O clima gelado não parecia tão aparente sendo encoberto entre risadas e brincadeiras no grande Centro de Treinamento do Tottenham Hotspur.
Uma caixa de som tocava, perdida no canto do espaço. Nichos de jogadores conversavam e se provocavam pouco depois da sessão diária de exercícios.
Heungmin estava sentado entre os novatos; as pernas jogadas e abertas no chão, o corpo apoiado sobre os dois braços. Estava feliz de ter feito amizade com aqueles que chegaram a pouco tempo. Uma parte de seu interior odiava se sentir afastado de qualquer pessoa do clube, necessitava saber que todos estavam se encaixando ali.
Ele se sentia em casa, principalmente enquanto olhava para Richarlison, que apertava aleatoriamente os botões da caixa de som, muito animado em fazer Emerson dar risada da cara dele.
- Você não concorda Sonny? – Porro sorriu para o coreano, imaginando que ele não tinha escutado o restante do diálogo.
- Hã? Concordo com o que? – "Disfarçar Heungmin, lembre de disfarçar."
- Era brincadeira, não estávamos falando sobre nada na verdade – O espanhol riu para o camisa 7, dando-lhe tapinhas no ombro e anunciando que iria pra casa, assim como Danjuma.
O coreano se espreguiçou antes de voltar o olhar para a caixa de som. O brasileiro já não mexia mais nos botões, apenas o observava de longe. Ele abriu um sorriso largo, pensando na aposta que os dois jogadores haviam feito por telefone na noite anterior.
"– Se você me encarar primeiro terá que me pagar 50 euros. – O camisa 9 disse confiante de que era muito bom em disfarçar os olhares independente da situação.
- E se você me encarar primeiro, o que vai me dar? Acho 50 euros pouco, mas aceito que deixe eu te abraçar se te pegar no flagra. Você não pode fugir ou não aceitar, okay? Se não quiser, apenas seja bom em disfarçar.
- Fechado.
- Fechado, então."
O brasileiro na verdade sabia que a pouco tempo atrás o mais velho estava lhe encarando descaradamente, por minutos interruptos que ele fingiu não perceber. Agora era ele quem tinha sido flagrado, não havia escapatória.
Son esticou o braço, balançando em um movimento com a mão para Richarlison se aproximar. O camisa 9 olhou para os lados se fazendo de desentendimento, apontando para o próprio peito e sussurrando um "eu?" mudo. O coreano rolou os olhos rindo, continuando a acenar com a mão enquanto o mais novo começava a caminhar em sua direção.
Quando o brasileiro chegou perto o suficiente olhou para trás, vendo os outros amigos observarem, e se sentando no chão como Heungmin fez ele fazer.
"Eu cavei minha própria cova, e tô feliz com isso." Ele pensará com o corpo cada vez mais próximo de Son.
O mais velho se inclinou, passando os braços sobre seus ombros em um abraço firme. O nariz como sempre procurando o espaço entre o rosto e o pescoço do mais novo.
- Não afaste os ombros Richy, foi você que perdeu. – Ele falou tão perto, fazendo a pele do brasileiro arrepiar involuntariamente.
Richarlison apoiou um dos braços no chão perto do corpo do outro. – Você perdeu primeiro, ainda quero meus 50 euros.
O coreano se afastou naquele instante. O brasileiro sentiu falta do calor.
- Como assim? Claramente você perdeu aqui.
- Tsc. Você tava me olhando desde antes, enquanto eu tocava minha música.
- Se você viu que eu estava te olhando logo você também estava me observando. – O coreano sorriu vitorioso, os olhos formando duas luas minguantes.
- Tô começando a pensar que você é realmente brasileiro com esse poder de persuasão. Não valia sorrir assim, agora eu perdi de verdade. – Richarlison pirragueou, deixando o corpo descansar devidamente. Nem tinha percebido que estava a um tempo inclinado pra cima de Sonny, de uma forma que a própria cintura começou a doer.
Os dois nem perceberam que haviam sidos deixados sozinhos naquele espaço. A música continuou tocando ao fundo.
- Você não cansa de pintar o cabelo? – Son perguntou aleatoriamente, tocando a nuca do brasileiro.
- Nunquinha.
- Isso lembra da época que eu pintava o cabelo. Eu gostava do resultado, mas achava estressante o processo.
- No meu é rapidinho, nem dá tempo de cansar. – O camisa 9 falou, virando o pescoço para observar o braço esticado de Son, que continuava a passar as pontas dos dedos em sua pele.
- É bonito.
- Eu ou o meu cabelo?
- Os dois. – Sonny respondeu rapidamente.
O brasileiro teve que usar todo o esforço do mundo para não beijar Heungmin ali mesmo; talvez ainda tivesse tempo para levá-lo a algumas das cabines como algumas vezes faziam.
- Você deveria fazer um nevou também Sonny, ficaria lindo. Mas eu amo o seu cabelo do jeito que é. – O mais novo desviou os pensamentos, seguindo o coreano para também tocar nos fios sedosos.
- Nevou? O que isso significa?
Richarlison riu por não ter percebido que explicar sobre cabelo seria tão difícil em uma língua diferente.
- Então... Nevou (em português) significa "Nevou" Sonny. Não sei como criaram esse nome, mas normalmente no final do ano alguns (muitos) brasileiros descolorem o cabelo. E como fica branco, a gente chama de nevou, por causa da neve.
O mais novo se ajustou no chão com orgulho. Normalmente a situação seria ao contrário, com o próprio Son explicando termos em inglês ou outras línguas ao qual Richarlison não entendia.
- Vocês são muito criativos, brasileiro. – Heungmin falou, beijando rapidamente os lábios alheios e se levantando.
- Você vai lá pra casa, não é? É o nosso dia da semana.
Os dois haviam combinado de passarem a noite juntos todas as terças-feiras, mesmo que por vezes o camisa 9 fosse em outros dias da semana com alguma desculpa criada de última hora.
- É claro Sonny. – Richarlison segurou a mão esticada que o ajudou a se levantar. Os dois pegaram as bolsas de treino, indo embora com Heungmin agarrado a jaqueta do mais novo.
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ADVICE
FanfictionA situação em Tottenham não era a ideal. Son, camisa 7 do clube não estava na sua melhor condição, e não imaginava que isso poderia piorar após se afastar do atual camisa 9, Richarlison.