"Oi,
Esse é o primeiro e-mail nesse mês, e acho que isso é bom. Meu terapeuta fala que isso é uma boa maneira pra lidar com sua falta, mas que não deveria me apegar a isso, pois pode me adoecer.
Bom, a sua falta é que me adoece.
Por que você teve que ir? Por que me deixou aqui? Me deixou sozinha!
Mas eu sei que não foi culpa sua, sei que teve que ir, e acho que foi melhor assim ne?
Não estou brava, apenas sinto sua falta, sinto aquele vazio que você me traz.
Essa semana, nosso filho falou a primeira palavra dele, disse "mamã" enquanto lhe dava banho. Chorei um pouco, mas juro que foi so um pouco mesmo, e tentei fazê-lo repetir quantas vezes pudesse, mas acho que gastou todas as palavras de seu repertório.
Sua irmã Maitê está grávida, descobriu ontem pela manhã quando estava aqui em casa reclamando do chefe que a esta perseguindo pelo escritório. Acho que ela vai acabar aceitando a promoção.
Seus pais resolveram ter uma nova lua de mel, em Cancún, e queriam levar a família, mas todos recusamos, pois ninguém quer estragar a segunda noite de núpcias, está tudo marcado para o mês que vem.
Meus pais agora inventaram de iniciar uma padaria, mesmo que papai não saiba fazer nenhum tipo de pão e mamãe nem mesmo sabe como dirigir um negócio. Eles também querem se mudar aqui pro prédio, pra ficar mais perto caso precisemos de ajuda.
Meu chefe está super satisfeito com os relatórios e disse que queria que eu estivesse mais próxima a ele, num cargo mais alto para que usasse de meus "dotes de interpretação" como ele fala.
Ah, lembra de que uma vez falei que gostaria de ter um cãozinho? Bom, arrumei um pug, aqueles cachorrinhos pequenos de nariz achatado com cara de morcego. Acho que são pequenos o suficiente pro apartamento e nosso filho engatinha atrás dele tentando pega-lo, o que resulta numa boa distração pra que eu possa organizar a casa.
Ah e adivinha só quem pagou todas as contas sem atraso? Eu mesma! Sei que sempre fui desorganizada com as datas das contas, mas esse mês consegui pagar todas em dia! Você ficaria orgulhoso!É, bem, acho que essas são as novidades do mês.
É isso. Sinto sua falta, ainda te amo e espero o dia em que finalmente vou poder te reencontrar.
Eu te amo!
Para sempre sua Anahi"E-mail enviado com sucesso
A mensagem apareceu em sua tela e ela bufou.
Já havia se passado cinco meses que ele a deixara sozinha com um filho de um ano recém completo. Ela sabia que a deixaria, e sabia que não demoraria muito.
Descobriu sua mentira seis meses antes, quando realmente notou que algo estava errado e ele a estava escondendo um segredo terrível.
- Papai achou que iria nos proteger - Falou entre lágrimas alisando o pequeno rostinho de Logan, que lhe olhava atentamente.
Deus, era a cópia fiel de Alfonso, como viveria com isso?
- Any, já está pronta? - Maitê, sua cunhada perguntou da porta do quarto.
Ela também era a cópia de Alfonso, mas talvez ainda mais bonita que ele. Tinha os belos olhos verdes, a marca da família Herrera, e os cabelos negros como ébano que estavam curtos desde a partida do irmão. Ele não gostava de cabelos curtos, então Maitê e Anahi os deixavam longos apenas para agradar.
Alfonso era o tipo de cara que todos queriam agradar, mesmo que ele não pedisse. Todos poderiam beijar seus pés pelo coração bondoso, sua inteligência, beleza e carisma. Era a melhor pessoa para apoiar os que amava e era perfeito em quase todos os sentidos.
- Any? - A morena a chamou outra vez - Está pensando nele não é?
Anahi apenas assentiu, não queria conversar sobre isso outra vez, mesmo que a cunhada fosse a melhor pessoa para lhe ouvir. Hoje estava com um peso maior em seu coração, era seu aniversário e não estava acreditando que iria comemorar sem seu marido.
- Vamos, seus pais estão na sala esperando e meus pais ja estão no restaurante.
Logan soltou uma risadinha ao ver a tia se aproximar e estendeu o bracinhos, logo sendo atendido.
Ambas saíram do prédio acompanhados de Marichelo e Franco babando no netinho e seguiram para um restaurante de frutos do mar, próximo a costa, onde Alfonso amava comer.
