Dois

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Dois

16 de Junho de 2017

Ume Inori

Vesti meu jeans cheio de rasgos e uma camiseta branca, grande e velha que tinha no armário, ela era toda manchada de tinta por conta do motivo pelo qual a usava, no caso, pintura. Amarrei o cabelo de qualquer jeito e desci até a garagem para pegar uma das telas brancas que meu pai havia me dado no meu aniversário alguns meses atrás.

Fazia algumas semanas que não me dedicava à pintura ou a qualquer outra coisa relacionada a isso. A escola e toda a tensão por conta da escolha das universidades quase tinham me deixado maluca e ocuparam boa parte do meu tempo, mas agora, sem nada para fazer além de passar o dia em casa, recusar os convites de Shoko para as festas dos nossos antigos colegas de sala e esperar os e-mails das universidades, eu tinha tempo de sobra para pintar novamente.

Cerca de uma semana tinha se passado desde que Toji deixou Tsumiki e Megumi aqui em casa para ir ao mercado, após a insistência da minha mãe e minha. As crianças se comportaram muito bem e dei bastante risada com as pequenas pérolas que Tsumiki soltou em meio ao filme que assistimos. Megumi dormiu um pouco antes de o filme terminar, definitivamente ele era a criança mais calma que eu já tinha conhecido.

Toji deve ter me mandando umas quinze mensagens, para verificar se os filhos estavam bem ou dando algum tipo de trabalho, no intervalo de duas horas que ele tinha ficado fora. Tive a paciência de responder todas as mensagens, tentando me colocar no seu lugar de pai, mas não pude deixar de achar um pouco engraçado e fofo ver aquele cara do tamanho de uma geladeira e com cara séria se preocupar de maneira tão explícita com os filhos, as pessoas o que o olhassem de fora nunca pensariam que ele era desse tipo.

Quando ele buscou as crianças, Tsumiki o fez prometer que deixaria que ela viesse ver as continuações do filme do menino de óculos e varinha um outro dia. Ele concordou, mas antes que levasse as crianças de volta para casa me lançou uma careta um tanto engraçada e murmurou, para que a filha mais velha não ouvisse, "Não acredito que colocou Harry Potter para os meus filhos assistirem" e eu respondi inocentemente, "Eles não quiseram assistir nenhum desenho". Não era mentira, mas isso não significava que não tivesse ficado feliz em assistir a Harry Potter e a Pedra Filosofal pela milésima vez.

O sorriso brotou em meu rosto enquanto espalhava tinta azul na tela posicionada no cavalete ao lado do jeep vermelho do meu pai. A sensação do pincel em contato com o material poroso da tela me trazia calma e tranquilidade. Amava pintar desde os oito anos, quando ganhei meu primeiro kit de pintura de uma das minhas tias e pintei a parede da sala com pequenas florzinhas. Minha mãe não gostou nenhum pouco da ideia e eu acabei de castigo, sem poder usar a tinta, até ela comprar uma tela apropriada.

Mesmo meu talento se limitando a pintura em telas, já que não era muito boa desenhando com lápis e canetinhas, eu amava desenhar e adorava a matéria de artes na escola, então foi questão de tempo até meus cadernos começarem a ficar repletos de pequenos desenhos ao decorrer dos anos. Tudo isso culminou na escolha de cursar artes e design na universidade, com propósito de me tornar professora dessa disciplina no futuro.

Senti o celular vibrar em meu bolso traseiro, larguei o pincel e limpei as mãos em um retalho de tecido velho que tinha pegado justamente para isso. Peguei o celular acendendo a tela observando a notificação do aplicativo de mensagem se destacar no papel de parede de gatinho. Era Toji, me mandando vários emojis de carinhas sorridentes. Franzi o cenho totalmente confusa com aquela interação e respondi um "oi, tudo bem?" meio incerta.

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