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A noite se passa relativamente rápida, e quando vejo, já é tarde

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A noite se passa relativamente rápida, e quando vejo, já é tarde. Enquanto meus amigos tiram toda a decoração das paredes, me despeço dos pais do garoto. Começo pelos pais de Tom, os dando um abraço rápido, já que nunca ao menos os vi na vida. Após, abraço os pais de Josh, descobrindo que essa casa na real, é dos dois. Adam e Martin colocam as coisas no carro, e me 'despeço brevemente do pessoal, enquanto Carol não tira essa câmera da minha cara. Segundo ela, é para guardar recordações minhas, como se ela já não tivesse mais que o suficiente. Entramos no carro, e me sento ao lado da garota, encostando a cabeça no vidro. Fecho os olhos por um momento, desejando ir para o inicio de tudo.
Permaneço mais alguns minutos com os olhos fechados, e os abro a tempo de ver a fachada da casa dos Martinez's a minha frente. Desço do carro meio tonta, devido ao sono e Adam dispensa minha oferta de ajuda para tirar as coisas do porta – malas. Ainda bem, pois meus olhos nem conseguem se manter abertos por muito tempo.
Em passos rápidos já estou em meu quarto, passando o vestido que vestia pelos braços, para troca-lo por meu confortável pijama de vaquinha. Depois de dar uma checada nas redes sociais, sinto meu estômago roncar, isso devido ao fato de que não comi quase nada essa noite, por conta de meu nervosismo. Saio do quarto em passos silenciosos, já que a casa inteira dorme agora, e em alguns segundos – literalmente – estou na cozinha, meus olhos vasculhando por qualquer tipo de alimento. Pego uns biscoitos no topo do armário e sirvo um copo de leite. Por conta da brisa quentinha da noite, decido realizar meu lanche da madrugada do lado de fora, observando as estrelas. Desde garotinha, quando alguma coisa dava errado, ou me sentia triste, eu conversava horas com as estrelas, e sempre as considerei como minhas melhores amigas. Agora, alguns anos depois, olhando o céu estrelado de Angeles, percebo que nada mudou, e que continuo sendo a mesma Liz boba de sempre que acredita em contos de fadas.
— Roubando biscoitos? Você já foi melhor, docinho.- sinto sua voz grossa e firme atrás de mim, e levo um susto.
— Martin! Que susto.- ele sorri, e encosta na varanda, a mesma que eu usava para observar as estrelas. Porém agora, ao invés de olhar as estrelas, eu olho para ele. Os cabelos bagunçados pela brisa da noite, a regata velha e surrada e o maldito sorrisinho de lado, do mesmo jeitinho que estava no dia em que nos conhecemos.
— Eu não sabia que eram seus, desculpe. – ele sorri em minha direção, laçando um 'tudo bem.
— Você não tem um voo daqui, literalmente, seis horas?
— Acho que você anda prestando muita atenção em mim.- o alfineto e ele sorri. Droga, pare de sorrir tanto.
— Não consigo, força do hábito.- só ai percebo que acabei pensando em voz alta, e sorrio amarelo. — Ei, 'tá sujo aqui.- seus dedos gélidos pela brisa alcançam minhas bochechas e sinto o mesmo sentimento idiota de hoje mais cedo ganhar vida. Seus dedos descem da minha bochecha até meus lábios, e ele está tão próximo agora que consigo sentir seu hálito de canela bater contra meu rosto. Num ato rápido, minhas mãos vão parar em sua nuca, e as dele em minha cintura. Seu cheiro de hortelã me entorpece, e estou tão vidrada nele, que mal sinto quando seu nariz roça contra minha bochecha quente, deslizando até meus lábios. Sustento meu olhar entre seus olhos, que me fitam com uma intensidade única, e seus lábios, rosados e levemente inchados. E então, acabando com a tortura de ambos os lados, ele cola sua boca na minha. Solto um suspiro de alivio involutário, e finco minhas unhas em sua nuca. Ele agarra meus lábios como se sua vida dependesse disso, e eu faço o mesmo, tentando demonstrar tudo que não consegui dizer em palavras por meio desse beijo. É um beijo quente, com tanto desejo, que sinto minhas pernas fraquejarem, e se não fosse segurada por ele, tenho certeza que cairia no chão. Ele se afasta com dois selinhos, e só quando abro os olhos, minha ficha cai.
