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Eu estou noiva

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Eu estou noiva. Isso mesmo, noiva. Cinco letras, e apenas um significado: eu vou me casar com Martin. Como uma pessoa bem ansiosa que sou, já comecei os planejamentos hoje mesmo, quatro dias após o pedido. Conversamos bastante durante essa pequena passagem de tempo, e chegamos a conclusão de ser uma coisa pequena, somente para família e amigos. E por falar em familia, é hoje que contarei para meus pais a grande noticia, e mais tarde, para os pais de Martin. Dois surtos para um dia só, ótimo.
Ajeito o notebook em meu colo e respiro fundo mais uma vez, tentando não surtar. Cerca de segundos, a cara de meus pais preenche a tela, fazendo minha vontade de chorar crescer mais.
— Pai, mãe! Que saudades de vocês! - aceno animada, e eles retribuem, mas são interompidos por Enzo, que aparece em meu campo de visão. — Pirraalho!
— Insuportável! - começo rir e escuto meus pais o repreenderem, aumentando meu riso.
— Olá, querida. Como andam as coisas? E Martin, como está?
— Ele tá bem, mãe. Queria estar aqui agora, mas teve um imprevisto. - odeio mentir para meus pais, mas se eu contasse que Martin estava dormindo e tinha se esquecido completamente da ligação, eles falariam um monte. Esse garoto ainda me paga. — Mas agora me contem, as coisas por ai andam bem?
— Mais ou menos, querida. Apenas a saúde de sua vó que deu uma piorada, mas tudo sobre controle. - sinto a voz de minha mãe dar uma falhada, mas ela disfarça. Quando completei nove anos, minha avó Joanna descobriu o cancer de mama, e desde então, sua saúde fora muito balanceada, tanto que em sua casa, existem médicos e enfermeiros disponiveis a todo momento. Me dói o coração só de lembrar que um dia irei perde-lá. — Liz? Você tá ai ainda?
— Oi, tô aqui sim, minha mente apenas viajou. Enfim, como devem imaginar, liguei por um propósito. Ou melhor, uma novidade.
—Fale logo, Liz Garcia, seu velho tem ansiedade. -ele consegue me fazer rir diante a tamanho nervoso.
— Então, como sabem, eu e Martin nos conhecemos a bastante tempo e nossa história começou um pouco conturbada, digamos. Mas quando nos reencontramos a alguns meses depois, percebi que nunca tinha o superado realmente, e Bernardo é uma prova viva disso. O que eu quero dizer é que..
— Liz, eu juro que se você não contar isso logo, eu..
— Eu e Martin vamos casar. - solto a notícia e por instinto fecho os olhos, com medo das reações que terão.
— Você vai o que? - Rose sussurra do outro lado da linha, e sinto vontade de bater minha cabeça contra alguma coisa.
— Casar.
— Meu Deus, finalmente! Jurei que você seria a tia dos gatos. - Enzo e sua opinião não pedida se faz presente, me fazendo revirar os olhos.
— O que seu irmão quis dizer é que nós achamos que você não se casaria tão cedo, até porque você é só uma criança ainda e..
— Pai, eu tenho 23 anos.
— Sempre será nossa garotinha, Hija. - sorrio, sentindo o coração pesar. Minha mãe está quieta desde que contei, e disfarço a vontade de chorar que me atinge. — Querida, fale algo. - papai sussurra no ouvido da mulher, que parece despertar.
— Que ótimo, Liz. Muito bom. - é a única coisa que diz, antes de se levantar e seguir para fora do sofá.
— Não liga pra ela, filha. Ela está em choque ainda, mas sei que quando perceber, vai ficar muito feliz por vocês. Falando nisso, onde está Martin?
— Ah, ele teve que sair e... - na mesma hora que concluia minha mentira, o garoto sai do quarto. O puxo, lhe fazendo cair no sofá. — Olha, pai. Ele acabou de chegar.
— E ai, sogrão? - esfrega o rosto, tentando disfarçar a cara amassada.
— Achei legal que você sai pra rua de cueca. - Enzo murmura baixinho, e sinto meu rosto queimar.
— ENZO! - eu e papai o repreendemos ao mesmo tempo, fazendo o garoto dar de ombros e sair correndo. Adolescentes e seus humores quebrados.

