Em um piscar de olhos || Sabiany

Chapter 8

Naquele momento estavam diante da máquina, Any já se encontrava deitada, porém chorava alto, temendo ficar sozinha.

- Ny, eu não posso entrar ali com você, mas ficarei aqui fora te vendo. - Sabina disse, vendo Any negar com a cabeça.

- Você disse que não sairia do meu lado. - A menina disse chorando e Sabina suspirou. - Por favor...

- Olha... - Sabina disse, levando sua mão ao rosto de Any e enxugando delicadamente as lágrimas da região. - Eu não vou sair daqui. Que tal se brincarmos de algo bem legal? - Any fungou, cessando o choro para prestar mais atenção em Sabina.

- Do quê? - Perguntou ainda soltando soluços involuntários.

- Vamos imaginar que essa é a sua nave espacial. - Sabina disse. - Você precisa se deitar aí é ficar quietinha enquanto eu conto uma história. Combinado? - Any pensou um pouco e então assentiu e Sabina sorriu, se inclinando e deixando um beijo no rosto da menina. - Por isso que eu gosto de você, porque sabe se comportar. - Any sorriu timidamente e então Sabina olhou para o médico, acenando com a cabeça como confirmação.

No momento seguinte à máquina levou Any para dentro e Sabina respirou fundo.

- Bina? Tem uma luz na minha cara. - Any disse preocupada, mas se sentou aliviada quando ouviu a risada de Sabina.

- Essa aí é a luz da sua nave. - Any ouviu Sabinaa dizer e sorriu animada. - Ny... - Sabina disse olhando para o médico. - O médico me pediu para
contar para ele sobre o que você não me deixou falar lá no quarto.

- Bina... Não! - O tom de voz foi preocupado e o médico assentiu. - Por favor, não diz para ele. É um segredo.

- Tudo bem, princesa. Se acalme tudo bem? - Sabina disse assim que o médico deu o sinal. - Pode ficar quietinha um segundo para ele tirar uma
foto do seu cérebro?

- E a história? - Sabina sorriu e ignorou o fato de o médico estar ouvindo-a.

- Era uma vez, uma garota que não vivia em nossa galáxia. Ela se chamava Any...

- Igual eu?

- Sim, meu anjo, mas preciso que fique quietinha sem falar. Pode só me ouvir? - Pediu com doçura em sua voz, vendo o médico assentir em positivo
para ela.

- Sim. - Any disse e então Sabina continuou.

- Ela andava em sua nave pelo espaço em sua missão, mas aí uma estrela gigante, chamada Betelgeuse, atrapalhou seu caminho, a jogando em um planeta muito longe do dela. Lá ela encontrou amigos e uma garota muito disposta a ajudá-la...

Any ouvia toda a história atentamente e nem percebeu quando seu corpo já estava diante do de Sabina novamente.

- Eu disse que não doeria, viu? - Sabina disse, vendo Any assentir e esticar os braços pedindo um abraço. Sabina se debruçou sobre ela, sem colocar demasiada força sobre seu corpo, e sentiu os braços morenos rodearam seu pescoço.

- Bina, e no final a Any fica com a Sabina? - Sabina riu, percebendo o quão ingênua Any era.

- Sim, Ny. Elas ficaram juntas. - Disse, se afastando do abraço.

- Mesmo a Any sendo de outro planeta e diferente? - Perguntou, vendo o enfermeiro pegá-la no colo e a colocar na cadeira de rodas, visto que ela ainda precisava da fisioterapia para conseguir andar sem problemas. Seus braços também estavam fracos, porém, estavam muito mais fortes do que as
pernas.

- Sim. Mesmo a Any sendo de outro planeta. - Ela disse quando começou a empurrar a cadeira pelos corredores do hospital, levando Any de volta para seu quarto. - A Sabina era concentrada demais no trabalho dela, nas estrelas, em seus equipamentos... - Sabina disse, tendo Any totalmente antenada em suas palavras. - Acho que justamente por Any ser diferente que chamou a atenção dela. Não era qualquer pessoa que a faria ter interesse daquela forma.

- A Any deve ter ficado muito feliz da Sabina querer cuidar dela para sempre. - Any disse e Sabina sorriu.

- E a Sabina deve ter ficado muito feliz por Any ter ficado com ela. - Disse, vendo Any virar o corpo para trás e lhe fitar.

- Você vai embora? - Sabina franziu o cenho.

- Como?

- Você vai ir embora da minha vida ou vai fazer igual a Any e ficar? - Sabina parou a cadeira e andou até a frente de Any, se ajoelhando na frente dela.

- Eu vou fazer igual a Any e ficar. - Ela disse, segurando as mãos da garota. - Porque assim como a Sabina dessa história, eu também tenho a
minha Any para cuidar. - Sabina não podia explicar a intensidade do sorriso que rasgou o rosto de Any.

A maior suspirou bobamente e lembrou a si mentalmente que Any era apenas uma criança em um corpo adulto, não teriam um história de amor
igual em contos, mas sua vontade de cuidar de Any não iria embora por isso, pelo contrário, só queria cuidar dela cada vez mais.

- Bina?

- Sim?

- Eu vou crescer. - Any disse sorrindo. - Você ainda vai cuidar de mim quando a minha mente ficar grande? - Sabina riu e assentiu.

- Vou, meu amor, mas não quero que se desespere para crescer. Viva um dia de cada vez. - Ela disse e Any assentiu.

- Posso te contar um segredo? - Any perguntou assim que Sabina se levantou e voltou a empurrar sua cadeira.

- Diz.

- Eu... - O tom de voz preocupou consideravelmente Sabina, que voltou a parar e a se abaixar na frente de Any. A menina estava corada e piscando sem parar.

- Hey, você está bem? - Sabina perguntou, vendo Any pressionar os olhos fortemente e assentir. - O que queria me dizer?

- Eu quero fazer cocô. -- Sussurrou de cabeça baixa, fazendo Sabina suspirar ao ver os olhos voltando ao normal.

- E como eu posso te ajudar? - Sabina perguntou confusa.

- As minhas pernas não têm muita força. - Disse sem jeito. - Poderia me colocar lá? - A menor assentiu, levando Any até o banheiro de seu quarto.

- Consegue se segurar sozinha? - Sabina perguntou, sabendo que Any não tinha muita força nos braços ainda.

- Sim. - Any disse, voltando a piscar muito rápido. Sabina assentiu e deixou o banheiro sem jamais olhar para Any da cintura para baixo.

Agora ela só precisava esperar o doutor chegar para ela finalmente descobrir o porquê de Any piscar daquele jeito.