Simone Tebet
- Ei? -Olhei para cima e vi Leila me encarando- Ela está bem?
Voltei meus olhos para a loira ainda dormindo em cima de mim e voltei a afagar seus cabelos.
- Sim.
- O que aconteceu com ela? -Eliziane chegou também perguntando.
Mordi o lábio. Soraya detestava falar sobre suas crises com outras pessoas, do senado apenas eu sabia sobre isso e nem foi por livre e espontânea vontade que ela me disse, foi em uma época sombria da faculdade.
Flashback on
Olhei para meu relógio de pulso e mais uma vez para a porta. 10 minutos atrasada. Ajeitei os óculos no rosto e voltei-me para a turma. Thronicke não era do tipo que se atrasava.
- Irei entregar a prova e se...
Batidas suaves na porta atrapalharam o meu discurso. Virei-me para ver a atrasada com os olhos avermelhados, as mãos tamborilando na pasta em sua mão, os olhos piscando lentamente e com a voz arrastada me pediu para entrar.
- Sua sorte é que eu ainda não tinha entregado a prova, Srta. Thronicke, senão você não a faria mais. -Falei firme.
Eu precisava ser firme com eles, pois nossas idades eram próximas, seria um passo para minha turma virar uma baderna, o que nunca aconteceu, pois sempre fui temida.
- Desculpa... -Pediu caminhando lentamente até onde se sentava.
Entreguei as provas e todos começaram a fazer, menos Soraya. Ela parecia em outro mundo, suas mãos sempre inquietas e o pé batendo fracamente no piso, mas que não incomodava. Olhei para seu rosto e os olhos piscavam lentamente... muito lentamente. A boca semiaberta. Algo estava errado. Fiquei atenta aos seus movimentos e a vi abrir os olhos e pegar uma caneta, mas não fez um risco só na prova.
Depois de 3 horas de prova, só restava ela na sala.
- Seu tempo está acabando, Soraya, e não estou vendo você fazer a prova. Está tão difícil assim? -Perguntei indo até ela.
- Não... -Respondeu com a voz arrastada.
Me aproximei dela e vi suas unhas fincadas nas pernas, sua cabeça estava baixa. Me ajoelhei em sua frente e percebi o que acontecia. Thronicke vestia uma saia, então consegui ver uma gota de sangue escorrendo por onde ela apertava, seus olhos fechados e a boca aberta, seu peito subia e descia rapidamente e o pé começou a bater mais forte no chão.
- Ei, você está se machucando. -Falei e segurei sua mão.
- N-não... é... res.. pi... res...
- Você não consegue respirar, já entendi. Calma! -Olhei ao redor já me desesperando, mas me forcei a me acalmar.
Fui até minha mesa e peguei a garrafinha de água gelada que estava ali em cima, voltei rapidamente até minha aluna.
Molhei minhas mãos e levei até sua nuca, vi-a se arrepiar com o contato e puxar o ar mais desesperadamente. Desci minhas mãos para seu rosto, seu corpo começou a tremer e ela apertou mais ainda as pernas.
- Soraya, preciso que abra os olhos, abra seus olhos, querida!
- Vo-vou... morrer!
- Não vai. Me olhe, olhe para mim, querida! Só... só abra os olhos, por favor! -Implorei aterrorizada.
Senti seu corpo tombando para o lado e a segurei. Sentei-me com ela no chão, apoiei seu rosto em meu peito e segurei em seu rosto.
- Abra os olhos, você irá desmaiar se não respirar corretamente.
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Minha protegida
RomanceSimone Tebet faz uma proposta para sua ex-aluna e agora colega de Senado, Soraya Thronicke. A loira recusa de imediato, mas a senadora morena é muito envolvente e a mulher acaba aceitando. O desafio da vez é a concorrência à presidência da República...