Martin abre os olhos com certa dificuldade, devido a claridade. Quando varre o local com os olhos, percebe que está em seu quarto de hotel. Nos últimos dias, ele passava mais tempo no apartamento de Liz, do que com seus amigos realmente. Mas isso não o incomodava em nada, já que estar com a garota e a ter em seus braços, foi seu sonho por muitas noites. Checa no relógio e percebe que já se passam das seis da noite. Em questão de sono e preguiça, Martin tirava de letra, pois é a coisa que mais adora fazer. Caminha até o interfone, e após alguns segundos a voz receptiva da moça preenche seus ouvidos.
— Bom diã. E- eu quero pidir o café da tarde. Isso, isso. Thank you! – português era algo difícil para ele ainda, mas escutando as pessoas falarem acabou pegando algumas frases, como pedir o café, por exemplo. Enquanto seu pedido não chegava, aproveitou para tomar um banho rápido. Andou até o banheiro e tirou a única peça que usava, ligando o chuveiro e deixando a água se alastrar pelo chão. Após alguns minutos debaixo da água quentinha, desligou o registro e se enrolou na toalha. Assim que colocou os pés para fora do comodo, a campainha tocou. Abriu a porta meio constrangido pela situação que se encontrava, e deu espaço para o moço colocar seu pedido para dentro. Assim que o rapaz virou de costas, fechou a porta rapidamente, respirando fundo. Quando que essas situações se tornaram tão constrangedoras?
Deu de ombros e vestiu uma cueca apenas, se sentando na mesa e degustando do banquete que lhe fora servido. Tudo na perfeita paz, até que escutou seu celular tocar, roubando a paz que sentia a alguns minutos.
— Oi?
— Martin? – logo identificou a voz carregada de sotaque de Carol.
— Não, o Papai Noel.
— Ei, Sr. Grosseria, cadê você? 'Tá todo mundo aqui já. – e foi só ai que se lembrou que havia marcado de sair com os amigos, e se sentiu um idiota com isso.
— Cinco minutos e apareço ai.
— Te mando o endereço por mensagem.
E saiu correndo pelo quarto atrás de uma roupa digna, e acabou batendo contra a ponta da cama.
— Mas que porra!
—
Desceu do carro com a respiração desregulada, devido ao nervosismo que sentia. E não fazia ideia ao menos do porque se sente assim, afinal, são seus amigos, não um bicho de sete cabeças. De longe, conseguiu avistar os amigos conversando entre si, visivelmente animados. Caminha até eles com o coração na mão, por mais uma vez terem que deixar Liz para trás.
— Olha ai se não é o Sr. Atrasos, e Sr. Grosseria. – Carol exclama assim que o avista, lhe fazendo sorrir.
— Olá pra você também, Ca. – deposita um beijo na bochecha da irmã, que finge limpar. — Oi.
— Oi. – Liz sorri tímida em sua direção. Ele acaba com o espaço entre os dois, e a beija, escutando os aplausos e assobios dos amigos em volta. O que deixa Liz envergonhada, enterrando o rosto na curvatura do pescoço de Martin.
— Sempre soube. – Josh deu de ombros, e sorri animado pelos amigos. Sempre foi visível a atração que nutrem um pelo o outro.
— Lindos, eu que ajudei. – Elena finge limpar as lagrimas e os amigos riem. — Mas agora podemos entrar? 'Tá frio aqui fora.
— Tudo pela minha gatinha. – Tom abre a porta para a garota, que deposita um beijo em suas bochechas rosadas.
Adentraram no restaurante extremamente charmoso, e se sentiram aconchegados. Sentaram na mesa disposta aos amigos, e de início pediram um vinho branco. Após algumas taças, e muita conversa jogada fora, pediram o prato principal. O clima entre os sete era alegre, apesar de lá no fundo saberem que amanhã tudo isso vai acabar. Mais uma vez. O jantar se passa em um piscar de olhos, e nem notaram as horas passarem devido a boa conversa que mantinham. Durante a indecisão para escolherem a sobremesa, Liz sentiu algo quentinho encostar em suas mãos. Olhou para baixo a tempo de ver o dedo mindinho de Martin se entrelaçar ao seu, lhe arrancando um sorriso. Quando acabaram a sobremesa, ficaram mais um tempinho prolongando a despedida.