Eu acabei de beijar Martin Martinez, e eu definitivamente gostei pra caralho.
— Eu.... Eu tenho que ir.- não escuto sua resposta, pois praticamente voo até o andar de cima. Entro em meu quarto e o tranco, me jogando em minha cama e afundando a cara no travesseiro. E como sempre, eu fujo dos meus problemas, sendo uma verdadeira covarde.

Não consigo nem ao menos encarar Martin desde o 'incidente da noite passada. Não sei se foi o calor do momento, ou minha tristeza por estar indo embora, mas aconteceu.
Adam está terminando de colocar minhas coisas no carro, e estou abraçada com Carol tentando ser forte. Jolie se aproxima e me pede colo. Ela completou cinco aninhos próximo ao meu aniversário, e dedicou o primeiro pedaço para mim. Nesse tempo acabamos nos tornando irmãs de coração. Entramos no carro e Martin até agora não deu sinal de vida, o que fez meu coração murchar. Achei que depois de tudo, fossemos pelo menos amigos, mas parece que eu estava enganada, muito enganada. O caminho até o aeroporto é rápido e muito muito triste. Estou sentada entre Carol e Jolie no banco de trás, e estamos de mãos dadas. Um gesto tão simples visto por outros olhos, mas para mim nesse momento, é algo especial. Encosto a cabeça no ombro de Carol e me permito libertar minha mente por um segundo sequer desses pensamentos.
— Lili, chegamos.— Jolie me cutuca, e abro os olhos. Carol desce na frente, e desço logo atrás. Olho ao redor e não vejo nada mais do que pessoas andando apressadas de um lado para o outro com malinhas de mão, e falando ao telefone. Algumas com as famílias e sorriem animadas, conversando e tirando fotos. De longe, vejo meus amigos caminhando até nós, e sem mais nem menos corro até eles, me jogando em seus braços. E logo viramos um abraço desengonçado no meio do aeroporto, e só quando escuto o irritante barulhinho 'click, noto que Mabel registrou o momento. Afasto as lágrimas mais uma vez, e caminhamos juntos para dentro do aeroporto. Meu vôo será daqui duas horas, então tenho tempo para fazer o check- in, e me despedir. E assim faço. Depois de longos minutos de fila, finalmente sou atendida, e meu check in feito. Quando a última mala se vai com a pilha, caminho até meus amigos. Olho no relógio e vejo que faltam apenas 45 minutos. Me sento ao lado de Jolie e seguro suas mãozinhas frias, não quero dizer tchau. Eu não quero me despedir.
— Querida, já está chegando a hora.- abro os olhos a tempo de ver Mabel me encarando carinhosa. Levanto e respiro fundo, decidindo por quem irei começar.
Me viro para Jolie, que estava entredida com algum joguinho besta.
— Ei, pequena, olhe para mim.- seguro seu queixo levemente, e ela me encara com os olhinhos brilhando.
— Você já vai embora, Lili?- assinto, engolindo a bile que subia pela garganta.— Mas eu não quero que você vá.- ela se agarra em minha blusa, e sinto seus soluços baixinhos. Esse foi o ápice para libertar minhas lágrimas.
— Jojo.- ela se afasta para me olhar com mais atenção.— Quero que você saiba que, eu te amo demais, garotinha. Desde o segundo em que coloquei meus olhos em você, soube que seríamos uma boa dupla. E fomos, nós não nos tornamos amigas.
— Não?- ela me pergunta, chorosa.
— Nós nos tornamos muito mais que isso, Jojo. Nos tornamos irmãs, não de sangue, mas de coração. Eu vou me lembrar sempre de você, 'tá? Mas só se você prometer que vai lembrar pra sempre de mim também!
— Eu prometo, Liz! Eu também te amo, irmã.- a agarro com cuidado para não machuca- lá, e choro em seu ombro. Lhe dou um beijo na testa, e antes de me levantar sussurro.
