Capítulo 38

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Robert parou o carro na entrada de casa,e antes que ele pudesse abrir a porta para mim,saltei do carro e entrei em casa.Os móveis não estavam mais cobertos como Robert havia me dito,e o cheiro de limpeza habitava na sala.Subi as escadas indo direto para o meu quarto,eu precisava tomar um banho e pensar.

Andei até meu closet e peguei um roupão,em seguida entrei no banheiro e tomei um banho demorado,que se resumiu em milhares de pensamentos.

Saí do banheiro apenas de roupão e o cabelo amarrado num coque e me deitei na cama.Fiquei encarando o teto e milhões de pensamentos tomaram conta da minha cabeça,me fazendo chorar.

-Filha,posso entrar?-papai bateu na porta.

-Pode pai.-gritei limpando as lágrimas.

-Está chorando?-meu pai perguntou assim que entrou no quarto e fiquei quieta,porque eu sabia que se eu abrisse a boca,iria chorar mais ainda.-Agnes eu sei que você passou tempo suficiente para criar um laço com a família do Lorenzo,mas agora esquece aquele mundo,fingi que vocês nunca se virão e que eles nunca existiram.

"Como é que eu posso esquecer que ele existe se tem um pedaço dele sendo gerado dentro de mim?",pensei enquanto papai me encarava.

-Impossível.-falei.

-Você não voltar a vê-lo!-papai gritou.-Eu estou de volta e aqui é sua casa,você está me entendendo Agnes?Aquele suburbano não tem nada a ver com você,com o nosso mundo filha.

-Ele não tem nada a ver com o nosso mundo,mas serviu pra me proteger.Ele poderia ter morrido,você sabia?-gritei me levantando da cama.

-Sabia,e não ia fazer diferença alguma.-papai me respondeu friamente.

-Monstro!-gritei e joguei meu pequeno vasinho de flor artificial que fica em cima do meu criado-mudo contra meu pai acertando a parede.

-Eu sou seu pai e você me deve respeito Agnes!-papai gritou.-Vou mandar a Elaine vir aqui para arrumar essa bagunça.

Papai saiu do meu quarto batendo a porta.Me sentei na cama e chorei baixinho.

"Parece que a cada dia minha vida fica mais virada de cabeça para baixo",pensei enquanto chorava.

-Agnes posso entrar?-Elaine bateu na porta.

-Entre.-gritei e limpei as lágrimas.

-Seu pai me disse que está nervosa.-Elaine falou enquanto varria o chão.

-Eu não estou nervosa,só fiquei com raiva pelo o que ele me disse.-dei de ombros e me levantei indo em direção a sacada,porém sinto minha cabeça girar e me apoio na parede.

-Agnes!-Elaine gritou e correu em minha direção me segurando pelo braço e me conduzindo até minha cama.-Acho melhor chamar um médico.

-Não!-gritei.-Quer dizer,não precisa Elaine,eu já estou melhor.-disse tentando me recuperar.

-Mais você está pálida.-Elaine disse colocando uma das mãos em minha testa.

-Elaine por favor.-supliquei.

-Minha menina o que está acontecendo?-Elaine perguntou preocupada.

-Promete guardar segredo?-perguntei a Elaine e me afastei um pouco para o canto para ela pudesse se sentar na cama.

-Você está me deixando nervosa Agnes,mas sim eu prometo.Não contarei nada a ninguém.-Elaine segurou minha mão.

-Lembra daquele rapaz que veio me buscar quando papai teve que viajar às presas,o Lorenzo,o 'dono do morro'?-Elaine assentiu.-Nos apaixonamos sem querer,e acabamos que fazendo um filhinho.-passei as mãos em minha barriga e Elaine tapou a boca.

-Agnes,minha menina o que você vai fazer agora?Seu pai vai ficar uma fera.-Elaine agora estava com uma das mãos no coração.-Esse tal de Lorenzo,vai assumir essa criança?

-É claro!Você tinha que ver a felicidade dele quando soube que eu estou esperando o 'herdeiro do morro'.-sorri ao falar e tenho certeza que meus olhos brilharam ao pensar em Lorenzo.E ao falar nele,como será que está meu vagabundo?

-Algum problema?-Elaine disse me tirando da transe.

-Não,é que eu voltei pra casa e o deixei pensando que o veria de novo,mas papai não quer.-falei cabisbaixa.-E eu o amo.


A dama e o vagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora