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Doze

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Doze

25 de Setembro de 2017

Ume Inori

– Você fez o que?! – A voz de Shoko soou estridente do outro lado do alto falante do celular.

Uma fina garoa começava a cair sob o campus que rodeava a faculdade, mas o céu com nuvens carregadas indicava que uma provável tempestade estava prestes a despencar a qualquer momento. Para a minha infelicidade, havia esquecido de pegar meu guarda-chuva na correria para sair de casa naquela manhã, tudo para evitar a possível carona que Toji tinha me oferecido por mensagem na noite anterior.

Mensagem que eu fiz questão de não visualizar ou responder. Ainda estava um pouco envergonhada pela proposta que fiz a ele há dois dias, então decidi acordar mais cedo e ir andando até a faculdade, o que se mostrou uma péssima ideia no meio do caminho. Aliás, meus pés ainda estavam doloridos por conta da caminhada.

– Ume, você está me ouvindo?! – Shoko falou ainda mais alto chamando minha atenção para ela. Suspirei audivelmente e me recostei contra uma árvore sentindo as pequenas gotas de água começarem a encharcar meu cabelo.

– Estou – Respondi tentando decidir se deveria voltar a pé para casa ou pedir um Uber, já que a ideia de me molhar inteira não era de meu agrado.

– Não parece! – Bradou irritada – Como assim você pediu seu vizinho em casamento só para virar babá dos filhos dele?!

– Não foi isso que eu te falei – Resmunguei tirando uma mecha de cabelo que começava a se colar em meu rosto.

Tinha decidido contar toda história para Shoko no momento que fui embora da casa de Toji, mas só consegui conversar com a morena nesta segunda-feira. Então, assim que meu celular vibrou no bolso da minha jeans na última aula do dia, eu não hesitei em sair como um raio da sala, porque eu definitivamente precisava comentar com alguém os acontecimentos de sábado com alguém.

– Resumidamente, foi isso que eu entendi – Era perceptível pelo seu tom de voz que ela queria voar no meu pescoço – Você enlouqueceu? Seus pais vão te matar... eu vou te matar!

– Não vou deixar aquele velho desgraçado com a guarda de Megumi e Tsumiki, Shoko. – Falei séria demais para os padrões de conversa que Ieiri e eu tínhamos. – E pensei em contar para os meus pais só depois que Toji fosse para a missão.

– Você realmente enlouqueceu! – Sua voz estava irritada – Vai se casar em segredo, sem seus pais saberem, só para virar guardiã legal dos filhos dele?

– É... basicamente isso – Falando desse jeito realmente parecia uma ideia bizarra – Mas de qualquer forma Toji disse que iria pensar sobre isso ainda. Não sei se ele vai aceitar essa ideia...

– Maluca – Me interrompeu completando minha frase.

– É... uma ideia um pouco maluca.

– Muito maluca, Ume! – Falou em tom de correção.

– Será que dá para parar com isso? – Retruquei irritada.

– Não – Revirei os olhos – Estou tentando colocar juízo na sua cabeça. Eu sei que eu falei para você investir no bonitão, mas eu acho que para tudo existe um limite, né amiga!

– Não se trata em investir ou não nele e você sabe muito bem disso – Me desencostei da árvore. A chuva parecia começar a aumentar, o que significava que era uma péssima ideia ficar com o celular no ouvido, ainda mais embaixo de uma árvore. – Acho que vou ter que desligar, está chovendo aqui.