Capítulo 8

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KELLY LOVELY

— Se arrependeu de ter me levado? — Pergunto assim que entramos em sua casa. Josh está sério desde que saímos da casa de Malkin e Kim. Não que eu tenha visto algo ruim acontecer, muito pelo contrário, todos riram, conversaram e pareceram se divertir bastante.

Passei praticamente metade do tempo com os jogadores sentada no coloce de Josh, ele estava sempre abraçado a minha cintura, acariciando meu braço ou minha perna, cheirando meu cabelo ocasionalmente. Tudo pareceu correr bem, ele quem me colocou em seu colo, então por que o homem está sério dessa maneira? Ele não costuma ser assim.

— O que? — Acende as luzes, revelando sua expressão confusa e a beleza do ambiente. Acho que nunca poderei me acostumar com a perfeição desse lugar, eu poderia viver aqui para sempre. Infelizmente não posso admirar a casa agora, preciso agir como uma adulta.  — Por que perguntou isso?

— Eu amei conhecer seus amigos, eles são pessoas muito boas e é nítido que vocês se importam uns com os outros, mas você não parece feliz e eu não vi nada de errado no encontro. Só me resta supor que o problema foi minha ida até lá. Isso te incomodou?

— Não, Kelly. Não é nada disso.

— Então preciso que fale comigo, Josh. Estamos juntos, fomos rápidos em começar uma família e eu não quero deixar pequenas coisas passarem para que elas desgastem o nosso relacionamento a longo prazo. Se somos um casal nós somos um time e preciso que fale comigo quando algo estiver errado ou estiver te incomodando.

— Você foi incrível hoje, os caras realmente gostaram de você e fico feliz que vocês tenham se aproximado. Meu problema não é nada relacionado a você.

— Talvez eu possa ajudar, nem que seja oferecendo um abraço reconfortante ou um ombro de apoio.

Josh joga as chaves do carro em uma mesinha na entrada, colocando as mãos nos quadris e inspirando profundamente. Sei que estou pressionando, mas não posso ignorar os detalhes. Um relacionamento não acaba da noite para o dia, são pequenas coisas que vão se somando até virar uma situação insustentável. Me recuso a ficar acomodada, quero que nós funcionemos e demos certo, mas não posso fazer isso sozinha.

— Como conseguiu terminar amigavelmente com todos os seus ex-namorados e ainda ter as noivas deles comprando em sua loja?

No primeiro momento sua pergunta me soa como ciúmes e quase sinto vontade de rir, porém algo em sua expressão ou a tensão em seu corpo que me impede. Há algo mais por trás de sua pergunta.

— Eu estava apaixonada, mas não os amava. Há um abismo de diferença entre paixão e amor. Quando me imaginava no futuro, casada e com filhos, eu não conseguia vê-los como o marido e o pai que eu queria. Se deixar levar por sentimentos passageiros acaba nos colando em relacionamentos infrutíferos. Eu preferi ser sincera com eles e deixá-los procurar por alguém que realmente os amasse. No começo as noivas vieram para a loja com suspeita, achando que eu era algum tipo de ex decidida a estragar o casamento, mas sou uma romântica incurável e elas perceberam que tudo o que eu queria era lhes dar a experiência perfeita. O casamento se concentra no vestido da noiva e a experiência precisa ser o mais perfeita possível para a noiva. Ninguém quer se decepcionar na busca pelo vestido perfeito.

— Como consegue ser assim?

— Eu não sei. — Sou sincera, me aproximo alguns passos dele querendo analisar seus olhos. Suass profundezas castanhas parecem um pouco perturbadas, quase aflitas. — Talvez seja uma mistura maluca de personalidade e criação.

— Você é tão bem resolvida que eu... — Josh suspira e passa uma mão pelo cabelo, observando rapidamente o ambiente ao nosso redor antes de focar sua atenção em mim. — É complicado, mas preciso te contar uma coisa.

— Eu estou ouvindo. — Seguro sua mão na minha como força de demonstrar apoio. A diferença é um pouco engraçada, sua palma praticamente engole minha mão. — Estou aqui com você.