Sinto meus pés tremerem, e meu estomago se revirar quando adentramos a casa da família Martinez. Martin está ao meu lado, com a mão entrelaçada a minha, e por algum motivo, isso me traz todo o conforto que preciso. Finalmente chegamos a sala de estar, onde o resto da família se encontra. Mas assim que Adam põe os olhos em nós, bufa visivelmente irritado.
— Queridos! Liz, quanto tempo. - Mabel nos cumprimenta, e não penso duas vezes antes de a puxar para um abraço. Quando finalmente a solto, consigo reparar que os anos não passaram para ela, pois continua do mesmo jeito de antes. — Venham, estavámos esperando vocês para comermos.
- LIIIZZ! - escuto uma voz doce me chamar, e em seguida, sinto mãos pequenas rodeando minha cintura.
—Jolie, como você 'tá linda! - murmuro, e ela sorri tímida, me dando outro abraço. Como senti falta dessa pequeninha, que já não é mais pequena.
Após dar um aceno de cabeça em direção a Adam, que não retribui, e um abraço rápido em Carol, me sento ao lado de Martin. Em seguida, Mabel serve a comida, e percebo ser lasanha, a minha favorita quando morava aqui.
— Minha favorita! - exclamo.
—Assim que Martin avisou que viriam, comprei as coisas para preparar. - adverte e sinto meu coração aquecer. Após a pequena interação, a mesa cai em um silencio desconfortável, apenas com o barulho dos talheres.
— Mãe, pai. - Martin chama a atenção dos presentes, e entrelaça sua mão a minha novamente. Chegou a hora. - Como sabem, eu e Liz moramos juntos a algumas semanas, e eu amo ela então.. Foda-se, eu e Liz vamos casar.
Silencio.
Respirações pesadas.
Vontade de vomitar o jantar.
— Meninos, que notícia maravilhosa! - Mabel quebra o silencio e noto seus olhos marejados. Ela vem em nossa direção, e nos puxa para um abraço desengonçado. Pelo menos alguém aceita esse casamento.
— Liz, quer dizer que você é minha irmã agora? - Jolie questiona com os olhos verdes brilhando em expectativa.
- Não dá, Jo. A Liz... - Carol é cortada pela própria irmã, que salta da cadeira e corre em minha direção, me abraçando. Porém, o clima agradável se esvai quando Adam levanta  e bate na mesa, afirmando:
— Eu não aceito esse casamento. - e sai batendo os pés, bufando de raiva. Mais uma vez a vontade de chorar me abraça, mas sei que não posso. Tenho pessoas maravilhosas ao meu lado que me apoiam, e querem o meu bem. Isso é mais que suficiente.

Inspiro o cheiro de canela que me fez perder o sentido e toda a razão por tanto tempo, e afundo ainda mais meu rosto em seu pescoço. Acabamos de chegar em casa, e como um ótimo cavalheiro, Martin me trouxe do carro até aqui, no colo. Nos sentamos sobre o sofá sem desfazer o abraço, e sinto ele acariciar minhas costas.
— Fica calma, linda. Independente de tudo, estamos juntos. E esse casamento vai acontecer, eu te prometo. Se você ainda quiser se casar comigo.
— É claro que eu quero, Martin. Para de ser besta.
— Desculpe. É que as vezes fico imaginando o quão sortudo eu sou, sabe? Tipo, eu vou me casar com você. Tem noção de quantas noites eu sonhei com isso, e agora é real. - seus olhinhos estão marejados e sinto vontade de arrancar toda sua insegurança para mim.
— Você é perfeito na medida certa para mim, amor. Eu que sou sortuda por ter você ao meu lado. - sussurro próximo a seus lábios, os beijando com fervor em seguida. Embolo minhas pernas na sua e caminhamos até o quarto sem desgrudarmos os lábios um do outro.
Martin Martinez é minha droga, minha ruína e meu lar.

Até Que o 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 Nos Separe. Onde histórias criam vida. Descubra agora