— Quero que me prometa outra coisa.- seus olhinhos verdes me encaram esperançosos.— Quero que me prometa que nunca vai deixar de acreditar no felizes para sempre. Que nunca perca sua essência, e se torne a princesa que nasceu para ser.- ela me dá um beijinho na bochecha, e sibilo um 'eu te amo.'
Respiro fundo mais uma vez, como isso é difícil, Céus. Olho ao redor e decido que o próximo será Ben. O relógio marca que faltam apenas 30 minutos, e me agarro nos ombros fortes de Benjamin, ele retribuindo na mesma intensidade.
— Sabe, Liz, quando você chegou aqui, nosso grupo estava por um fio, literalmente. Mas você com seu jeitinho alegre e gracioso conseguiu consertar tudo. Você é incrível, Liz Garcia, e tenho muito orgulho de dizer que tive o prazer de te conhecer. Você acabou de tornando uma amiga mais que especial não só para mim, mas para o resto do nosso grupo também, e sempre será bem vinda aqui. Nova Jersey sempre estará de braços abertos para te receber.
— Benjamin...- sussurro com soluços me escapando. O abraço forte, tentando dizer naquele abraço tudo. Porque Ben foi tudo para mim.
— Obrigada, Ben. Quero que você me prometa uma coisa.- ele murmura um 'diga.— Quero que nunca perca sua essência por causa de outras pessoas. Seja livre, ame, curta, pois a vida é rápida demais. Deus fez um amor tão lindo, por que ser proibido?- agora quem chora é ele. Ele deposita um beijo demorado em minha testa, e eu lhe dou um beijo na bochecha.— Eu te amo!
— Te amo, Lili.- ele usa o apelido de Jolie e sorrio. Me aproximo de Josh, que nos encarava emocionado.
— Liz.
— Josh.- nos cumprimentamos com dois beijinhos no rosto, como sempre fazíamos. O puxo para um abraço apertado, assim como o de Ben. O agarro tão forte que temo que o machuque. Josh Lynch acabou se tornando um amigo tão incrível para mim, que quero o levar para sempre em meu coração.
— Ei, Josh Lynch chorando? Nasci pra ver isso. Agora posso morrer em paz.— tiro sarro de sua cara, mas minha situação não está muito diferente.— Obrigada. Muito obrigada. Obrigada por ter sido um dos meus melhores amigos, me sinto tão grata por ter dividido meus melhores momentos com você. Você é um cara incrível, livre e que não tem medo de mostrar quem é. Tenho muito orgulho de você, e da pessoa incrível que está se tornando ao lado de Benjamin. Desejo toda felicidade do muuuundo para vocês nessa etapa. E por favor, me convidem para o casamento!- eles sorriem, me puxando para outro abraços. Depois disso, passei a adorar abraços.
— Liz Garcia, a melhor amiga de todos os tempos.- sorrio jogando o cabelo para trás.— Eu que tenho a te agradecer, garota. Você entrou de paraquedas em nossas vidas, mas fez história. Você é um acontecimento, e pode ter certeza que você vai ser a primeira a receber nosso convite de casamento. Amo você, melhor amiga fã da Taylor.
— Te amo, melhor amigo fã da Taylor.- o abraço uma última vez, e percorro os olhos pelo local, os parando em Tom que chorava.
— Tom...- sussurro caminhando em sua direção, o puxando para um abraço urso. — Eu não vou morrer, cara.
— Mas eu vou sentir sua falta! Com quem eu vou compartilhar meus surtos da madrugada, Elizabeth?
— Meu nome não é...
— Me diga, com quem vou me entupir de sorvete agora? Ou rir até mesmo do vento, e pedir conselhos sobre minha gata gatinha? Você vai fazer falta para caralho.- ele quem me puxa agora para um abraço. Me aninho em seus braços musculosos e sinto meu coração se aquecer.
— Obrigada de coração, Tomas. Eu te amo demais, e chegamos a conclusão que dividimos o mesmo neurônio.
— Com certeza!
