- Eu ainda lembro de estar andando no corredor da faculdade até esse menino esbarrar na minha tela e estregar todo o meu trabalho. Eu acho que nunca fiquei tão bravo na minha vida, eu juro que quis explodir a cabeça dele na parede, mas fiquei feliz de ver que ele tava todo sujo de tinta, pelo menos não tinha se safado... Independente, era a porra de um trabalho que eu tinha perdido dias e dias pra fazer e ele estragou em dois minutos rindo feito um bobo no chão. Eu era idiota, mas nem tanto; disse que só ia perdoar o tal "Leonardo" se ele me pagasse comida e me fizesse companhia todos os dias até eu terminar o trabalho de novo. Só não imaginava que a lábia de brasileiro era tão boa, olha só onde estou depois de quatro anos. - O jovem inglês balbuciava segurando uma taça de vinho; todos no ambiente conheciam aquela história de trás pra frente, escutavam a cada ano que passava, poderiam dizer que Daves era extremamente nostálgico.
- Minha lábia nem era tão boa assim, precisei te dar a camisa do Sonny com autógrafo, e vídeo dele me entregando pra você aceitar que gostava de mim. - Léo disse tirando a taça da mão do outro, ajustando seu corpo na cadeira. - Vocês tinham que ver, ele fazia eu pagar o jantar mais caro sempre, e ainda dizia que só não fazia eu terminar a tela porque meus dotes artísticos eram horríveis.
- Ele não mentiu. - Richarlison resmungou rindo, recebendo um olhar de desaprovação do amigo.
Mesmo em meio a um caos que acontecia em suas vidas, todos deram risada.
Son passou os olhos pela sala, encontrando o olhar do camisa 9, como se estivessem em uma bolha. Por algum motivo seu coração tremia, uma dor que surgia da raiz e se espalhava por todo o peito; uma leve vontade de vomitar. Talvez a palavra "amor" estivesse lhe assombrando, tanto quanto sempre assombrou. A emoção subindo pela traqueia, a tontura balançando os seus olhos..., precisava de Richarlison consigo.
Não estava indo rápido demais? Por tanto tempo a sua vida se baseava em trabalho e trabalho; quando não haviam jogos por um tempo, ia para a Coreia trabalhar, sem nenhum momento de descanso. E agora suas preocupações giravam entre o futebol e Richarlison, sempre na mesma direção. Estava feliz por estar ali com o brasileiro, mas também estava assustado com o amor.
O brasileiro se aproximou, sentando na cadeira vazia ao lado de Heungmin. Todos estavam distraídos, bêbados em plena segunda-feira.
- Você está bem Sonny? - Ele pediu preocupado, levantando os dedos para limpar o suor frio que escorria da testa do coreano.
Son negou com a cabeça, segurando a perna do camisa 9.
- Acho que preciso de um ar, você pode ir comigo?
Preocupação não era a palavra certa, Richarlison nem mesmo sabia o que estava sentindo ao ver o coreano daquele jeito. A luz escura segurando o seu coração. Ele ajudou Heungmin a se levantar, avisando a Léo que dariam um tempo no quarto de hóspedes porque Son não estava se sentindo bem. Daves ficou apreensivo, se oferecendo pra dirigir caso os dois quisessem ir pra casa. O camisa 7 mesmo exausto negou veemente dizendo que era pra eles aproveitarem e que tudo não passava de um mal estar, que logo estaria bem.
No quarto o brasileiro segurava a mão do mais velho que estava deitado, algumas lágrimas escorriam dos olhos do segundo.
- Desculpa Richy, eu não sei o que aconteceu comigo... - Sonny falou com o braço em cima os olhos, tentando conter o choro.
- Você não precisa se desculpar Sonny... caralho. Eu só não sei o que fazer pra você melhorar.
- Você não me odeia né? - O camisa 7 perguntou, se movendo para olhar para o brasileiro sentado na cama.
- Eu não sou maluco, por que você tá pensando nisso?
Entre as paredes que escondiam a luz, os gestos do camisa 9 sussurravam como o mais leve vento. Uma silhueta entre a fraca iluminação amarela. Son gostava dele a ponto de perder as palavras.
Ele fez o mais novo se aproximar um pouco, apenas pra não precisar falar alto, com medo de que as palavras fossem escapar do quarto.
- Eu gosto de você Richarlison... gosto mais do que a palavra "gostar" pode expressar.
Um eco profundo chegou nos ouvidos do brasileiro. Um formigamento lhe preenchendo, o coração transbordando. O que aquilo significava? Ele tinha perdido todo o progresso no inglês em instantes e estava ficando louco? Son estava maluco pela febre alta e estava tendo alucinações o confundindo?
- Você não precisa sentir o mesmo agora Andrade, eu só precisava falar isso. - Heungmin disse se sentando, após um minuto que não obteve resposta.
- ...
- Eu acho que preciso de água, você consegue pegar pra mim?
O brasileiro concordou, saindo do quarto por um tempo e voltando com o copo de vidro.
Son pegou o objeto, tocando-o nos lábios e terminando com o líquido em instantes. A tontura havia voltado, talvez a pressão estivesse baixa.
- Desculpa Sonny... eu só fiquei surpreso.
O coreano tirou os olhos do copo, encontrando o rosto do camisa 9.
- O amor sempre foi difícil pra mim... - Richarlison se pôs a falar, tentando encontrar as palavras para se expressar no inglês. O camisa 7 olhou para ele e sorriu levemente, segurando suas mãos que suavam frio. - Quando tô com você... só nós dois, parece que tudo é importante pra caralho, eu consigo simplesmente falar tudo mesmo me sentindo nervoso. Claro, eu fiz algumas merdas, mas eu digo sobre a língua... porra, simplesmente parece que você vai dar seu jeito de me entender. Você sabe né? Que eu vivo com a cara emburrada, mas eu continuo sorrindo quando te vejo..., mesmo que eu negue, eu já aceitei que isso é amor.
Os dois se encararam nervosos.
Alguém bateu na porta.
[]
Notas Finais: Desculpem pela onda de caps, era pra ser só um, mas ficaria gigantesco, espero que estejam gostando <3
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ADVICE
FanfictionA situação em Tottenham não era a ideal. Son, camisa 7 do clube não estava na sua melhor condição, e não imaginava que isso poderia piorar após se afastar do atual camisa 9, Richarlison.