Capítulo 27

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JOSHUA SMITH

— Não querendo atrapalhar seu momento, mas você parece bem na merda.

Olho para Evie encostada causalmente no balcão ao meu lado bebendo uma cerveja. Ela tem um olhar conhecedor em seu rosto, como se soubesse de algo que eu não sei, o que me incomoda um pouco no momento.

— Eu estou bem.

— É sério? — Ela olha rapidamente na direção de Kelly e eu sigo seu olhar. Ela está linda com seu vestido azul com bolinhas brancas. O sorriso em seu rosto capta minha atenção sem qualquer dificuldade e me permito observá-la enquanto ela conversa animadamente com Soph. — Eu acho que algo entre vocês não parece certo.

— O que você quer dizer?

— Jantei com vocês uma única noite e foi o suficiente para constatar como estão apaixonados um pelo outros. Vocês ficavam trocando olhares apaixonados e se tocando em todas as oportunidades possíveis. Agora minha prima está do outro lado da casa, parecendo te ignorar de propósito e você está aqui, sozinho e se sentindo um merda, mas não tem coragem de ir até ela.

  — Como pode saber disso?

— Observação, familiaridade e conhecimento. É um tripé muito importante quando se precisar aprender sobre pessoas. Na fotografia te permite saber quando o cliente está mais confortável, que tipo de cenário mais o agrada e que tipo de clima o relaxa.

— Você é um pouco assustadora, Evie.

— Não é a primeira pessoa a me dizer isso. — Abre um meio sorriso para mim. — Então, qual o seu problema com a minha prima?

— Ela está estranha comigo.

— E você não está estranho com ela?

— Não. Eu acho que não.

— Já considerou a possibilidade mais óbvia?

— Kelly está cansada de mim e quer partir?

— Não! Meu Deus, não! Você é muito pessimista, sabia? — Evie balança a cabeça, como se eu fosse um caso perdido. — Kelly está com medo.

— Do que ela teria medo?

— De você voltar para sua ex maluca? De você não está pronto para ela e tudo o que vocês sentem? Kelly pode parecer um ser humano evoluído e ela é, mas ainda é um ser humano e tem suas inseguranças.

— Como? Ela é perfeita.

— Você a vê como perfeita. Kelly passou todo o período escolar ouvindo piadinhas sobre seu peso e seu corpo enquanto sonhava com o príncipe encantado. Isso pode cruel, sabia? Ela acha que tudo pode ser resolvido com conversa e paciência, mas acaba ignorando suas próprias limitações. Ela pode se sentir insegura sobre o que você fará agora que Libby Ann voltou para te lembrar sobre o passado.

— Kelly é perfeita. Ela é tudo o que eu sempre quis. Não há razão para se sentir insegura sobre Libby Ann. Ela é passado e está fora de nossas vidas.

— Mas você já disse isso a ela ou simplesmente espera que ela deduza tudo isso? Vou te contar um segredinho sobre as mulheres, Joshua Smith. Somos muito boas em melhorar a autoconfiança alheia, mas é sempre bom ter alguém para melhorar a nossa. Kelly quer garantir que você se sinta bem consigo mesmo, mas você está fazendo o mesmo por ela?

Evie toma um longo gole final em sua cerveja e sai andando como se nada houvesse acontecido, me deixando atormentado pelos meus próprios pensamentos. Olho novamente para Kelly e a pego me encarando, mas rapidamente desvia o olhar e ri de algo que Fleury lhe disse. Ela é uma mulher especial. Tão alegre e cativante. Qualquer um rastejaria por ela se Kelly pedisse. Ela é perfeita. Não entendo como pode haver qualquer comparação entre ela e Libby Ann.

A discussão da noite anterior se reprisa em minha mente. Libby Ann foi tão sínica que eu não ficaria surpreso se ela tivesse dito coisas muito desagradáveis para Kelly, além de tê-la expulsado. Estou decidido a não ter essa mulher em minha vida mais, por isso contatei o advogado hoje pela manhã e pedi que iniciasse o processo. Não gosto da ideia de Libby Ann voltar e atormantar Kelly ou nosso bebê no futuro. Quero que essa parte da minha vida fique definitivamente no passado.

Evie está certa. Como Kelly poderia advinhar tudo o que penso sobre ela? Não há como saber! Eu preciso contar tudo para ela. Enfrentar o péssimo hábito de reprimir meus sentimentos e abrir meu coração para ela. Kelly já faz isso antes, mesmo eu não merecendo. Eu posso fazer também.

Estava tão perdido dentro da minha cabeça que não percebi Kelly sair de seu lugar e vir em minha direção até que ela tocou em meu braço e eu recuei de susto. Sua expressão é de preocupação, ela estuda meu rosto atrás de alguma pista, mas não encontra as respostas que estava procurando. Sua frustração é clara para mim.

— Está tudo bem? — Eu pergunto.

— Aconteceu alguma coisa? Você estava distante.

— Não, nada. Eu está estava pensando.

— Tudo bem. Vim perguntar se está pronto para irmos para casa, estou cansada.

— Claro, podemos ir. — Coço minha nuca. — Evie vai voltar com a gente? Podemos deixá-la no apartamento antes de ir para o rancho.

— Ela me disse que aceitaria a carona. Você está bem mesmo?

— Estou. — Coloco minha mão por cima da sua e dou um leve aperto. — Você é muito importante para mim.

— Você também é muito importante para mim. — Kelly fica na ponta dos pés e me dá um beijo na bochecha.

— Nós estamos bem? — Sinto a necessidade de confirmar.

— Estamos. É apenas um momento difícil, nós podemos passar por isso.

Seguro sua nuca e me aproximo para um beijo. Não é um contato breve, também não há movimento de lábios, é apenas uma pressão contra seus lábios para que eu pudesse sentir seu gosto, sua calor e sua proximidade. Quando nos separamos, encosto minha testa na dela.

— Você é perfeita, sabia?

— Josh, o que está acontecendo? — Kelly tenta se afastar e dou-lhe um beijo casto antes de a deixar ir.

— Você é foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Apenas uma noite - Os Jogadores #2Onde histórias criam vida. Descubra agora