Lagrimas secas

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PV ANNIE

Olho no meu celular e o relógio marca 2:35 da madrugada e nada de virem dar notícias da minha irmã. Ela tinha entrado em cirugia há umas 5 horas atrás. Nesse meio tempo a Ruby tinha chegado, eu já tinha me desesperado e chorado horrores, agora já estava mais calma. O choro secou e sinto meus olhos inchados. Me deram um remédio para me acalmar que só me fez sentir sono mas lutei para não dormir. O que seria de mim sem minha irmã mais velha? As lembranças de nós duas vinham na minha cabeça como tsunami.
Eu já tinha rezado tanto, mas tanto que Deus já deveria ter enjoado de mim, mas eu não podia perdê-la.

Flashback on

Eu tinha quebrado a louça da mamãe, e tive a brilhante ideia de me esconder nada mais nada menos que em cima de um pé de manga. Eu tinha subido tanto que não consegui descer e me desesperei chorando. A mamãe já estava meio doente e eu não entendia muito bem, mas isso mexia com o humor dela então ela sempre brigava com a gente mesmo a gente não tendo muita culpa e sendo acidente.

- Beth.

Digo quando vejo minha irmã se aproximar da árvore.

- Annie? Que diabos você está fazendo aí?

Ela disse brava colocando a mão na cintura.

- Desce já daí menina.

No auge dos seus 16 anos ela já falava como uma mãe falaria e olha que só era uns 7 anos mais velha que eu, se é que eu não errei a conta.

- Eu não consigo.

Grito de volta enquanto segurava no tronco á minha frente como se tudo estivesse desmoronando ao redor e aquilo fosse a única salvação.

- Como você sobre numa árvore e não consegue descer?

Ela pergunta rindo de mim o que me deixa muito irritada, mas agora eu precisava da ajuda dela.

- Não caçoe de mim.

Choramingo

- Eu estava com medo da mamãe brigar por causa da louça dela, então me escondi.

Ela balança a cabeça negando e coloca uma mão na testa.

- É só você descer da mesma forma que subiu.

Disse como se fosse simples, se fosse assim eu já teria descido. Reviro meus olhos.

- Não da Elizabeth.

Digo brava.

- Ta, tá bom.

Ela parece pensar em algo e eu rezo pra que seja uma solução. Eu prometo que nunca mais vou subir em uma árvore na minha vida.

- Tá vendo esse tronco perto do seu pé?

Ela disse apontando e eu olho para baixo com medo da altura que me encontrava eu começo a chorar novamente.

- Não chora Annie, você consegue, eu confio em você.

Ela diz me dando força a olhar novamente e ela me instrui a colocar o pé em cima daquele tronco e segurar na galha que eu estava sentada. Assim eu fui descendo e me aproximando ao chão. Até que por um passo em falso eu escorrego e Caio de cara no chão.

- ANNIE!

Beth grita assustada correndo até mim, eu choro como se não houvesse fim, minha cabeça estava doendo.

- Meu Deus. Precisamos ir ao médico.

Disse colocando a mão na minha testa, eu sinto algo molhado e percebo que minha testa sangra, eu choro mais ainda e minha irmã me abraça forte.

- Shii. Vai ficar tudo bem tá bom?

Ela passa a mão no meu cabelo e me ajuda a levantar, nesse dia fomos ao médico eu levei alguns pontos e ela me deu sorvete em troca de eu prometer que nunca mais subiria em uma árvore.

Flashback off

- Senhoras.

Um homem alto de jaleco veio até nós duas que estávamos sentadas uma do lado da outra nas poltronas confortáveis daquele hospital caro. Como iríamos pagar o hospital?

- Alguma notícia da Beth?

Ruby fala ao meu lado ficando de pé me fazendo parar de pensar em preocupações tolas e voltar meu pensamento a Elizabeth, repito o movimento da minha amiga ficando de pé também.

- A cirurgia foi muito complicada...

Fala dando uma pausa que me deixa impaciente.

- a senhora Elizabeth Boland fraturou duas costelas, uma delas acabou perfurando um dos seus órgãos, teve hemorragia interna difícil de estancar por isso tanta demora.

Fala como se não houvesse um fim e já sinto lágrimas descerem pelo meu rosto.

- Ela teve uma parada durante a cirurgia e reanimamos, precisou de algumas bolsas de sangue, e agora está em coma induzido.
Enfim, estou dizendo tudo isso porque ela pode não acordar do coma.

Meu choro desce mais forte e sinto minhas pernas fracas me forçando a sentar.

- Se acalme senhorita Marks, há chances dela acordar, só queremos prepará-las caso ela não acorde.

Sua mão pousa no meu ombro e tudo naquele momento parece um pesadelo. Eu só queria ouvir sua voz chata me reclamando porque eu dormi com algum desconhecido.

- Eu posso vê-la?

Pergunto baixo entre o choro.

- Claro, me acompanhem.

Disse fazendo sinal para nós duas e fomos atrás dele até o quarto onde Beth estava. Tinha paredes brancas, um leito onde Beth estava deitada, uma cômoda e umas máquinas que tinham alguns fios conectados em minha irmã. Meu coração aperta ao vê-la dessa forma. Tem um curativo em sua testa e ela parece estar relativamente mais limpa do que antes, sem tanto sangue, ela veste uma daquelas roupas estranhas de hospital e um sorriso nasce nos meus lábios com a imagem que se formou em minha cabeça, a imagem dela reclamando daquela roupa.
Me sento na cadeira ao seu lado segurando a sua mão com força e chorando silenciosamente.

- Annie pare de tanto chorar. Daqui a pouco você não terá mais olhos de tão inchados que estão.

Ruby disse me fazer sorrir de leve, enxugo meu rosto que rapidamente é molhado novamente, encosto minha cabeça na cama perto do braço de Beth olhando-a. Vendo a mulher que sempre me protegeu estar frágil e inerte em uma cama de hospital.
As vezes a vida nos prega peças difíceis de aceitar.

- Doutor,

Chamo levantando minha cabeça para olhá-lo, ele observava algo no monitor e fazia alguma anotação na prancheta.

- Sim?

- Você tem noção do que pôde ter causado o desmaio? Além da queda de pressão.

Pergunto e ele me olha sério.

- Bom...

The Bitch and BossOnde histórias criam vida. Descubra agora