Nos soltamos do abraço coletivo e o celular da Rafa começou a tocar em seu bolso.
-Oi amor.-Rafa atendeu e saiu em direção a escada,de certo estava indo para o quarto.
Olhei para o Lorenzo e o mesmo sorriu safado para mim,arqueei uma das sobrancelhas o encarando.
-Eu tava pensando,e que tal jantarmos em algum restaurante,só nós dois hoje?-um sorriso brotou dos meus lábios.
-Eu ia adorar.-sorri jogando a cabeça para trás e Lorenzo beijou meu pescoço.O abracei e escutei passos vindo da escada.
-E aí família,bora almoçar?-Rafa parou no penúltimo degrau.
-É,eu já estou com fome.-alisei minha barriga.
-Bora lá então.-Lorenzo segurou minha mão,e seguimos para a porta de saída.
Saímos de casa e entramos no carro.O bar da dona Van agora,é longe.Lorenzo arrancou com o carro e em minutos já estávamos adentrando no bar.
-E aí mano.-Mu cumprimentou Lorenzo com um toque de mão.Em seguida beijou minha bochecha e fez o mesmo com a Rafa.
-Cadê a Mari?-Rafa olhou ao redor.
-Na escola,né?Minha mina é firmeza.-Mu deu um tapa de leve na testa da Rafa.
-Firmeza?-Rafa gargalhou.-To vendo que ela não te contou os podres dela.
-E quem disse que eu vivo de passado fia.-Mu fez alguns gestos com as mãos enquanto falava.
-Tu é mó otário em Murilo.-Rafa revirou os olhos.
-Chega com essa porra!-Lorenzo gritou fazendo Mu fechar a boca antes de pronunciar algo.-Cadê tua mãe?Viemos almoçar.
-Tá lá na cozinha.-Mu atravessou o outro do lado do balcão.-Vão se sentando aí.
Nos sentamos em uma mesa em silêncio,e dez minutos depois,dona Van e Mu nos trouxeram os almoços.
-Obrigada dona Van.-falei assim que a mãe do Mu colocou o prato na minha frente em cima da mesa.
-De nada querida.-ela sorriu
-Valeu tia.-Rafa falou e deu um gole em sua coca-cola.
-É nois.-dona Van quase que gritou e começamos a rir do seu modo de falar.Entre o som das nossas risadas,escutamos um estrondo e nos encaramos.
-Tão invadindo o morro!-uma pessoa gritou após falar no celular,e ao olhar para rua,as pessoas subiam e outras desciam o morro num desespero de se esconder.
-Porra Lori e agora?-Mu disse desesperado.
-Agora a gente faz o que sempre fez caralho!Vamos defender o que é nosso.-Lorenzo se levantou e correu para fora com o Mu.Segundos depois ele voltou,correndo em minha direção.-Vem Agnes,levanta,vou te levar para casa.Rafa vem junto!
-Não é melhor eu ficar aqui?-gritei ao perguntar,enquanto Lorenzo me puxava para fora e Rafa nos seguia.
-Aqui não tem cofre!-Lorenzo gritou,enquanto apertava o botão de alarme do carro.
Entramos no carro,e Lorenzo acelerou subindo morro acima.Enquanto corria,meu vagabundo desviava das pessoas assustadas tentando se salvar de alguma bala perdida em meio aquela guerra.
Lorenzo parou com o carro em frente a nossa nova casa,e nos mandou descer e nos esconder no tal cofre.
-Lori onde fica esse cofre?-Rafa gritou enquanto fechava a porta de trás de carro.
-Droga!-Lorenzo bateu no volante do carro fazendo a buzina apitar.Ele desceu do carro e nos puxou para dentro da casa.Correu até a lateral da escada e bateu na parede fazendo-se ali abrir uma pequena porta.-Entra!
Rafa foi a primeira a entrar e Lorenzo me empurrou para dentro.Segurei seu braço o impedindo de fechar a pequena porta.
-Entra.-falei com os olhos marejados.
-Não posso minha dama.-Lorenzo segurou minha mão,e foi tirando-a lentamente do seu braço.Em um movimento rápido ele fechou a pequena porta.
-Lorenzo!-gritei com todas as minhas forças,e caí sentada no chão chorando.Rafa correu ao meu encontro e me abraçou.Senti meu coração sendo esmagado,e isso doía.
"Eu devia te-lo segurado com mais força",pensei enquanto chorava igual a uma criança nos braços da minha cunhada.
-Agnes,não precisa ficar assim,vai ficar tudo bem.-Rafa tentava me confortar,mas não sei,estava difícil suportar imaginar o meu Lorenzo em meio a essa guerra lá fora,na comunidade.
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Não sei por quanto ficamos dentro daquela espécie de cofre,só sei que foi tempo suficiente para me acalmar,parar de chorar e ficar no tédio ali dentro.
Quando escutamos alguns barulhos na portinha,nos escolhemos e a encaramos.
-Estão bem?-Mu nos encarou após abrir a pequena porta.
-Claro.-me levantei e andei em sua direção.-Cadê o Lorenzo?-perguntei e Mu me encarou,sua expressão foi mudando a cada segundo me encarando.
-Fala alguma coisa Murilo!-Rafa gritou desesperada do meu lado.
-Por favor Mu,diz que não aconteceu nada com meu vagabundo.-falei em meio as lágrimas,enquanto Mu só nos encarava,talvez procurando palavras.
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A dama e o vagabundo
Teen FictionFilha de um juiz muito prestigiado por sua justiça leal,Agnes Mendonça tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu pai precisa imediatamente pedir abrigo a outro país ao condenar o maior traficante da Rocinha,subúrbio do Rio.Com medo de ser...