15 - Protegendo aqueles que amamos

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Misaki voltou para casa no mesmo dia. Tinha medo se a família descobrisse ela tivesse problemas. Entrou escondida pela porta dos fundos e fez de conta que estava em seu quarto estudando. A dama de companhia era importante para que todo esse esquema desse certo.

Ela deitou-se na cama se lembrando de cada detalhe daquele momento. Misaki estava apaixonada.

Nos dias que se passaram eles se encontravam todos os dias. Ele a levou para a casa dele, passavam um tempo juntos. Mas, sempre no fim, ela voltava para casa.

Se passou um mês, dois meses, três meses. E a situação começou a incomodar Suguru, ele gostava muito dela e queria mesmo um compromisso sério. Eles estavam almoçando juntos na faculdade quando ele começou a falar.

-Misa?

-Sim?

-Quando nós poderemos falar com sua família?

Ela engasgou com o suco que bebia.

-Misa... você tem vergonha de mim? De me apresentar para sua família rica?

-Nunca! Não é nada disso. Jamais diga de novo uma coisa dessas!

-Então o que é? Você fica mudando de assunto.

Ela abaixou a cabeça e ficou apertou as mãos uma na outra.

-Minha família é horrível Suguru... eles não aceitariam. Eu estou preparando o terreno. Tentando uma maneira mais fácil de falar.

-O importante não é sua felicidade?

-Não... são os negócios. O dinheiro, o status. Minha família vem de mais de 5 gerações, fez parte do progresso e hoje é uma das maiores no ramo de transporte e navegação. E para isso eles fazem uma coisa horrorosa. Casamentos por interesses. Minha família não mede esforços para casar seus filhos em prol dos negócios, dos interesses e da família.

-Tá me dizendo que seu pai pode te casar a qualquer momento com um homem importante?

-É... basicamente isso. Provavelmente ele deve estar providenciando isso para mim.

-Eu não sou bom o suficiente para ele?

-Ninguém é.

-E o que você vai fazer? Eu não sei. Inclusive eu estou com um pouco de esperança, meu irmão Ichiro está namorando uma moça a algum tempo e eles ficaram noivos.

-E seu pai?

-Meu irmão disse que a amava e que ia se casar com ela. E ele não disse nada. Talvez meu pai esteja entendendo e mudando.

-Então, vou esperar você falar com sua família. - Ele tocou na mão dela e olhou em seus olhos - eu gosto muito de você e quero ser o mais sincero e serio possível com você.

Misaki realmente acreditava que o pai estava mudando. Tinha esperança que quando ela dissesse que estava namorando alguém que amava.

O tempo foi passando e Misaki foi observando o ambiente. E criou coragem para sondar a mãe.

-Mama...

-Diga Misa.

-Se eu namorar alguém fora do nosso meio o papa vai aceitar?

A mãe olhou com cara de espanto.

-O quer dizer Misaki? Está envolvida com alguém?

-Não. - Mentiu - É só curiosidade mesmo.

A mãe puxou a filha para um lugar reservado.

-Misaki, nunca na sua vida diga a seu pai uma coisa dessas!

-Mas, o Ichiro está noivo... não está?

-O Ichiro não te contou?

-O que Mama?

-Invadiram a casa da moça. Ela foi encontrada caída no chão muito machucada.

Misaki ouviu atentamente, mas se recusava a acreditar e fez a única pergunta que podia fazer naquele momento.

-Foi o papa...?

A mãe abaixou a cabeça e não respondeu. Mas, não precisava dizer mais nada naquele momento. Seu estômago revirou só de pensar no Suguru na mesma situação.

-Mama... isso... É horrível.

-Misa, apenas entenda. É pelo bem da nossa família. Seu pai sabe o que faz.

Misaki deixou a mãe e foi atrás de Ichiro. Ela bateu na porta do quarto do irmão.

-Entra. - a voz do rapaz saiu arrastada.

-Ichiro..

Ele começou a chorar copiosamente

-Meu irmão.

-Ela ficou lá Misaki, toda machucada. Cortaram o rosto dela. Ela não faz mal para ninguém. A mulher mais gentil e doce que eu conheci. Então porquê? O defeito dela é ser pobre? De classe média?

-Eu sinto muito irmão.

-Por que não foi em mim?? Por que? Não tenho nem coragem de olhar para ela.

Ela abraçou Ichiro e ficou esperando ele se acalmar. Sentindo na pele o que ele sentia. De amar alguém e não poder fazer nada por ela.

No dia seguinte ela tentou explicar a situação a Suguru.

-Então... não podemos nos assumir?

-Eu não vou arriscar seu bem estar. Nunca!

-Eu sei me proteger!

-Não! Eu não permitirei que te machuquem! - Ela começou a chorar.

-Eu vou entender se nunca mais quiser me ver.

-Além de tudo quer terminar comigo?

-Eu não quero!

-Então não diga isso. Eu não vou a lugar nenhum. Ficarei aqui até o dia que você se casar. Só não serei seu amante. Não vou te dividir com homem nenhum!

-Suguru... eu te amo tanto.

-Também amo você Misaki. Nós vamos passar por isso...

O preço de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora