Capítulo 28

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JOSHUA SMITH

Estou nervoso. Para caralho.

Limpo minhas mãos suadas em meus jeans. Aperto o volante e estico meus dedos tentando me controlar. Passei os últimos dois dias planejando algo para fazer, algo especial para Kelly e precisei negociar um dia inteiro de folga com a equipe técnica, mas eu consegui. Ao menos eu acho que sim. Quando me perguntei o que Kelly gostaria jantares caros e joias extravagantes não estavam na lista. Kelly tem um estilo retrô e prefere a simplicidade memorável a ostentação indiscriminada.

Estaciono em frente a sua loja e posso vê-la com uma cliente. A mulher está de pé em uma elevação se encarando no espelho enquanto Kelly organiza o longo véu em seu cabelo. O sorriso no rosto das duas, cliente e atendente, é do tipo emocionado. Evie se aproxima e oferece um lenço para a noiva, que limpa o rosto com cuidado. Por um momento imagino Kelly vestida de noiva, ostentando esse mesmo sorriso no rosto, com a barriga proeminente pela gravidez.

A noiva acena em concordância e desce da elevação. Kelly retira o véu e a noiva rodopia um pouco com o vestido, admirando o rodado da saia nos espelhos ao redor. Delicadamente Evie retira o acessório da cabeça da cliente e o entrega para Kelly. Então Evie e a cliente desaparecem de vista e Kelly vai até a parede repleta de grinaldas, coroas e acessórios, confere algo e vai até o balcão.

É o momento perfeito para sair do carro e entrar na loja. O sino ressoa anunciando minha entrada, mas Kelly não se vira para conferir quem é, apenas continua anotando. Hoje ela está com uma camiseta branca e uma saia lápis rosa claro, seus cabelos loiros estão presos em um rabo de cavalo hoje, mas as típicas ondas ainda marcam presença. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver uma mulher andando pela casa com vários bobes no cabelo e agora é uma das minhas partes favoritas do dia. Encontrar Kelly na cozinha, pronta para o café da manhã com bobes roxos por toda a sua cabeça. No começo era engraçado e agora faz parte de seu charme.

— Bom dia! Em que posso ajudá... — Kelly finalmente se vira e me encontra parado ali. — Josh? O que faz aqui?

— Vim te buscar, minha senhora.

— Me buscar?! — Ela confere em seu relógio de pulso. — Bebê, você está muito adiantado. Ainda tenho três horas de expediente pela frente.

— Não hoje. — Ofereço a ela a rosa cor de rosa que mantive escondida em minhas costas. — Hoje temos uma programação diferente.

— De onde isso veio? — Pergunta com uma mistura de surpresa e alegria em seu rosto. Kelly pega a rosa e a cheira. — Muito obrigada.

— Bem, eu preparei uma tarde bem especial para nós e gostaria da sua colaboração.

— Mas a loja...

— Eu cuido disso! — Evie surge correndo de um corredor. Acho que ela aos provadores. — Não se preocupe, a loja estará intacta quando você voltar amanhã.

— E as clientes...

— Eu posso atender a todas também. — Evie mal consegue contar o sorriso satisfeito em seu rosto. — Vá aproveitar seu dia.

Atônita, Kelly deixa o véu que ainda estava em seu braço sobre o balcão e de alguma forma Evie já está com a bolsa de Kelly nas mãos e praticamente nos empurrando para fora da loja. Dou-lhe uma piscadela de agradecimento e ela abre um sorriso cúmplice. Eu gosto dessa garota.

Abro a porta para Kelly e a ajudo a entrar na caminhonete. Evie está nos observando pelas vidraças da loja com um sorriso enorme em seu rosto. Praticamente corro para contornar o carro e assumir o volante.

— Aonde vamos?

— Para casa. — Ligo o carro e o coloco de volta na estrada.

— Está me roubando do meu trabalho para alguma sessão prolongada de sexo?

— Por mais que adore estar com você dessa maneira, eu não estou te roubando do trabalho para isso.

— Então eu não faço ideia do que você está tramando. — Kelly sorri  e eu pego sua mão para depositar um beijo no dorso.

— Meu interesse por você vai muito além de sexo, senhorita Lovely.

Kelly não diz mais nada durante todo o trajeto até o rancho. São bons minutos de estrada e ela preferiu se concentrar na paisagem. Não que eu a culpe por isso. Kelly está estranha desde a visita de Libby Ann, o que só corroborou a conversa que tive com Evie.

Nunca tive a intenção de fazê-la se sentir insegura consigo mesma ou com o nosso relacionamento. Talvez a visita de Libby Ann a tenha lembrado de coo tudo aconteceu muito rápido entre nós e Kelly pode ter cogitado que da mesma maneira que começou muito depressa também acabaria. O que não é verdade.

Tudo aconteceu com muita velocidade? Sim! Eu nunca imaginei que conheceria uma garota e a engravidaria no primeiro encontro. Muito menos que ela roubaria meu coração e que em pouco tempo estaríamos morando juntos e em um relacionamento. Essas coisas não podem ser explicadas.

— Você parece nervoso. — Kelly comenta assim que passamos pela entrada no rancho.

— Eu estou bem. É impressão sua.

— Você também está resmungando um pouco. O que está acontecendo, Josh? Estou ficando preocupada.

— É pela surpresa. — Confesso ao parar o carro em frente a casa e me virar para olhá-la melhor. — Eu espero que você goste.

Desço do carro e corro para abrir a porta para Kelly e ajudá-la a descer. Ela faz menção de entrar em casa, como de praxe, mas entrelaço nossos dedos e a impeço de ir. Kelly parece um pouco tensa e apreensiva, não sei o que ela espera de hoje, mas noto como ela se esforça para parecer calma e me presentear com um sorriso tranquilizador. Não sei dizer se ela está mesmo nervosa ou sou eu projetando meu nervosismo nela.

Com Kelly segurando a rosa e eu carregando sua bolsa, guio o caminho ao redor da casa, na direção da enorme área verde nos fundos. Eu realmente espero que ela goste.

Apenas uma noite - Os Jogadores #2Onde histórias criam vida. Descubra agora