Capítulo 21

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JOSHUA SMITH

Salto da caminhonete e corro na direção do estábulo o mais rápido que posso. Está frio e pensa em Kelly ali desprotegida faz meu sangue ferver. Praticamente arranco as portas de madeira antes de entrar, não visualizando Kelly em lugar algum, verifico baia por baia querendo algum sinal. Até que a encontrei entre as últimas, sentada em um pequeno monte de feno limpo, bricando com a barra de sua saia cor de rosa com pequenos morangos desenhados no tecido. Seus soluços ameaçando me quebrar em dois.

— Porra, bebê. — Entro na baia e me ajoelho diante dela louco para Kelly me olhar, mas sua cabeça continua baixa e o cabelo tapando minha visão de seu rosto. — Olha para mim.

Kelly balança a cabeça e negação e funga. Isso me dói para caralho. Não gosto de vê-la assim, muito menos nos estábulos. Tiro meu casaco e jogo por cima de seus ombros, a maneira como ela se agarrou ao tecido só me deixou mais puto. Kelly estava com frio e precisava se aquecer, ela saiu de nossa casa para se esconder aqui em uma noite fria e estando grávida!

— Puta merda. — Ouço Fleury soltar uma série de maldições quando vê Kelly.

Não sei ao certo como ele veio comigo. Em um minuto eu recebi a ligação e no seguinte estava correndo para o estacionamento com Fleury atrás de mim. Não precisava ser um gênio para entender o que havia acontecido, qualquer um mais próximo de mim e que conhece meu envolvimento com Libby Ann saberia e de todos os amigos Fleury é o que nutre mais antipatia por ela e qualquer coisa relacionada. Ele simplesmente perde sua postura equilibrada de sempre.

— Eu vou resolver isso, ok? — Fecho os botões do meu casaco ao seu redor. — Isso não vai ficar assim. Fleury, fique de olho nela e a leve para um lugar mais quente. Eu volto já.

Saio dos estábulos com um caminhar decidido até a casa, meu corpo tremendo de raiva e juro que me sinto tão quente que não noto o frio da noite. A primeira vista a casa parecia em ordem, as chaves de Kelly estão na mesinha perto da porta e sua bolsa está jogada no sofá como ela sempre deixa. É então que ouço um barulho vindo da cozinha e me apresso em ir até lá. 

Nunca pensei que encontrar Libby Ann com a cara enfiada na geladeira acenderia tanto ódio em mim. Ela está aqui no conforto de uma casa aquecida verificando a comida enquanto Kelly está no estábulo passando frio com nosso bebê na barriga. Minha raiva está crescendo de uma forma que não posso explicar.

— Que merda você está fazendo aqui?

Libby Ann olha para mim e sorri. Seus olhos tão brilhantes quanto eu me lembrava e seu sorrio encantador que faria qualquer homem implorar de joelhos por sua atenção. Nada disso faz efeito sobre mim, entretanto. A mulher que por muito tempo me teve como seu mascote bem treinado, hoje não me desperta a paixão louca que eu costumava sentir quando nos encontrávamos. Eu estou muito puto.

— Joshua, amorzinho, eu senti tanto a sua falta! — Ela dá um passo em minha direção e eu recuo. Não a quero perto de mim, quero que ela saia para que Kelly se sinta à vontade em voltar para dentro e se aquecer. — Tudo bem, eu entendo. As coisas sempre ficam meio estranhas no começo.

— Vá embora.

— Embora? Qual é, Joshua?! Vamos recomeçar o ciclo? Eu voltei para ficar amor. Estou decidida a fazer nosso relacionamento dar certo. Você sempre me manda embora quando eu volto e sempre me procura no dia seguinte. Podemos pular essa parte chata e ir direto para o que interessa.

— Vá embora. — Repito pausadamente para que ela entenda a mensagem. — Eu não quero você na minha casa. Não quero você na minha vida. Não quero pensar em você perto da minha mulher ou do meu filho, você entendeu? Vá embora!

— Por que está agindo assim comigo? Foi por causa da garota? Eu não sei o que ela te falou, mas garanto que tudo não passa de um mal entendido.

— Então não encontrei as coisas dela jogadas por aí? Você não a expulsou?

— Acha que eu faria isso com uma garota grávida?! Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Eu não aprovo sua escolha de garota. Ela é tão egocêntrica e grossa, o tempo todo falando do bebê como se fosse o maior troféu de sua vida. Eu lamento por toda essa situação, lamento muito, mas talvez o melhor seja recorrermos a praticidade e pouparmos a garota, não acha?

— Poupá-la sobre o que?

— Joshua. — Libby Ann dá uma risadinha. — É sempre a mesma história. Nós terminamos, você encontra outra garota, eu volto, você termina com ela da maneira mais rude e fria possível e seguimos com nossas vidas. A história nunca muda. Não é melhor termos piedade com uma garota grávida?

— Eu não abandonaria meu filho.

— Você não precisa! Nós podemos fazer um acordo com ela, dividir a guarda e organizar os horários. Um bebê fofinho para alegrar a casa é sempre bem-vindo. Eu vi os livros sobre paternidade, você está se preparando e nós nos sairemos bem.

Como um alerta do meu subconsciente todas as conversas que tive com Kelly sobre meu relacionamento passado rondam meus pensamentos. Me pergunto como fui tolo ao ponto de acreditar em tudo o que essa mulher fala e apenas a seguir como um cachorrinho de estimação quando ela batia os cílios. Um ciclo vicioso, Kelly disse e ela está certa.

As intenções de Libby Ann ficam claras como o dia para mim. Sua tática nunca muda. Ela sempre voltava e falava coisas horríveis sobre as mulheres com quem eu estava me relacionando e eu acreditava, nós nos conhecemos desde sempre e não havia motivo para não acreditar nela. Foi assim que seguimos reatando.

Mas dizer que Kelly é egocêntrica e grossa? Kelly cumprimenta cada pessoa que cruza com ela durante o dia, distribui sorrisos e gentilezas para todos e tem uma loja para noivas porque gosta de ajudar a realizar sonhos. Ela não exibe o bebê como um troféu, ela lida com a gravidez com leveza e alegria. Não é nada disso.

— Não há um "nós". Eu encontrei a mulher com quem quero ficar, a mulher com quem quero me casar de verdade e que um dia será a senhora Smith. Nós estamos felizes e estamos esperando um filho. Você não é bem-vinda aqui. Vá embora.

À medida que Libby foi processando minha fala seu rosto foi se transformando de felicidade fingida para choque e então para ódio. Sua expressão tornou-se fehcada e seus olhos escureceram, suas mãos tremiam e ela parecia pronta para voar no meu pescoço.

Apenas uma noite - Os Jogadores #2Onde histórias criam vida. Descubra agora