Oscilações de humor

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— Jennie, você ainda tá aí? — Seu psicólogo, perguntou do outro lado da tela do notebook, Jennie, mantinha-se reflexiva do outro lado, a câmera não estava aberta, então nenhum dos dois poderia decifrar a expressão do outro.

— Sim… — A garota passava no psicólogo cerca de dois anos, quando se mudou com seu pai para Nova York, ela sempre contestou sobre ter um.

— Jennie, você continua fumando?
— A garota mutou o microfone por alguns segundos, apenas para suspirar e gritar através das paredes acústicas.

A garota sempre prometia nas sessões que pararia, mas nunca cumpria com a sua palavra. Ela abusava dos cigarros e algumas vezes de bebidas alcoólicas.

As consultas aconteciam de sábado, de forma remota, Jennie, não gostava de ser obrigada a ter um psicólogo, em sua cabeça ela estava perfeitamente bem, mesmo sabendo que faltava algo, por esse motivo ela aceitou, com a condição que fosse a distância.

— E-eu tô tentando parar — Era plenamente, mentira! E Jeoyeon, também sabia disso, pelo tom de voz trêmulo da garota.

Eles caíram em um silêncio em que particularmente, Jennie, gostava bastante, ela só não parava com as sessões por que seu pai ficaria sabendo, mesmo com vinte anos, ela ainda parece uma garotinha indefesa, esperando a mãe voltar e a irmã mais velha a proteger.

Olhou ao redor, em que caixas estavam empacotadas no seu quarto, com uma fita colada na caixa, indicando o que era cada coisa, pelo menos na Universidade seu pai a levaria.

— Você sabe que isso te faz mal, né?

— É, eu sei

Jeoyeon, era o único que se
“Preocupava” com ela, mas, Jennie, achava que ele estava apenas cumprindo o seu papel e que nem mais atuava em psicologia por amor. Ela só o viu uma única vez pela câmera e foi o suficiente para perceber que ele também está atrás de um coração, como, Jennie e o homem de lata do mágico de oz.

Porém, ao final do filme, o mágico o diz : lembre-se, um coração não se juga por quanto você ama, mas sim por quanto você é amado pelos outros.

Jennie, simplesmente não se sentia amada!

— E você e Kai? — Não existia mais ela e Kai, na verdade, ela acha que nunca existiu, apenas deixou-se levar pela ideia que existiam sentimentos, da parte dele, sim, mas de, Jennie, não. Ela apenas gostava de uma parte que durava por um tempo, até ela novamente oscilar, como um GPS que não consegue achar o endereço e fica recalculando rota.

— Acho que agora acabou de verdade, comigo indo pra universidade. Eu só gostava da euforia e agitação que ele me causava e depois voltava tudo de novo e eu ficava…

— Triste? — Jeoyeon, completa

— É, pode se dizer assim

— Jennie, a consulta chegou ao fim — A garota suspirou aliviada. — Te vejo, próximo sábado?

— Não tenho escolha — Declarou e encerrou a ligação.

É três da manhã de uma segunda-feira, em que como todas as madrugadas, Jennie, acordou com uma dor no peito — angústia — falta de ar e lágrimas descendo sem parar, a menina rapidamente abriu a gaveta da mesa de cabeceira, pegando os ansiolíticos e os fazendo descer pela garganta com a ajuda da água.

Virou crônico ela acordar a essa hora tendo crises de ansiedade em que suas mãos tremiam e seu coração acelerava em ritmo de tambor.

Depois desse episódio, ela não conseguiu dormir. Trocou de roupa ao todo três vezes, chegando a um consenso. Depois de vestir uma calça cintura alta e um blazer azul bebê.

Quando seu pai acordou, era cinco da manhã, ela já estava trajado em seu uniforme hospitalar, e espantou-se ao vê que sua filha tinha trago toda sua mudança para a sala, e que a essa hora da manhã já fumava.

— Eu acho que já falei com você sobre o cigarro — O senhor Kim sempre a orientava em relação a isso, mas, Jennie, nunca escutava.

— Você já vai se livrar de mim, não precisa mais pegar no meu pé — Jennie, revirou os olhos, porém, seu pai não ligou e colocou todas as caixas no carro.

— Vamos

Durante todo o trajeto, seu pai e ela mantinha só o silêncio, parecendo dois estranhos e tudo agravou quando Jennie ficou impaciente com o trânsito e seu pai buzinava para os carros a frente, não que ele estivesse preocupado com o primeiro dia de universidade da filha, mas sim, que se atrasaria para o trabalho.

Assim que saíram daquele engarrafamento, após dois quarteirões, chegaram ao destino, a Universidade.

Jennie, tomou a impulsividade de abrir o porta-malas e descarregar suas bagagens na calçada preenchida com a neve, ela estava convicta que conseguiria levar tudo sozinha.

— O senhor já pode ir — Jennie, desvio o olhar para o outro lado do campus, vendo que os murmúrios sobre ela já começavam, a garota, então, encolheu os ombros. Seu pai, abriu a boca para falar algo, mas hesitou um longo período até dizer:

— Podemos nos ver no final de semana?

“Então agora ele arranjaria tempo?”

— Não sei, talvez eu fique muito atolada com os semestres.

Seu pai apenas concordou com a cabeça, ela não sabia se os dois manteriam contato, mas esperava que não.

O Que O Amor Faz Com A Mente? - ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora