Capítulo 25

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JOSHUA SMITH

— Gente, eu vou me casar. — Mal anuncia quando nos reunimos para o almoço. Kane engasga com o sanduíche que estava comendo e Fleury bate em suas costas tentando algum efeito.

— Meus parabéns, cara. — Downing o felicita.

— Obrigado e não se preocupe, o plano para o seu pedido de casamento continua de pé. Queremos algo simples, nada muito elaborado.

— Parabéns, Mal. — É a minha vez de o congratular.

— Obrigado. Faremos uma noite de pizza hoje para comemorar. Kim quer todos vocês lá.

— Por que é sempre a Kim que nos convida e você apenas reparssa o recado? — Kane pergunta.

— Porque eu prefiro comemorar meu noivado a sós com a minha noiva e não com vocês na minha casa. Infelizmente não se pode ter tudo o que quer e Kim gosta de vocês por lá. Ela é feliz com a casa barulhenta.

— Então deveríamos ser amigos de Kim. — Fleury oferece um sorriso debochado antes de tomar seu chá gelado.

— Me espanta como vocês estão sendo escravizados pelas mulheres e oferecendo suas vidas à elas. Estão loucos? Não há buceta que valha tudo isso! — Kane olha pra Downing, Mal e eu como se estivéssemos loucos.

— Quando encontrar alguém especial entenderá o que estamos tentando garantir para nossas vidas. — Downing responde.

— Eu sou meu próprio alguém especial. — Kane rebate. — Não preciso de alguém me dizendo o que fazer. Sou livre.

— Você é um caso perdido. — Mal balança a cabeça e Downing sorri.

— Devemos levar alguma coisa? — Fleury pergunta. — Com o que se presenteia um casal de noivos que já moram juntos?

— Você vê? Começou com um simples interesse, então ele se tornou obcecado por ela, agora Kim é a dona da casa e dita quem os visita ou não. — Kane tenta argumentar, mas ninguém realmente o escuta. O telefone de Mal apitou e ele estava muito ocupado verificando suas mensagens para ouvir as besteiras de Kane. — Kim é uma boa pessoa e eu gosto dela, mas tanto poder concentrado em uma única pessoa não é inteligente.

— Por que você fica tão preocupado com isso, cara? — Fleury rebate e eu já sei que os dois começarão uma discussão. É por isso que escolho em terminar minha comida e fugir daqui o mais rápido que eu puder. — Se Mal é feliz com uma mulher mandando na vida dele é um problema dele. Por mais que você não acha inteligente, é a escolha dele. Você não acabou de falar que a Kim é uma boa pessoa? Então não tem problema de ela mandar no Mal.

— Ela não manda em mim. — Mal intervém sem retirar os olhos do telefone. — Vocês nunca ouviram falar de companheirismo.

— A-ha! Todo mundo sabe que essa é a maior mentira da história. — Kane se recosta em sua cadeira e cruza os braços. — É sempre a mulher quem manda em tudo.

— Nem sempre, cara. — Downing tenta argumentar, mesmo todos nós sabendo que é um caso perdido. — Às vezes a mulher precisa de apoio, outras vezes é o homem quem precisa de apoio. É assim que um relacionamento funciona, suporte mútuo, sabe?

— Se eu quiser motivação procuro um coach. Muito mais barato e menos dor de cabeça!

— Você não tem ideia de como é bom saber que tem alguém te esperando em casa. — Finalmente decido me manifestar. — Alguém que importa muito para você e que marca a sua vida de uma maneira que você não consegue explicar. Está além da racionalidade.

— Acho que os hormônios da gravidez da sua mulher estão te contagiando. — Kane arqueia uma sobrancelha em provocação. — Nunca te vi tão sentimental.

— Bem, vocês vão ter que lidar com isso também. — Mal bloqueia seu telefone e o deixa abandonado sobre a mesa. — Kim convidou as garotas Lovely para a noite de pizza e Soph também já confirmou presença.

Downing e eu acenamos em concordância enquanto a careta de Kane aumenta. Juro que ele parece um adolescente idiota às vezes. Fleury lhe dá uma pequena empurrada no braço tentando lembrá-lo de manter os modos.

— E as mulheres estão no comando outra vez. — Ele diz.

— Adorarei acompanhar você pegando a língua sobre as merdas que você fala. — Mal lhe dá um meio sorriso. — Será esplendoroso.

— Chega desse assunto. — O próprio Kane decide fugir da conversa. — Vamos terminar de comer antes de irmos para a academia.

— Ouvi o treinador pedir para a equipe técnica preparar os cones e as cordas. — Downing fala brincando com sua salada.

— Ele vai sugar nossas almas. — Fleury diz.

— É o preço que pagamos para chegar até o final. — Mal dá de ombros.

Sou grato por todos terem seguido a rotina sem citar o episódeo da noite passada. O que eu menos queria era chegar para o treino e ter que continuar no assunto "Libby Ann". Confesso que também tive medo de Fleury ter contato a todos sobre minha trava em enfrentá-la ontem, mas ele manteve segredo.

Nessas horas sou agradecido pela amizade que temos. Uma dinâmica em que uns ajudam aos outros sem muitos questionamentos ou investigações. Eles ajudam quando precisam ajudar e deixam que cada um cuide da própria vida, que tenha seu espaço. As noites de pizza surgiram como uma forma de estreitarmos nossa amizade e agora a usaremos para comemorar o noivado de um dos nossos.

É estranho pensar que nosso grupo está ingressando em novas etapas da vida aos poucos. No início éramos apenas Mal e eu, depois Fleury se juntou a nós, então Kane foi comprado e Downing veio pelo Draft. Agora um está noivo, o outro prestes pedir sua namorada em casamento e eu serei pai. Que loucura!

Ainda não me sinto pronto para falar abertamente com Kelly sobre ontem à noite. Mesmo tendo ela ao meu lado, abastecendo meu ego e "trabalhando na minha autoestima", eu não me sinto pronto. Não estou acostumado a abrir meu coração e expor meus sentimentos, mas eu sei que preciso trabalhar nisso. 

Apenas uma noite - Os Jogadores #2Onde histórias criam vida. Descubra agora