— Tive uma noiva. — Ele joga a informação de uma vez e sinto minha coluna enrijecer um pouco. Josh nota meu susto e me guia até o sofá, sentando ao meu lado sem soltar minha mão. — Nós nos conhecemos desde crianças, crescemos juntos e sempre tivemos um interesse um pelo outro, parecia óbvio que acabaríamos juntos. Somos de uma comunidade mais tradicional, eu sabia que casaria com ela no futuro, então aas propostas para jogar hóquei na faculdade começaram e nossas diferenças falaram mais alto.  Não foi um bom relacionamento, terminamos e reatamos desde sempre. Uma briga pior que a outra, um término mais conturbado que o outro.

— Ela já te procurou aqui em Montana?

— Algumas vezes e não me orgulho em dizer que reatamos em todas elas. Os caras acompanharam todo o drama de perto.

— Ela foi sua única namorada?

— Por um longo tempo sim, tentei me envolver com outras pessoas, mas então ela voltava e eu a seguia como um cachorrinho treinado. Eu realmente não me orgulho disso. Magoei muitas pessoas com toda essa confusão.

— O que aconteceu entre vocês?

— Na última vez que reatamos eu queria fazer a coisa certa, mudar nosso relacionamento, tentar melhorar de alguma forma. Eu a pedi em casamento e tudo ficou bem por um tempo. — Josh desvia os olhos de mim, encarando o tapete de um jeito envergonhado e quase poss jurar que ele parece encolher em si mesmo diante dos meus olhos. — Até que as brigas voltaram.

— Eu estou te ouvindo. — Aperto sua mão e uso a minha outra mão livre para acariciar sua coxa coberta pela calça jeans. 

— Ela era uma pessoa impulsiva e explosiva, costumava jogar as coisas em mim durante as brigas e da última vez a coisa ficou realmente feia. Coisas foram ditas, de ambas as partes, mas ver a loucura em seus olhos me fez agir no ímpeto e dizer que eu queria terminar, queria que ela fosse embora. Ela surtou, ficou atônita me encarando até assimiu uma raiva absurda e começou a quebrar as coisas gritando que eu me arrependeria, que ela chamaria a polícia e diria que eu a agredi. Ela estava transtornada.

— Por que não a denunciou?

— Quem acreditaria em mim, Kelly? Sou um cara grande, jogo um esporte violento, as pessoas estão constantemente me vendo socar outros caras durante os jogos. Quem acreditaria que eu não bati em uma mulher com metade do meu peso? Ela é a indefesa.

— O que você fez?

— O que poderia fazer? Peguei o carro e fui dormir na casa do Fleury. Quando voltei no dia seguinte ela havia ido embora e a polícia nunca veio aqui, então acho que ela não fez qualquer denúncia.

— Esse tipo de pessoa só descredibiliza a todos que realmente sofrem nas mãos de companheiros violentos. Ela não era a vítima, você era. Eu não concordo com nenhum tipo de vioência! Ser menor e mais frágil não dá a ela o direito de levantar a mão para você ou arremessar coisas. Um relacionamento não se contrói com hematomas e não se mantém com sangue.

— É ridículo que eu tenha sido chateageado por uma garota que nunca poderia me dominar fisicamente.

— Não somos feitos apenas de físico, Josh. Nossa saúde mental conta muito também e você teve toda uma história com ela, não é fácil se desvencilhar. É um processo longo e às vezes doloroso.

 — Como você pode ser tão boa?

— Eu não me vejo assim. Só gosto de fazer o que é certo. — Me levanto do sofá puxando-o pela mão. — Venha, cowboy. Vamos dormir e descansar. Amanhã é outro dia!

— Não está decepcionada comigo? — Interrompe nossa caminhada até o quarto, me obrigado a olhá-lo. Ele parece tão indefeso, tão assustado. Eu vestiria uma armadura, pegaria um escudo e uma esposa e protegeria esse homem de qualquer mal do mundo.

— Nosso bebê não poderia ter um pai melhor. Você não é motivo de decepção, Josh. É motivo de orgulho.

Apenas uma noite - Os Jogadores #2Onde histórias criam vida. Descubra agora