Naiades parecem fadas, só que sem asas

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— Eu preciso que você não diga a ninguém sobre isso, por favor — fala Hoseok, subtamente se lembrando de algo até que bem importante.

Jungkook é essencialmente uma fada, mas poderia muito bem ser parente de cobras rasteiras, e o garoto com certeza desconsideraria a aposta caso soubesse que Seokjin, de alguma forma, ficou sabendo sobre todo o plano. Obviamente que depois de ser atiçado e desafiado daquele jeito mais cedo, agora Hoseok quer mais que tudo ter êxito em sua parte do trato, tornando o ogro a coisinha mais bonita e amada de todo o colégio, só para ter o prazer de esfregar sua vitória na cara de Jeon Jungkook.

— Dizer o quê? — pergunta Seokjin, confuso demais sobre o porquê Hoseok não quer que as pessoas saibam que ele vai lhe pagar comida quando vai dar para todos verem isso acontecendo.

— Sobre a aposta — esclarece o naiade, e Jin concorda com a cabeça, achando-se meio burro por não ter entendido de primeira. Ser um ogro dá nisso.

— Ah, tá — resmunga ele, não sabendo mais para onde prosseguir com o assunto entre os dois e só balançando a cabeça fracamente, no ritmo de uma música desconhecida.

Para falar a verdade, o Kim já está disperso de novo em seu mundinho, Jinlândia, considerando os motivos de Hoseok não querer que descubram. De qualquer forma, ele não vai precisar dizer uma palavra para que Namjoon descubra por si só — até mesmo porque não é todo dia que um cara extremamente popular e bonito, fora da bolha deles, decide lhes pagar lanches uma vez por dia.

Porém, sua linha de pensamento não dura muito nisso, logo focando-se em uma nova dúvida, ainda maior que a anterior, se possível. Seokjin nunca se interessou por atividades sociais, culturalmente falando, ele nunca foi incentivado a conviver com outras pessoas mais que o necessário, e não tem a menor ideia de como agir perto dos outros. Não se deve negar, no entanto, sua grande vontade e curiosidade de descobrir como funcionam todos os tipos de interações sociais das pessoas.

— Ei, Hoseok — chama Seokjin, interrompendo a fala anterior do mais novo ao mesmo tempo em que o assusta por ouvi-lo tão alto e tão perto.

— Sim?

— Como nós vamos fazer tudo isso funcionar? — pergunta o mais velho, sentindo-se um pouco exposto por revelar essa pequena coisa sobre si, muito embora já ache que Hoseok sabe um pouco sobre os comportamentos antisociais de ogros. — Não tenho a menor ideia de como ajudar, não sou muito bom com com as pessoas, não sei se consigo ganhar de rainha.

Seokjin então desvia o olhar, envergonha demais por expor sua ambição em tornar-se rainha, esperando algum tipo de reação negativa do Jung, deboche ou alguma reafirmação para sua masculinidade. Mas os segundos apenas passam, e Hoseok nada diz sobre sua afirmação, obrigando o ogro a olhá-lo novamente. Ao contrário de suas suposições, Hoseok não parece nada horrorizado, tudo que encontra em suas feições são os traços pensativos.

E, apesar de ser algo pequeno, e até aparentemente bobo, Seokjin se sente extremamente aliviado por isso. Porque, quando se trata da imagem de um ogro, muitos consideram-os másculos, fortes e imponentes, nunca colocando a classe como delicada. Nem mesmo as fêmeas, que são grandes e intimidantes demais para serem femininas.

— Não se preocupe com nada disso, ok? — tranquiliza Hoseok, sentindo uma imensa vontade de tocar as mãos esverdeadas de Seokjin por sobre o balcão, mas contendo-se imediatamente. Eles nem são amigos para isso. — Já tenho tudo mais ou menos planejado, então é só seguirmos o plano que tudo vai dar certo.

— Se você diz — concorda o mais velho, passando o pano molhado no tampo escuro entre os dois para, assim, se ocupar com algo e não precisar focar sua atenção no rapaz à sua frente. De certa forma, a presença calorosa de Hoseok lhe deixa até um pouco intimidado, mesmo que Seokjin não entenda o porquê.

ele é demais (2seok)Onde histórias criam vida. Descubra agora