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Seis
17 de Agosto de 2017
Toji Fushiguro
Fechei a porta de casa bem devagar para não acordar as crianças que dormiam no andar de cima. Ume havia acabado de ir embora dizendo que iria até a casa de sua melhor amiga para ajudá-la a começar a organizar as coisas de sua mudança que ocorreria no próximo fim de semana. A garota tinha vindo me ajudar com meu curativo, mais uma vez naquela semana que parecia sem fim.
Me sentia um imbecil tendo que ficar pedindo ajuda com aquilo, atrapalhando o tempo que ela poderia gastar com outras coisas ou pessoas. Mas aquilo era a consequência que eu carregava por ter me afastado de praticamente tudo. Era o peso de não ter ninguém para ajudar a carregar os problemas que começavam a se acumular novamente, como vários escombros de um prédio, com muitos e muitos quilos de concreto despencando em minha cabeça.
"– Então você não quer que eu diga que me importo com você?"
Me joguei no sofá esquecendo totalmente do corte em minhas costas. A frase dita por Ume rodopiando mais uma vez em minha cabeça, a ardência do machucado se espalhando pelo meu corpo, me lembrando que eu estava vivo, me lembrando que a dor continuava ali e não iria embora, porque talvez eu a merecesse.
"– Bom, o problema é todo seu, porque eu me importo!"
Por que ela se importava?
O que ela ganhava se importando?
Nada.
Ela não ganhava nada, mas continuava ali.
Continuava ali me escutando, continuava sendo gentil e conforme continuava ali, mais e mais entrava em um furacão de problemas que não faziam parte de sua natureza calma e alegre. Porque os Zenin's eram assim, arrastavam todos a sua volta para um maldito furacão, onde só seus problemas importavam, destruiam tudo que tocavam e continuavam se achando os donos do mundo. E eu podia ter mudado de sobrenome, mas continuava sendo um maldito como eles, no fim tudo a minha volta ruia e eu nunca estava lá para ver o mundo se partir.
Havia brigado com meu pai há dois dias atrás e podia ter saído sem nenhum arranhão, porque agora eu não era mais uma criança, podia o partir em dois e sair ileso. Mas eu não quis sair ileso, queria sentir a dor nostálgica da infância, me lembrar de quem eu era de verdade.
"– Nem pense em se meter em problemas por minha causa."
Ri sozinho lembrando daquela frase dita por Ume. Ela iria acabar se metendo em problemas por minha causa, não o oposto. A garota de sorriso gentil e que se preocupava com coisas que nem a afetavam, seria a próxima vítima da família Zenin, tudo isso porque eu era orgulhoso demais para deixarem que colocassem uma coleira matrimonial do agrado dos meus pais em mim.
Tinha contado a minha história com Mahina para garota, mas tinha omitido um fato, porque era covarde demais para admitir aquilo para ela.
"– Toji, não foi sua culpa."
Foi.
Tinha sido.
Meu pai tinha aparecido no apartamento que Mahina e eu tínhamos alugado duas semanas depois de nos casarmos. Ela estava no curso de culinária naquela hora da manhã e eu não contei para ela o que ele me disse.
"– Você se casou, fez seu maldito capricho! Espero que esteja feliz agora, porque se acha que vai me desafiar e vai ter paz, está enganado! Você vai chegar ao inferno mais rápido do que chegou ao céu, seu pirralho de merda!"

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FanfictionApós um encontro inesperado em um dia chuvoso, a vida da jovem Ume Inori tomaria um rumo totalmente diferente do planejado por ela. Os pequenos Megumi e Tsumiki, filhos de seu vizinho Toji Fushiguro, um fuzileiro naval da marinha americana, entraram...