Melhores Amigos 2

183 7 3
                                    

Dois dias depois de nadarem, Anahí estava cansada de esperar que seu melhor amigo finalmente cumprisse a aposta e apresentasse alguém para ajudá-la nos planos do verão.
Nesses dois dias, quase não o viu, parecia que estava fugindo dela. Só não sabia se seria por que o tinha encurralado para apresentar alguém para tirar sua virgindade ou se o problema era ela.
A insegurança tomou conta de sua cabeça nesses dois dias, até que viu seu carro parando em frente a sua casa.
Estranhamente, Alfonso parecia ainda mais bonito do que dois dias atrás, mesmo que parecesse impossível depois de vê-lo sem camisa, com as gotinhas de água escorregando do cabelo até o rosto.
Droga! Não deveria pensar assim de seu melhor amigo!
Suspirou e desceu para abrir a porta. No mesmo instante que o fez, sentiu os braços fortes de Alfonso a abraçarem e a tirarem do chão. Amava quando fazia isso, era uma das melhores sensações do mundo.
Entretanto, havia algo errado. Sentiu quando ele começou a tremer e seus músculos ficaram tensos.
- Poncho, você está bem? - questionou com a voz mansa.
- Não - disse em um sussurro. Quando a soltou, fitou no fundo de seus olhos - Meu pai me pediu pra ir em um curso, para ajudar na administração dos projetos que quer expandir lá na fazenda.
- Mas isso não é bom? Você adora esse ramo.
- O curso é de 1 ano, na Austrália.
- Oh ...
Isso significava 1 ano sem seu melhor amigo por perto.
A ficha caiu de uma vez, impiedosa.
- Será um ano longe de você, Any - ele disse, segurando seu rosto.
Angustiado a abraçou mais uma vez.
Merda! Um ano sem sua melhor amiga, sem seus abraços, planos loucos e sua risada contagiante. Como sobreviveria?
- Você precisa ir? - Anahí falou, já com o choro dando sinais.
- Sim, vamos eu e Oscar, é um curso incrível e não podemos perder.
- Eu entendo - Disse tentando ser madura, mas no fundo, querendo que ficasse.
Por quase um minuto, ficaram ali parados se olhando, ele segurando o rosto dela, e sem saber o que mais dizer.
- Quando você vai? - Disse chorosa.
- Em uma semana.
Respirou fundo tentando conter as lágrimas, mas falhando miseravelmente.
Alfonso abraçou sua amiga enquanto ela chorava em seu peito e a arrasou até o sofá, onde a deixou chorar mais um pouco.
Tentou impedir seu próprio choro, não queria a deixar pior, mas sabia que ele mesmo não conseguiria segurar por muito tempo.
Já fazia dois dias que fugia dela para evitar cumprir a aposta, mas quando seu pai o chamou hoje na sala informando do curso, precisando partir em tão pouco tempo, se arrependeu de não ter passado cada minuto junto dela.
Diabos! Queria muito o curso, mas precisava ser tão longe? Por tanto tempo?
Afagou o cabelo acobreado da amiga, se perguntando então quando ficou tão longo. Parecia que tinha sido ontem a ajudá-la a cortar no ombro como queria, mas sabia que fazia meses.
Tentou puxar seu rosto, para olha-lo, vendo os olhos bonitos já vermelhos pelo choro.
- Vamos tentar passar o máximo de tempo juntos aqui tudo bem? - Disse - Vou ficar fora só por um ano, mas eu volto, e vamos tentar escrever sempre, pode ser?
Ela assentiu, sem conseguir falar.
A deixou deitada no sofá, com metade do corpo por cima dele, que estava sentado, enquanto a cabeça dela ficava em seu peito.
Era uma das posições mais naturais deles, mas Alfonso sentia seu estômago revirar ao imaginar que ficaria um ano sem esse conforto.
- Pode deixar a aposta pra lá... Eu não quero gastar nosso tempo juntos com outra pessoa - Sua amiga disse, ainda com o rosto apoiado em seu peito.
- Eu não deixaria, de toda forma - Riu, fraco - Vamos passar cada minuto juntos. Já falei com meus pais que você vai dormir na minha casa.
- Poncho! - se levantou, olhando para ele - meus pais não vão aceitar isso! E mesmo que sua casa seja grande, não tenho onde dormir.
- Não vou aceitar um não, nem mesmo de seus pais. Minha mãe já está arrumando o antigo quarto de Alice.
- Poncho você é louco - riu, um tanto tímida.
Ele fitou seus olhos mais uma vez, ainda com metade do corpo por cima dele, os cabelos jogados de lado, e segurou deu rosto com uma das mãos, fazendo um leve carinho com o polegar.
- Acho que sou sim.

