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Como toda boa patricinha, decidimos fazer nossa ''noite das garotas

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Como toda boa patricinha, decidimos fazer nossa ''noite das garotas.'' Carol simplesmente expulsou Martin e Adam de casa, e nos reunimos com as meninas lá, por ser a maior casa dentre todas.
Mabel fez um jantar especial, e comemos maratonando crepúsculo. A ultima vez que assisti, eu tinha 11 anos, e lembro de ter ficado apaixonada no Edward. Mas acho que isso não foi só uma paixonite de criança, pois quando esse homem apareceu senti minhas pernas ficarem moles. E acredito que isso aconteceu com todas, já que soltaram suspiros apaixonados.
Em seguida, Carol teve a brilhante ideia de colocarmos pijamas iguais, e seguimos para a sessão de skin care.
Elena passou uma máscara verde em meu rosto, e poderia facilmente ser confundida com a Fiona.
Quando todas estavam extremamente verdes e a playlist devidamente colocada na TV, nos sentamos no chão e pintamos as unhas uma das outras. Enquanto Carol pintava minhas unhas dos pés, eu pintava as de Elena. Um ciclo sem fim.
Conversamos, rimos e choramos, quando as lembrei que vou embora daqui cinco dias.
Não sei qual é a sensação que sinto agora, um misto de tristeza com felicidade. Tristeza por estar deixando tudo que construí aqui para trás, prestes a virarem apenas boas memórias. Mas lá no fundo, sinto que estou feliz, feliz por estar voltando para casa. Voltar para minha família, para os abraços reconfortantes de papai, ou as broncas de mamãe, que sinto tanta falta, e principalmente Enzo, meu pirralha favorito.
Aqui, vendo a relação de Carol, Martin e Jolie, percebo que sinto mais falta de casa do que imagino. Conheci pessoas incríveis, que com certeza levarei para o resto da vida, além de ter construindo memórias, das quais contarei para meus filhos futuramente. 'Ei filho, sabia que a mamãe foi de madrugada ver um show e sai de lá drogada?"
É, eu definitivamente tenho muita história para contar.

Sinto minhas costas doerem, e quando abro os olhos, noto que estamos todas amontoadas no colchão. Estou com a cabeça na barriga de Carol e Jolie com a cabeça quase em meu pescoço. Elena dorme agarrada em minhas pernas, e eu nem ao menos consigo me mover. Levanto a cabeça e procuro Mabel com os olhos, que provavelmente deve ter ido para cama. Sinto a garganta doer e preciso de um copo de água. Me desvencilho das garotas, tentando ao máximo não acordar nenhuma, e arrumo a pequena Jolie, que estava toda desajeitada.
Caminho até a cozinha tentando não tropeçar em meus próprios pés, já que está tudo apagado.
Acendo a luz e pego um copo no armário. Pego a jarra de água na geladeira e coloco um pouco no copo. Quando ia o levar aos lábios, me assusto com um grito e quase derrubo o copo no chão. Me viro a tempo de encontrar um Martin com os olhos arregalados e a respiração ofegante, assim que olha para mim, grita novamente. Corro em sua direção colocando os dedos em seus lábios.
— Você 'tá louco? Por que 'tá gritando?- o questiono e retiro minhas mãos de seus lábios. Ele coloca a mão no coração, e busca ar.
— Mulher, o que aconteceu com você?- não entendo a pergunta e vou até o espelho mais próximo. Assim que bato o olho em meu reflexo, sou eu quem grito. A máscara de mais cedo, ainda estava em meu rosto, e devido as olheiras, pareço um zumbi. Começo rir da situação em que me encontro, e escuto Martin atrás de mim rir também.
— Elena passou em mim mais cedo. Mas devido ao sono, acabei esquecendo de tirar.- ele abre um sorrisinho de lado, que marca suas covinhas e paro para o observar um instante. Os cabelos emaranhados, a cara amassada pelo travesseiro, e o olhar indecifrável. Quando criança, sempre gostei muito de desvendar as coisas, e sempre fui a melhor nisso. Mas Martin Martinez, é um quebra cabeça que nunca consegui decifrar.
Acho que o observei demais, pois ele coça a nuca envergonhado e desvia o olhar. Limpo a garganta e tomo um gole da água que tinha em mãos. Seu olhar sobre mim é marcante, que por instante, o sinto. Ele crava seus olhos em meu rosto, como se tentasse gravar cada parte dele. Suas orbes esverdeadas ganham uma coloração escura, e ele parece pensar por um instante, e então, seus olhos que a alguns segundos estavam em meus olhos, agora são fixos em meus lábios. Ele coça a garganta e respira fundo, como se estivesse em uma luta interna consigo mesmo.
— Vou dormir. Boa noite, Liz. – aceno com a cabeça e ele se vira de costas, caminhando em direção as escadas, e no caminho, bate nas cadeiras. Rio sozinha, perdida em meus próprios pensamentos. Desde quando eu comecei achar Martin atraente?

Caminho com uma enorme caixa nas mãos pelos longos corredores de Berkeley. Um sonho que era tão distante, se tornou realidade. Aqui, nesse colégio, vivi as coisas mais intensas possíveis. Além de ter estudado muito, pude conhecer pessoas maravilhosas. Me dediquei fundo, estudei, batalhei, e daqui três dias, sairei daqui com meu diploma em mãos e uma beca na cabeça.
Hoje tirei o dia para limpar meu armário.
No inicio do semestre, o decorei ''Estilo Liz'', e ficou uma gracinha, que ao longo do tempo, fui adicionando mais e mais enfeites. Parei de frente para o armário e respirei fundo. Coloquei a caixa no chão, e girei o cadeado na minha combinação '051209,  a data de aniversário de Enzo. Engoli o choro que subia por minha garganta e comecei recolhendo os livros. Os empilhei dentro da caixa, e ao lado, coloquei os diversos cadernos. Tirei também meus cinco estojos diferentes, e os guardei. Comecei limpando a porta, tirando os adesivos que colei, as fotos e os guardei com carinho. Achei o laço que usei na minha primeira noite como líder de torcida e sorri melancólica. Ali naquela caixa, tinham as memórias da fase mais louca e incrível da minha vida.
Sentada no chão gelado da Universidade, eu me perdi nas recordações.

Até Que o 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 Nos Separe. Onde histórias criam vida. Descubra agora