GAVI

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— Eu não quero falar com você

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— Eu não quero falar com você.

— Isso não está aberto a negociações, boneca. Você vai me escutar primeiro. — Serena tentou mover o corpo e possivelmente se virar para me encarar, enraivecida como uma gata de garras por ter sido interceptada. Minhas mãos pressionaram os braços da loira e, na medida que a turbulência foi se acalmando, espalmei o comprimento em reconforto. Eu poderia escutar e sentir facilmente a respiração acelerada contra o meu peito, sabendo o quão ela odiava ficar encurralada e presa como se estivesse dentro de uma gaiola.

Esbocei um sorriso orgulhoso. Ela tinha parado de se debater.

É isso aí, bonequinha. Seja uma boa menina.

Por que você está aqui?

Ela poderia se esforçar mais um pouco e descobrir por si só, se realmente quisesse saber dessa resposta fácil. No meio do caminho, o volante da Lexus girou na pista asfaltada devido ao pedido inesperado de Ferran para que Pedri seguisse as suas instruções, por ele ter ficado inteiramente tomado pela culpa ao ter se esquecido desse aniversário sendo o acompanhante de Sira.

E o que tínhamos a ver com isso? Nada. Mas não houve argumento que o fizesse mudar de ideia. Nossos celulares estavam desligados e impossibilitados de contato, além da exaustão de uma noite virados em claro. Nossas costas doíam por horas encostado no banco e os dois tiveram que revezar na direção no caminho de ida e volta, mas isso não foi motivo para descumprir o seu antigo combinado.

Talvez eu não tivesse dado muitas palavras de contradição comparadas as que Pedri deu, já que faria o mesmo se a minha situação com Serena fosse semelhante.

— Gavi. — a voz da bailarina me chamou, saindo dos pensamentos anteriores. — O que deu em você ontem? Perdeu o juízo?

Minha mandíbula se contraiu, surpreso pela pergunta. Ela não teria como saber o que eu fiz ontem, a não ser que tivesse sonhado após a minha visita no seu quarto. Vislumbrando o seu sono. Então a menos que ela pudesse ser capaz de prever o futuro com uma bola de cristal, ela não teria como saber desse caso. Os aparelhos estavam inativos e as câmeras....

— Bater em alguém? E dentro de campo?

Dentro de campo?

Ela estava se referindo à isso? Pensei que.... Caramba, menos mal então.

Me esforcei absurdamente para não deixar que ela visse a minha expressão faltando interesse nesse assunto, pois havia preenchido a minha cabeça a noite toda. Não só a minha mas como as dos outros dois também. Eu sabia que ela iria me fazer essa pergunta quando soubesse do que aconteceu, da mesma forma que também recebi as diversas mensagens de Aurora quando liguei o aparelho.

E o que eu diria? Na concepção delas eu devo ter passado dos limites, então não deviam estar esperando por um pedido de desculpas porque eu não me sentia nenhum pouco arrependido.

Delicate • Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora