

Após a pequena "reunião" – era como gostaria de chamar para não usar a palavra encontro – seguiu seu rumo para casa novamente. Poderia morrer mas nunca iria admitir em voz alta que foi surpreendente tudo o que aconteceu pela manhã. Lauren não só usou as cartas certas mas chamou sua atenção, a comunicação era sua grande vantagem além de ser extremamente atraente para a latina, que trancava a porta pensando nos olhos verdes e quando os veria de novo.

A primeira coisa que fez foi sentar em frente seu macbook, abrindo o sistema operacional da polícia de Miami até encontrar o rosto familiar. E bingo! Só existia uma pessoa com aqueles olhos. A latina analisou o perfil calmamente, a ficha criminal limpa, o sobrenome, os vinte e um anos e não menos importante, nascida ali mesmo em Miami. Lauren terminou apenas o ensino médio, foi aceita nas melhores faculdades porém não se inscreveu em nenhuma, as fotos mostravam ser pouco recentes desde que se formou com os seus dezoito. A beleza era inconfundível em todas imagens. Não que a subcomandante se envolvesse com criminosos, longe disso. Foi feita para matar e prender quando possível, ter repulsa deles. Mas quem seria louco de dizer que aquela mulher não era linda? O próprio lobo em pele de cordeiro. Alguns minutos se passaram, achou fichas hospitalares de saída da mesma, sendo rápida em acessá-las. O diagnóstico de uma criança intersexual, hormônios receitados e atestados médicos.

Ela não sentia como se estivesse conhecendo uma assassina, mas literalmente descobri a vida de Lauren pouco a pouco, se surpreendendo. Como o governo tinha tantas fichas marcadas sobre ela? "Você é mesmo uma caixinha de surpresa", pensou. A dúvida pesou, a pergunta sobre onde estava seus princípios de justiça a levando ao ápice de frustração lhe tirava do sério. Lauren definitivamente tinha algo instigante sobre si. Poderia ser os anos vivendo somente para o trabalho? A falta de uma longa conversa fora do ambiente movimentado? Ela nunca saberia. Poderia ser o período fértil pregando peças na sua cabeça, eram diversas hipóteses.

"Os documentos estão em Washington. Assim que eu os conseguir, te mando digitalizados. Passo na sua casa para analisar tudo."

Leu a mensagem rapidamente, a notificação na tela do macbook continuava parada. A assassina por outro lado fechava o acordo com o secretário do presidente do Senado, o homem tinha podres o suficiente para acabar com todo o partido republicano. Não foi muito caro e nem tão difícil, diferente de Cabello, ele poderia pegar os documentos, deixar em seu gabinete para serem enviados e pronto, sem problemas para ambos, sem riscos. O olhar de Camila ao se aproximar de si naquele jardim não saia de seus pensamentos, o cabelo bagunçado e a feição fechada davam todo charme. Era definitivamente sua cara de poucos amigos. A mais nova não tinha complicações com relacionamentos casuais, sempre dizia que sexo era sua forma de extravasar e que se arrependia de não ter tantas experiências sexuais pela falta de tempo. Foi a primeira coisa que pensou ao olhar a Camila lhe encarando raivosa no terraço do prédio, "Desde quando há agentes tão bonitos?". Beleza era algo relativo para ela, mas se ela era o diabo como a subcomandante dizia, com certeza Camila era o inferno. Desde que mergulhou de cabeça no caso de Herc, não pensava em nenhuma mulher, nada tirava seu foco até então. Pelo menos era o que ela acreditava até conhecer a agente.

...

A noite chegou e os olhos claros seguravam uma taça de vinho entre os dedos longos pela base, o apartamento pouco iluminado mostravam a personalidade da latina na decoração. Não chegava a ser minimalista mas era organizado, alguns quadros coloridos e plantas. As cores neutras deixavam alguns vasos e objetos se destacarem conforme os cômodos. Lauren riu, sabia que a agente iria odiar a forma que ia encontrá-la.

— Quem é v- Lauren?! – Iria gritar, mas a voz morreu com a voz ao olhar a garota em seu sofá, parada tomando vinho como se estivesse em casa. – Eu deveria atirar em você só por isso.