Passaram assim a maior parte do dia, levantando apenas no final da tarde quando foram arrumar uma pequena mala, que Anahí levaria com seus pertences.
- Não era pequena? - Ele riu, segurando uma mala quase da altura de um potro, e uma mochila pesada nas costas.
- Se vamos passar todos os dias juntos, cada minuto, preciso estar preparada, não quero ficar indo e voltando por conta de uma roupa ou algo assim - Deu de ombros, pegando uma bolsa menor com mais alguns pretences e acompanhando o amigo até a entrada.
Se despediu da mãe, enquanto ele colocava tudo no carro.
- Se cuide Any, e por favor, não de trabalho aos Herreras, tudo bem? - Afagou o cabelo da filha, vendo seus olhos tristes já sofrendo com a partida do outro - Será um ano cheio de saudades, aproveite bastante, mas ele vai voltar, tudo bem?
Anahí assentiu, segurando algumas lágrimas, beijou a mãe e foi para o carro.
- Vamos passar em um lugar antes, pode ser? - Alfonso disse.
- Claro, onde vamos?
- É uma surpresa - Sorriu de lado olhando para ela.
Droga, desde quando ele ficou tão bonito assim?
Anahí sentiu seu ventre torcer quando viu o brilho nos olhos dele, o sorriso de lado mostrando uma covinha sexy. Desde quando pensava assim de seu amigo?
Quando menos esperava, a mão dele descansou em sua perna, próxima ao joelho, quente causando arrepios.
Usava um vestido lilás curto e de alças, fresco, mas que do nada parecia quente de mais, mesmo que as janelas do carro estivessem abertas e estivesse fresco do lado de fora.
- Chegamos - ele anunciou, desligando o carro e recolhendo a mão.
Quando desceram, Anahí percebeu estarem perto da casa dele, mas ainda distante o suficiente para que a enorme casa parecesse pequena, próximo das árvores em um pasto aberto, vendo um por do sol alaranjado.
- Eu amo a vista da sua casa - disse, vendo ele abrir a carroceria da caminhonete, apresentando um amontoado de cobertas e almofadas, por cima do colchão.
- Senta aqui - Alfonso disse, sua voz saindo mais rouca que o normal.
Droga, estava nervoso, com sua melhor amiga?
Engoliu a seco, sentando no colchão olhando para o horizonte alaranjado, tentando não prestar atenção em como ela ficava linda de lilás, com a droga do vestido que caía como uma luva.
Quando ela se sentou ao seu lado, cobriu as pernas com uma das cobertas e deitou a cabeça em seu ombro.
Ali, sentados em frente ao por do sol, nas terras que conheciam como a palma da mão, parecia que o mundo não existia mais.
Alfonso gostava de como se sentia perto dela, mas já tinha alguns dias que sentia algo mais, um conforto maior, talvez?
Não sabia se era pelo medo de ficar tanto tempo longe, mas ela parecia ainda mais atrativa para ele, quase proibida.
- Como estão os Holstein? - Ela questionou, puxando um assunto aleatório.
Alfonso então comentou sobre a criação do gado que estava acompanhando, pequeno, mas produtivo e rendia uma boa quantia.
Gostava de ver como ela se interessava e entendia sobre os negócios da fazenda, era fácil de mais conviver com ela, sabia levar qualquer assunto.
Ao escurecer, a chamou para entrar. Dirigiu até a frente de sua casa e estranhamente sentiu ciúmes. Sabia que sua família alugaria sua atenção, e nesse exato momento, a queria toda para ele.
Dito e feito, assim que entraram todos vieram puxar assunto com sua amiga, o deixando de lado.
- Vou tomar meu banho, não demore - Resmungou, beijando sua testa e saindo.
Anahí riu do mal humor do amigo, concordou e continuou o assunto com o pai dele, sobre o gado Holstein que viu no pasto.
Adorava como a família era receptiva e a encaixava em todos os assuntos.
- Acho que é melhor ir tomar um banho, meu bem - Rute disse para Anahí, enquanto via o filho emburrado esperando para ter atenção - Alguém não sabe dividir.
Anahí riu e concordou, correndo para o quarto de Alice, irmã de Alfonso que agora não morava mais lá. Tomou um banho rápido, colocando uma calça jeans e uma camiseta cinza.
- Pronta? Vamos ver um filme - Alfonso apareceu na porta - Meu pai quer algo em família.
- Acho que você não gostou da ideia né? - Ela riu.
- Queria ficar só com você, mas também vou sentir falta dos meus pais nesse tempo.
Concordou e desceram para a sala. Alexandre havia comprado uma fita de filme, algo sobre detetives que Anahí quase não prestou atenção, sentindo os dedos do amigo em seu cabelo num carinho gostoso. Mal viu quando dormiu e acordou sendo colocada na cama.
- Preciso trocar de roupa - Disse, querendo tirar os jeans.
- Vou para meu quarto, amanhã vamos cedo nadar, tudo bem?
Ela concordou, o viu sair e quando revirou sua mala, descobriu que estava pronta para tudo, menos para dormir.
Resmungou indo até o quarto de Alfonso, envergonhada de trazer tantas roupas, e não tinha um mísero pijama.
- Poncho, me emprest...
Interrompeu-se quando teve a visão privilegiada de seu melhor amigo sem camisa, sentado na cama apenas com o jeans.
- O que? - Ele disse, assustado colocando a camisa que acabava de tirar, no colo.
- Ah... Me empresta uma camisa? Eu não trouxe pijama.
Ele riu - Any, você trouxe tudo, menos pijama?
Levantou e foi até o guarda roupas, mas ela o interrompeu.
- Me da essa que você estava usando?
Riu - Se quer dormir com meu cheiro, durma comigo - Entregou a camisa a ela.
- Seu abusado - riu, saindo com a camisa nas mãos.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 23, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

OneShots - AyA Onde histórias criam vida. Descubra agora