Chapter 20

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Naquele momento Sabina havia colocado Any deitada, com ambas as pernas em cima da bola suiça. Em movimentos circulares, ela girava as
pernas de Any sobre a bola, ensinando-a como deveria fazer posteriormente.

- Me diga se algo te incomodar, tudo bem? - Sabina pediu e Any assentiu, fascinada em sentir seu corpo se movendo daquele jeito. Era uma brincadeira engraçada. Seus olhos alternavam entre suas pernas e Sabina, que tinha uma expressão suavizada, porém concentrada em seu rosto. Any suspirou, Sabina ficava muito bonita com aquela roupa branca que costumava usar no hospital.

Seus olhos não deixaram de notar a tira preta do maiô de Sabina, levemente à mostra, o que a lembrava que elas logo entrariam na piscina. Sabina sorriu para ela e sua mente vagou para algo que ela precisava compartilhar urgentemente com Sabina, era algo crucial.

- A professora me ensinou um montão de coisas e ainda me deixou escrever de caneta. Pode acreditar? - Any disse, animada demais por aquele
simples fato, tendo em vista que quando tinha seus seis anos escrevia apenas de lápis.

- Isso é realmente incrível. - Sabina disse rindo, segurando com cuidado um pouco abaixo do joelho da garota para continuar a girar seu corpo.

- Tive aula esta manhã também. - Any disse. - E dessa vez foi com três pessoas da idade da mamãe. - Sabina franziu o cenho e fitou Priscila.

- Eles estão se alfabetizando só agora e achei que seria legal ela se enturmar com pessoas mais velha. - Explicou, vendo Sabina assentir.

- A senhora Ruldoff disse para eu ver séries adolescentes. - Any disse sorrindo.

- Incrível, mas vamos lá. Acha que pode fazer isso sozinha? - Sabina perguntou, vendo Any fazer uma careta.

- Assistir séries? - Ela perguntou confusa, ouvindo uma doce risada sair dos lábios de Sabina.

- Não, Any. Me referia aos movimentos. - Explicou com um sorriso

- Não sei. Se você está fazendo já me faz sentir dor imagina se eu fizer sozinha?

- Você está com dor? Por que não me disse? - Sabina perguntou preocupada. - Aonde doi?

- Minha barriga. - Any disse, levando uma mão até a beira de sua camisa e subindo-a. - Bem aqui. - Colocou a mão sobre o ventre, fazendo Sabina franzir o cenho.

- Essa dor começou quando? - Sabina indagou.

- Quando você começou a me mexer assim. - Explicou, paralisando no mesmo momento. Ela ficou alguns segundos parada, sem dizer nada ou sequer se mover, até que seus cílios começaram o tão famoso show, tocando-se tão rápidos quanto podiam. - Mamãe! - Disse alto

- Sim? - Priscila perguntou, surpresa pelo tom desesperado na voz de sua filha.

- Eu...Eu... - Sua respiração começou a se acelerar e então a garota caiu no choro, fazendo ambas lhe fitarem preocupadas.

- O que houve, querida? - Priscila perguntou, se agachando ao lado da filha.

- Eu não queria. Eu juro! - Disse ainda chorando.

O que deu nela? Ela estava bem até alguns segundos atrás, pensou Priscila.

- Any, seja lá o que tenha acontecido, está tudo bem. - Sabina disse brandamente, vendo Any negar freneticamente a cabeça. - O que houve?

- Eu.. - Um pequeno soluço foi sufocado. - Acho que eu fiz xixi na roupa.

Priscila arregalou os olhos ante à declaração e automaticamente seus olhos desceram para a região, porém estava seco.

- Querida, você não fez xixi. Está seca. - Ela informou, vendo Any voltar a soluçar e enxugar uma lágrima antes de erguer a cabeça e ver por si própria.

- Mas eu senti. - Ela afirmou, não convencida do que via. Sua mãos foram para o cós do short de lycra, subindo-o junto com sua calcinha, apenas para arregalar os olhos e começar um choro compulsivo.

- Filha, o que...

- Eu vou morrer, mamãe. - Any disse chorando ainda mais, fazendo uma força extra para remover as pernas de cima da bola. - Me ajuda! - Pediu, sentindo a mulher lhe abraçar e trazer seu corpo para seu colo.

- Eu acho que tenho uma ideia do que esteja acontecendo aqui. - Sabina disse um pouco consternada.

- Tem sangue. - Any disse entre os soluços, fazendo Priscila cair em si. Um pequeno sorriso divertido apareceu nos lábios de Sabina antes de ela se levantar e ir ate sua bolsa.

- Tome. - Ela disse assim que voltou, entregando um absorvente para Priscila. - Está perto de vir para mim e por isso ando prevenida.

- Filha, você não está morrendo, meu amor. - Priscila disse, porém foi em vão, o choro continuava.

- Any, acontece com todas as mulheres quando ficam grandinhas. - Sabina disse se sentando ao seu lado e acariciando suas costas. - Vai acontecer comigo em alguns dias também. É algo que vem todos os meses. - Explicou, vendo Any se virar para ela, focando toda sua atenção em seus olhos.

- Todos...os meses? - Perguntou soltando um soluço involuntariamente.

Seus olhos avermelhados fizeram Sabina sentir urgência em acalmar a garota.

- Sim. - Sabina disse, segurando sua mão e levando até seus lábios, depositando um beijo sobre a pele.

- Então eu não vou morrer? - Any perguntou, vendo a outra mão de Sabina enxugar suas lágrimas.

- Todos nós iremos morrer um dia, mas não por isso. - Sabina disse sorrindo, vendo o olhar assustado de Any se transformar em confuso.

- E o que eu faço agora? - Indagou.

- Eu dei um pacotinho para a sua mãe e ela te ensinará como usar. - Explicou. - Tem chuveiros no banheiro esquerdo.

- Mas e a dor? É normal? - Perguntou.

- Se chamam cólicas e algumas de nós, infelizmente, sofremos com isso. - Disse fazendo uma careta. - Vá com a sua mãe tomar um banho e vestir a roupa que usaria depois da piscina. Eu vou até a outra ala do hospital pegar um remédio para sua dor e você vai ficar bem, tudo bem?

- Bina, depois você vai carinho na minha barriga para passar? - Perguntou em uma careta de dor e Sabina assentiu.

- Faço, anjinho. - Disse, envolvendo seus braços ao redor da garota e ajudando Priscila a colocá-la na cadeira. - Nos vemos em alguns minutos.

- Não demora? Dói muito. - Pediu, sentindo os lábios macios de Sabina tocarem a pele de seu rosto.

- Eu vou tão rápido que você nem vai perceber que eu fui. - Disse, sentindo Any entrelaçar seus dedos por alguns segundos.

- Tudo bem. - Disse, soltando os dedos de Sabina quando sua mãe começou a empurrar a cadeira para longe da garota. - Já estou percebendo, Bina. - Ela gritou de longe, fazendo Sabina gargalhar graciosamente antes de correr em busca do remédio que prometera à Any.

Em um piscar de olhos || SabianyOnde histórias criam vida. Descubra agora