— Então, - Liz coça a garganta, chamando toda a atenção para si. — já fizeram as malas?
— Sim, já fizemos. – depois disso, a mesa caiu em um completo silencio.
—Ei, Liz. O que é aquilo? – Elena aponta para dois barquinhos velejando no rio a sua frente.
— Ah, aquilo são barcos. As pessoas geralmente usam para dar uma volta no rio. – ela mal termina de explicar e a garota quase implora para irem, o que acaba fazendo os amigos cederem.
Pagam as contas individualmente e vão para fora do restaurante, logo localizando o moço responsável pelo aluguel. Por estarem em sete pessoas, conseguiram o melhor e maior barco. Colocaram os pertences dentro de um saco plástico e vestiram as boias. Liz já havia ido algumas vezes, mas ao ver a empolgação dos amigos, era como se estivesse indo pela primeira vez. Se sentaram um de frente para o outro, e sentiram deslocando pelo rio, sendo iluminados pela luz da lua.
— Cada coisa que a Elena nos mete. – Ben murmura baixinho, fazendo os amigos gargalharem. Liz estava com o coração nas mãos, pois ela sabe que daqui umas horas, tudo isso se tornaria apenas boas memorias.
O percurso é de trinta minutos, e quando colocam os pés na superfície, desejam voltar para o barco novamente. Se despedem do homem extremamente gentil, e caminham novamente para frente do restaurante, para poderem pedir os carros.
— Liz, - Tom a chama. — Amanhã se você não quiser, não precisa ir no aeroporto cedo, e...
— É claro que eu vou, Tom. Afinal, vocês são minha família.
— Família. É, nós somos a única família que precisamos. – Josh murmura baixinho, fazendo aquela sensação crescer mais ainda no peito de Liz, e ela os puxar para um abraço apertado. Uma buzina é proferida atrás deles, os assustando.
— É meu carro. Amanhã estarei no aeroporto, esperem por mim ok? – os amigos mandam beijinhos no ar, anuando.
— Espera ai! Vou com você. – a voz de Martin se sobressai e ela sente as borboletas no estomago acordarem. Entram no carro e sentam um ao lado do outro, mas nenhum som é proferido. Eles não sabem o porque, mas as coisas acabaram ficando meio estranhas entre os dois.
O caminho até a casa da garota é rápido, e eles agradecem mentalmente, pois o clima no carro é horrível. Quando finalmente o motorista estaciona, ela o paga e desce do carro, sendo seguida por Martin, que mais parecia um cachorrinho. Já dentro do elevador, ela sentiu seu olhar queimando por sua pele, quase abrindo um buraco.
Quando finalmente chegam em casa, Liz tira os sapato e os joga longe, logo fazendo o mesmo com a bolsa e a blusa que vestia.
— Ok, o que 'tá rolando? – ele quebra o silencio.
— Eu quem te pergunto.
— Por que do nada as coisas ficaram estranhas entre nós? – sua voz passa de calma para estressada em questão de segundos.
— Não sei, Martin, talvez porque você 'tá indo embora amanhã?
— Mas isso não é uma decisão minha, Liz. E você sabe muito bem disso, e se fosse por mim, eu te agarrava e não soltava mais. Porém, eu tenho uma vida. Uma vida que é infelizmente longe de você.
—E essa vida inclui a 'Katie, por um acaso? – faz aspas com os dedos, e ele a olha incrédulo.
— Mulher, quantas vezes vou ter que explicar que amo e só quero você? Entende isso, ou é dificil?
— Eu não pedi e nem te obriguei para que se apaixonasse por mim. – ela dá o ultimato, e observa o vislumbre triste que ilumina o olhar do garoto a sua frente. Sente algo amargo na garganta, mas quando Martin se vira de costas e anda até a porta, sente como se uma parte sua tivesse sido arrancada. E quando ele finalmente a atravessa, indo embora, ela percebe que seu coração foi arrancado pelas suas próprias mãos.
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Até Que o 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 Nos Separe.
Storie d'amoreOnde Liz Garcia, uma carioca de carteirinha, resolve realizar seu sonho e fazer intercâmbio para Nova Jersey, acabando por conhecer um certo par de olhos verdes que tirou seu sono por várias noites. Ou onde Martin Martinez descobre que uma completa...