Graveto

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Simone Tebet

Estava concentrada em meus papéis que nem vi as horas passarem. Minha secretária deixou vários processos do senado para serem lidos e avaliados, tinha tanta coisa absurda que não sei nem por onde começar e acabei demorando em apenas um relatório mais do que deveria, pois aproveitei para corrigir a ortografia. Olhei meu relógio e já passava das 13 horas, se eu tivesse sorte Thronicke ainda não teria saído para almoçar e poderia me ajudar com alguns detalhes, eu também não seria má de prendê-la em seu gabinete.

Atravessei os corredores do plenário e fui cumprimentando alguns senhores até chegar em frente ao gabinete da minha colega.

- Oi, Suzana. A senadora Thronicke ainda está aí ou já foi almoçar?

Suzana me olhou confusa.

- A Sra. Thronicke não veio hoje, excelência.

- Como assim? -Perguntei espantada. Soraya nunca faltava- Ela avisou o porquê?

- Liguei para ela, mas ela não atendeu. Vi o seu Carlos César conversando com o presidente.

- Ele ainda está por aqui?

- Sim. Ainda estão na sala dele. Irei tentar ligar novamente para a senadora So...

- Não precisa Suzana. Eu faço isso por você, vá almoçar.

Me afastei da secretária da loira e puxei meu celular procurando rapidamente o nome de Thronicke na lista de contatos, não demorei a encontrar e logo ouvi o bipe da ligação, mas ela não atendeu e caiu direto na caixa postal. Tentei mais 5 vezes e nada.

Vi quando César saiu da sala do Rodrigo sorrindo e apertando sua mão. Fiquei em alerta e marchei até o homem.

- Carlos César! -Cumprimentei com um sorriso forçado.

- Oh, Senadora Tebet. Como você está? Cada dia mais linda! -Falou sorrindo, segurando minha mão e levando aqueles lábios asquerosos.

Eu simplesmente detestava a postura de Carlos César, mas o respeitava por causa de Soraya.

- Fui até o gabinete de Thronicke, mas ela não veio hoje.

- Não veio? -Perguntou surpreso.

- Pela sua reação, acredito que não saiba o motivo. -Falei debochada.

- Saí de casa muito cedo, ela ainda dormia. -César coçou a cabeça- Você já tentou ligar para ela?

- Apenas 5 vezes, mas terei de tentar uma sexta. -Murmurei entredentes para aquele homem.

Como ele passava tanto tempo sem procurar notícias da esposa.

- Espere, ligarei para ela. -Falou segurando em minha mão.

O homem pegou o celular e levou ao ouvido. Em vão. Soraya também não o atendeu.

- Ela não atende. Droga, Soraya! -Praguejou frustrado.

Desci meus olhos para sua mão que ainda segurava a minha e fazia um carinha no dorso, me desvinculei dele e fitei-o.

- E-eu estarei indo viajar para Porto Alegre agora mesmo, não dar tempo passar em casa, já estou atrasado para o voo. Se você tiver notícias dela você me avisa?

Olhei chocada para ele.

- Como é que é? -Perguntei chocada- Você não vai atrás de saber o que houve com sua esposa?

- Não tenho tempo, linda. -Ele serpenteou as mãos pelo bolso- Vocês são amigas, ela não vai se importar se você for lá em casa, toma a chave, pode ir atrás dela se quiser. Foi um prazer revê-la, Simone!

Minha protegidaOnde histórias criam vida. Descubra agora