La, Ruth e Henrique esperavam ansiosamente para rever o neto. A avó chorou ao ver um pequeno Alfonso nos braços de Maitê.
No meio da refeição, quando Logan já estava adormecido no colo de Ruth e Marichelo e Franco contavam que estavam desistindo da padaria para tentar algo com restaurantes, um garçom traz uma pequena caixa e um envelope para Anahi.
- Feliz aniversário madame. Seu marido mandou entregar.
Num silêncio ensurdecedor, Anahi fitou atônita o que lhe fora entregue, quase sem ar, rasgou a carta e começou a lê-la. Seu coração parecia ter parado ao encarar a caligrafia de Alfonso."Meu amor,
Faz muito tempo não? Espero que Maite tenha acertado a data do seu aniversário e entregado a tempo esse presente e a carta. Se não, pode lhe dar um bom tapa na testa.
Querida, eu sinto muito não estar aí agora para comemorar seu aniversário e enche-la de beijos. O câncer foi cruel comigo.
Não lhe contei antes pois sabia que não poderíamos pagar pelo tratamento, ainda mais com o tempo que descobri, ja no estágio final. Eu sabia que não sobreviveria. Mas perdoe-me por não ter tornado nosso último mês juntos, o melhor mês de nossas vidas, eu não tinha mais forças.
A amo, não queria partir com a imagem de um doente semi morto numa cama de hospital, endividada e com esperanças de que eu melhorasse.
Sinto tanto por não estar ai agora...
Eu a amo muito, soube que amava no instante em que te vi de líder de torcida gritando pela Vitória do meu adversário. Meu treinador não gostou nem um pouco de que eu estivesse apaixonado pela líder de torcida do time que mais odiava, mas tudo bem, por que cada instante ao seu lado valeu muito a pena.
Valeu a pena pular na água fria do lago no meio da noite só pra te beijar pela primeira vez, valeu a pena te beijar na vitoria do seu time, valeu a pena não beber uma gota de álcool na minha festa de solteiro só pra conseguir pular sua janela um dia antes de nos casarmos, valeu apena sair de madrugada para lhe comprar melancia e melão para saciar seus desejos de grávida, e valeu a pena cada noite mal dormida por causa do melhor presente que já me deu, nosso filho.
Eu te amo Anahi, amo mais do que a mim mesmo e mais do que jamais amei alguém nessa vida. Quero que tenha o melhor futuro do mundo, quero que seja feliz e aproveite sua juventude e velhice da melhor forma possível.
Do seu eterno Alfonso"Cega pelas lágrimas, Anahi abriu a caixinha com um cordão para ela, com uma foto de Alfonso e ela juntos em seu casamento e do outro lado, uma foto de Logan no colo dele. Dentro da caixa, ainda havia um escapulario que Alfonso usava desde sua adolescência, instintivamente soube que era para Logan. No fundo da caixa, achou alguns papéis dobrados, uma conta de banco que ela sabia que Alfonso guardava para futuros imprevistos, mas não sabia que guardara tanto dinheiro, uma escritura da casa que eles pensavam em comprar quando jovens e cartas para Logan, com diversos temas, como o aniversário de dez, quinze e dezoito anos e seu testamento, deixando absolutamente tudo em nome de Anahi.
Sem ar, olhou para a cunhada que chorava silenciosamente ao seu lado.
- Q-quando... - Solucou, sem conseguir terminar a pergunta, mas não era necessário.
- Assim que descobriu. Oito meses atrás, me buscou e contou do câncer avançado. Escreveu a carta nesse dia, preparou tudo.
- Deus... - Chorou, agarrando-se ao seu próprio escapulario em volta de seu pescoço, presente de Alfonso, afirmando que era par com o que ele usava.
Por que ele precisava ir? Por que não podia ter ficado com ela?
Maitê a abraçou, Logan chorou pela mãe e ela prontamente o pegou, ainda aconchegada aos braços da cunhada.
- Você tem o melhor pai do mundo meu filho - Ela sussurrou para Logan.
- Pai - Ele disse e sorriu para a mãe.E Anahi chorou, pela falta do marido, pela falta do melhor amigo, pela dor, pela perda do filho e por todo o amor que sempre guardaria por Alfonso Herrera Rodrigues.
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OneShots - AyA
FanfictionHistórias curtas sobre Anahi e Alfonso. Eu mesma escrevo as histórias, as vezes saem menores, as vezes muito maiores; não ha uma regra - Histórias Fictícias - Qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência