𝓬𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 10

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Escuridão.

E...falta de ar?

Abro os olhos e estou me afogando, meu corpo está pesado, minha respiração irregular, mas ouço uma voz abafada chegar aos meus ouvidos.

Minha visão está ficando borrada.

—TEM ALGUÉM NA ÁGUA!!!

Alguém me viu. ALGUÉM ME VIU. Por favor me tirem daqui.
Quero sair daqui, meus pulmões têm labaredas dentro de si e minhas pálpebras pesam toneladas. Não sei sequer para que direção devo nadar para me arrastar para fora deste inferno líquido. Meu corpo inteiro dói como se tivesse sido torcido, principalmente os braços eles GRITAM de dor.

Depois de muito lutar contra cansaço e correnteza, vejo uma luz, e uma mão se estendendo para me tirar da água, nado em sua direção e fecho os olhos com força, como se eu chegar a surperfície de olhos abertos pudesse terminar de me quebrar completamente.

Alcanço a mão que me oferce ajuda e quando saio da água respiro fundo, segurar sua mão é a última coisa para a qual tive força, abro os olhos, mas tudo é um borrão, vejo o sol como um farol sinalizado diretamente aos meus olhos e acordo.

—ARYA!—Todos a minha volta gritam meu nome em uníssono.

Fico sentada no chão, ofegante e totalmete desesperada, sem entender o que havia acontecido. Aquilo não parecia um sonho, tudo parecia tão real.
(P/S da autora: nem é o que toda pessoa que tem um sonho desses fala em situações dessa.)

Depois de a agitação em minhas vias respiratórias cessar, é que percebo que não estou perto da árvore que caí, estou no nosso acampamento, no meu colchonete na verdade.

QUE LOUCURA!!

Deixo minhas costas caírem novamente no chão, e Amarok cai no chão do meu lado direito, e põe a cabeça sobre a minha barriga e mexe-a como que para me dar carinho. Aceito de bom grado, pois é exatamente o que precisava agora.

—Eu disse para não irem à lugar nenhum.—Jade se pronuncia ao mesmo tempo que da um tapa no topo da minha cabeça. Soltei um sorriso.

Quando abri os olhos lembro de ter visto fris perto de meus pés, com os olhos marejados e as bochechas levemente avermelhadas e por que estou me lembrando disso agora? Porque a menor está agora agarrada as minhas pernas.

—DESCULPAAA, se eu não tivesse me escondido em um lugar tão alto, ou se eu nem tivesse subido naquela árvore.—Ela diz com uma voz chorosa.

—Você não tem culpa, NINGUÉM tem.— dou ênfase no "ninguém" enquanto olho diretamente para Jade.

—Acho que está na hora de todos dormir não é mesmo?—pergunto precisamente com o objetivo para todos pegarem em seus cobertores e Jade é a primeira a se levantar e sair rindo.

—Já não chega de dormir, Arya?—dá um tom a mais na palavra "dormir".

—Jade!—Amarok intervem prontamente, como sempre.

Ela ergue as mãos em forma de rendição e se deita em seu colchonete.

—Posso continuar assim?— Íris me pergunta ainda abraçada as minhas pernas. Eu aceno com a cabeça e chamo-a mais para cima, para ao invés das minhas pernas estar em meus braços.

Ela abre um sorriso iluminado e desprende rápido das minhas pernas e deita em meu braço direito, passo o esquerdo por cima dela para entender que pode ficar mais perto de meu peito, então ela aconchega-se encolhendo todo o corpo. Sua pele é morna e seu cabelo com um aroma suave e doce, roxo e verde, me lembra terra molhada e flores.

—Eu nunca tive amigos, as crianças de Obsidian zombavam de mim pela cor da minha pele, aqui é comum terem extremos, ou sua pele é rosada quase branca como uma nuvem, ou escuras como o vazio do espaço. Ou o meu cabelo, ninguém por aqui tem ele...assim. Ou até mesmo podia ser o meu jeito.—dizia o mais perto de mim que podia, suspeito que para mais ninguém ouvir.

—Então, obrigada por querer ser minha amiga.—finaliza finalmente fechando os olhos.

Não respondi nada, apenas a abracei um pouco mais forte e esteva prestes a fechar os olhos, quando sinto a presença de Amarok quase se deitando perto de mim. Levanto o pesoço sem me mexer muito para não distrair Íris de tentar dormir.

—Sou só eu, pode voltar a dormir.

Olho para trás da pequena em meus braços e lá está Tália, ou seja..

Jade está sozinha.

Abanei a cabeça para impedí-lo de se deitar e inclino a cabeça em direção da mesma.

—Durma ao lado dela, estou bem aquecida hoje e ela precisa de um abraço peludo.

Ele semicerra os olhos e me manda um sorriso, deseja boa noite a todas nós e vai na direção de Jade.

Finalmente fecho os olhos e deixo o sono pesado chegar em meus olhos cansados.

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