Meus sonhos ainda continuam tão fantasiosos como sempre foram, porém agora, eu sei que essas «fantasias» existem aqui. E meus sonhos são repletos de lugares lindos que minha mente criou com a inspiração desse novo mundo, florestas brilhantes, céus estrelados e rostos de pessoas que nunca vi, mas sempre que acordo seus rostos ganham um borrão.
Examente neste momento, sinto o calor de um feixe de luz do sol em meu rosto, meu braço dormente e um corpinho respirando pesadamente perto do meu.
Abro os olhos com dificuldade por conta da sonolência.
Olho para cima, e Tália está dormindo tranquilamente, barriga e patas para cima. Dirigo meus olhos para outra direção e observo Jade perdida nos pelos de Amarok, parece segurar firme em seus pelos, o melhor em vê-los assim é entender o porque da mesma estar tão grossa e fria ontem quando não queria deixar ele vir comigo, ela tem um medo enorme de que algo aconteça ao lobo, tem um medo enorme de não conseguir protegê-lo e de perder o aliado. Não sei como essa questão de aliança funciona nas emoções dos elementos ligados, mas vejo que é forte por conta deles, através deles.
Íris começa a se mexer, mas não tenho certeza se está acordada, seu rosto está virado para o outro. Portanto deve estar acordada, o sol brilha cada vez mais mais na nossa direção e a clareira fica cada vez mais iluminada. Enquanto me distraí por esses segundos, Tália já está se levantando, e Íris fica sentada e se espreguiça para tirar a preguiça de seu ser, enquanto eu permaneço deitada. Ela se vira para mim com os olhos ainda fechados e um sorriso pequeno.
—Ronum sedi.—pronuncia com algum sotaque, mas eu permaneço quieta porque não entendi.
—Bom dia para você também Íris.—Amarok interfere.
Ainda me faz confusão como um mundo totalmente diferente tem tantas semelhanças com o meu, os animais, seres tão parecidos com humanos e eles falam a mesma LÍNGUA que eu. Se isso não beira o absurdo, eu não sei como descrever.
São questionamentos que eu me faço constantemente, mas se ninguém tiver respostas para minhas perguntas vou ficar ainda mais louca atrás de respostas.
—Logo de manhã e já está com a cabeça trabalhando a velocidade de um grifo caçando.—apontou Jade esticando as costas já de pé.
—Acho que sim, estava pensando um pouco, só isso. —respondo com olhos virados para o chão, mas focado em nada específico.
—E podemos saber no que tanto pensa?—perguntou o lobo ainda deitado, mas olhando para mim. Não acho que seja preciso, então.
—Não é nada demais, eu faço isso as vezes, pensamentos aleatórios.
—Essa tarde já chegamos ao fim da floresta.—aponta Íris subindo nas costas de Tália.
Finalmente.
—A partir de agora temos que ser três vezes mais cuidadosos, ou simplesmente arranjamos um navio de um capitão que não queira nos entregar para o fio da espada de algum soldado.—Assegurou Jade.
—É tão difícil assim encontrar um?—pergunto.
—Se não formos para o cais principal, nem nenhum outro perto dele, ficaremos bem mesmo assim ter cuidado sempre é bom.—aconselhou Iris.
—Nenhuma de vocês, por sorte, conheceria nenhum capitão?—pergunto esperançosa para uma resposta positiva. A cada dia, fico cada vez mais ansiosa para chegarmos logo.
—Infelizmente não, também queria conhecer num momento que nem esse.—responde Jade.
O tempo foi passando enquanto andávamos cada vez mais perto do destino, e durante todo o caminho eu só consigo admirar tudo a minha volta, as árvores altas com espirais em seus troncos. É incrível como tudo aqui é tão puro e brilhante, no encalço das raízes estão pedras enormes que brotavam da terra como qualquer outra planta, pulsando luz como algo vivo. A luz do sol se torna cada vez mais presente enquanto vamos em direção ao fim da floresta.
—Já consigo sentir o cheiro do mar, e ainda é fraco, mas também já ouço o som das ondas batendo.—disse Jade.
É incrível o alcance dos sentidos de Jade.
Chegando à saída da floresta logo após um longo descampado, consigo ver um grande portal de entrada, no topo de uma pequena colina, pedras como as que vi nos pés das árvores de Obsidian, porém rosas formando um arco de volta perfeita e rigorosamente lapidada para a entrada do reino a frente, com quem penso que são seus oficias guardando o lugar.
Contudo, isso era o cenário a frente, quando olho para o lado, vejo o verde escuro da grama se transformando em areia, aos poucos o clima humido da floresta se tornou ameno.
Seguimos em frente, e antes de seguirmos até o relevo de grama escura ouço um farfalhar e um zumbido atrás de mim. Quando me viro vejo que são as penas de Tália, balançando tão rápido que seu amontoado de penas se torna a ilusão de uma cauda pequena e única, até que se torna mesmo isso. Uma cauda de uma pantera comum (do meu mundo), a medida que sua causa vai sumindo seu pelo também fica mais escuro. Enquanto Tália se esconde com sua ilusão, Íris prende seu cabelo em um coque médio e o esconde mais com sua bandana.
—Achei que seria mais seguro para nós chamarmos menos atenção—explica Tália percebendo que parei para olhar.
—O que houve?—pergunta Jade.
—Elas acham que podem chamar menos atenção assim, e você, não vai fazer nada sobre...—passo um dedo por cima da cabeça.
Ela simplesmente põe o capuz na cabeça abre os braços e me lança um sorriso. Ela logo depois, pega na mochila que tem nossas coisas e tira mais uma capa como a dela e atira na minha direção.
—Vista e esconda bem sua mecha, tenho uma ideia de como entraremos lá sem alarde, mas não pode deixar esse vermelho aparecer. E preciso que você mantenha a calma quando passarmos, e não precisa dizer nada. Só espero que Jade saiba o que está fazendo, porque se algo der errado aqui chegar à Celeste vai ser bem mais difícil.
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Tysaris
Fantasía❤️ Está história começa em um bairro pequeno no Rio de Janeiro, com uma garota de 17 anos chamada Arya Zanini. Arya sempre era uma garota que adorava cantar, ler e escrever tanto seus sentimentos, quanto histórias que apareciam na sua cabeça por con...