-Agnes,eu vou pra casa,tá bom?-Rafa se levantou da poltrona ajeitando sua roupa.
-Tá,vai lá.-falei sorrindo para ela.
-Tchau.-Rafa saiu do quarto.E agora é só eu,meu vagabundo e nosso bebêzinho.
-Lori,tenho uma coisa pra te contar,mas não fica bravo tá?-falei olhando para o Lorenzo dormindo.-Eu sei que você não gosta do Magrin,mas foi ele que me levou na minha primeira consulta do pré-natal hoje.Eu sei que você vai ficar irritado,mas ele conseguiu me distrair,e eu precisava disso.Tenta me entender vagabundo!?-passei a mão em seu cabelo.-Amor,quando você acordar?
-Licença.-alguém bateu na porta,e eu me virei para ver quem era.
-Oi.-sorri forçado para o médico.
-É bom que você esteja conversando com ele.-o médico verificou os batimentos cardíacos do meu vagabundo,e anotou em uma prancheta.
-Gosto de conversar com ele.-falei olhando para o meu vagabundo.
-Parece ser um bom rapaz,dormindo.-o médico também olhava para o meu vagabundo.
-Ele é um bom rapaz!-encarei o médico,dando ênfase no é.
-Eu conheço a história dele menina.-o médico se voltou a mim.-E sei muito bem de onde ele vem.
-Você veio até aqui,para julga-lo?-perguntei irritada.-Porque se for,você pode voltar para o seu consultório!-apontei para a porta.
-Calma.-o médio abaixou meu braço apontado para a porta.-Desde o momento em que ele chegou aqui,eu só estou ajudando ele,colabora comigo.
-Como assim?-perguntei confusa.
-Quando ele acordar,essa notícia não pode sair daqui de dentro do hospital,entendeu?Ou melhor,desse quarto.-o médico estava sério.
-E nossos amigos?Nem para eles eu vou poder contar?-eu estava confusa,não estava entendendo nada dessa conversa.
-Só conte aos mais próximos.-assenti com a cabeça.-Da minha boca não sai nada,e espero que da sua também não,muito menos sobre essa conversa que tivemos agora.-o médico me encarava sério enquanto falava.
-Não direi nada,a ninguém.-falei e voltei a segurar a mão do meu vagabundo.
-Qualquer coisa já sabe,né?-o médico apontou para o botão perto da cama e eu assenti forçando um sorriso.
Me deitei ao lado Lorenzo,e fiquei fazendo carinho em seu rosto.
-Vagabundo,você entendeu o que aquele médico quis dizer?-encarei meu Lorenzo.-Porque eu não entendi.Queria tanto que você acordasse logo,mas agora estou com medo.-suspirei.-Se você estivesse acordado,tenho certeza que entenderia,você é tão inteligente.-deitei em seu peito e dormi em seguida.
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Acordei no outro dia com alguém me cutucando.Olhei assustada e me deparei com o Mu.
-Bom dia.-cocei os olhos e em seguida me levantei desajeitamente.
-Bom dia!-Mu me respondeu.-E aí,nada ainda?-Mu olhou para o Lorenzo dormindo.
-Nada.-respondi abatida.
-Vai lá tomar café.Tem uma lanchonete aqui do lado do hospital.-Mu me abraçou de lado.
-E cadê a Rafa?-perguntei.Pensei que minha cunhada voltaria hoje de novo.
-Levei ela pra escola com a Mari e vim pra cá.-Mu me respondi.
-Ah sim,que bom que ela foi para a escola.-sorri forçado.-Vou lá tomar um café rapidinho então,tá?
-Se preocupa não.-Mu me acompanhou até a porta do quarto.Acenei para ele e saí pelo corredor em direção a saída do hospital.
Saí do hospital,e entrei na lanchonete na qual Mu,havia me falado.Me sentei em uma das mesas,e não pude conter as lembranças de quando íamos almoçar,ou jantar no bar da dona Van,sempre tinha aquela algazarra.
-Já fez o pedido?-um garçom me fez sair da transe.
-Ah,não!-peguei o cardápio em cima da mesa e verifiquei o que tinha.-Me traz um café com leite,e um pão de queijo.
-Ok.-o garçom anotou e saiu em direção balcão.Depois de mais ou menos dez minutos,ele trouxe o meu pedido.
Tomei o meu café da manhã depressa.Eu quero estar ao lado do Lorenzo quando ele acordar mais que nunca,ainda mais depois do que aquele médico me falou naquela conversa estranha.
Paguei a conta e saí em rumo ao hospital.Fui direto para o quarto do Lorenzo,e ao entrar uma enfermeira aplicava um medicamento em sua veia.
-Aconteceu alguma coisa?-perguntei preocupada.
-Não.É o mesmo medicamente que apliquei nele ontem,fique tranquila.-a enfermeira me falou.
-Ah sim.-falei me sentindo mais tranquila.
A enfermeira saiu do quarto,e Mu se sentou na poltrona e eu me sentei na cama,ao lado do meu vagabundo dormindo.
-Como está as coisas na comunidade?-perguntei ao Mu.
-Tão de boa.Nenhuma invasão até agora.-Mu falou olhando para a janela.
-Fiquei com medo de ter uma invasão agora,já que o Lorenzo não está lá.-falei encarando o Mu.
-Eu continuo com um pouco de medo,não vou mentir pra tu não velho.-Mu me encarou.-Eu to lá no comando,mas o posto do Lori tá vago.
-Ele vai acordar logo,e essa preocupação não vai ter mais.-falei e meu coração acelerou.-Você vai ver.
-É,ele vai acordar logo.-Mu repetiu minhas palavras,e senti que ele estava abatido.Saltei da cama e caminhei até o Mu.Ele se levantou e nos abraçamos.-Eu to tentando ser forte Agnes,mas tá foda.Lorenzo é meu irmão,não somos da mesma mãe,nem do mesmo pai,mas fomos criados juntos.
-Eu sei Mu.Está sendo muito difícil,às vezes eu penso que minha esperança vai acabar e que eu tenho que cair na real que ele não vai acordar,mas eu lembro dele,do jeitinho dele,de como ele é especial,de como ele é forte e isso é o que mantém firme aqui do lado dele,esperando por ele.E eu sei que ele vai voltar pra mim,ele vai voltar pra gente Mu.-falei em meio as lágrimas e tenho certeza que encharquei a camisa do Mu.
-Ele te ama muito.-Mu me soltou e me encarou segurando meu rosto com as duas mãos.
-Eu também amo muito ele.-falei e as lágrimas escorreram ainda mais.
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A dama e o vagabundo
Teen FictionFilha de um juiz muito prestigiado por sua justiça leal,Agnes Mendonça tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu pai precisa imediatamente pedir abrigo a outro país ao condenar o maior traficante da Rocinha,subúrbio do Rio.Com medo de ser...