— Eu nunca vou me esquecer de você, e espero que nunca se esqueça de mim também. E também, espero muito que você nunca desista de Elena, vocês são tipo, casal de filme americano!- eles riem, limpando as lágrimas.— Eu amo tanto todas as memórias que criei com vocês, e vou lembrar para seeeempre. Te amo, Tomas.
— Te amo, Elizabeth.- sorrio e lhe dou um soquinho no braço, depositando um beijo em sua testa em seguida. Meus olhos caiem para Elena ao seu lado, que tentava limpar as lágrimas sem sucesso. Me aproximo dela, e a abraço fortemente, com ela me agarrando na mesma intensidade. Acaracio seus cabelos escuros e afundo meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro doce de cereja. Me afasto e lhe lanço um sorriso de lado.
— Elena, você é incrível. Obrigada por esses anos de amizade, por ter me apoiado em tudo. Saiba que vou sentir falta de te escutar falar sobre seus livros românticos o dia todo, e assistir filmes de casais melosos. Não sei se já cheguei a te falar isso algum dia, mas eu te amo. Demais. Espero que possamos nos encontrar num futuro próximo, e saiba que nunca vou te esquecer, tá? Agora não chora, e me abraça aqui, vai.-
Ficamos abraçadas mais um tempo, até que me lembro do tempo. Me afasto da garota, e dou um beijinho em suas bochechas rosadas. Caminho até Mabel e Adam, os puxando para um abraço longo e demorado. Um abraço que demonstrava gratidão.
— Obrigada, por tudo.- depois de discursar quase dez minutos toda minha gratidão por eles, e receber beijos melosos na testa, me viro para Carol. Ela sempre foi uma garota forte, raramente a via chorar ou triste com algo. Mas agora, ela se desmanchava em lágrimas, o que fazia meu coração pesar. Me afundo em seu abraço apertado, parecido com o do irmão. Não escutamos nada além de nossas respirações desreguladas.
— Aí, Carolina. Eu vou sentir tanta falta sua, dos seus surtos, e do seu jeitinho. Queria viver com você para sempre.- ela me lança um olhar carinhoso, e sei que ela sente a mesma coisa. A conexão entre nós.
— Eu te amo, Liz. Agradeço todos os dias por Deus ter te enviado para minha vida. Você é especial demais, nunca mesmo vou te esquecer.- sorrio tão, mas tão emocionada, que sinto meu peito doer. Construí uma família aqui nesses anos, amigos que sei que posso contar para sempre com essas pessoas. Recebo um último abraço coletivo e pego minha bolsa que irei levar no avião. Sorrio emocionada e me viro para a área de embarque quando escuto meu vôo sendo anunciado. Não olho para trás, pois sei que se fizer, não vou conseguir ir. Estava com os olhos fixos em meu passaporte, quando escuto alguém me chamar. Uma voz que conheço de cor, que odiei por meses e depois, me apeguei. Me viro e meus olhos imediatamente encontram com o dele. Martin Martinez estava parado no meio do aeroporto, com os cabelos bagunçados e a cara amassada. Meu peito triplica e sinto meu estômago se revirar.
— Martin...- sussurro e corro em sua direção, sem me importar com nada. Sem me importar se perderia meu vôo, ou se alguém estava olhando. Me jogo em seus braços que rapidamente rodeiam minha cintura, afundo meu rosto em seu pescoço e sinto seu clássico cheiro invadir minhas narinas. Nosso abraço é desengonçado, e não sei quem começou a chorar primeiro, mas ele me afasta minimamente e seca meus olhos.
— Liz Garcia, confesso que no início te achava uma garota chata, mimada e extremamente irritante.- rio com sua declaração e tento conter as lágrimas.— Mas agora eu... Porra, você me tira o sono. De 100 pensamentos meus, 99 são sobre você. Ninguém nunca mexeu tanto comigo assim, e eu demorei tanto para perceber isso, e agora, estou prestes a te perder. Mas não podia te deixar ir, antes de dizer tudo que 'tá entalado aqui. Quando nos beijamos ontem, eu me senti completo. Acho que você é uma das únicas pessoas que sabe o que eu passo e faço, e me sinto grato por isso. Obrigada, Liz, por ter mantido meu segredo por tanto tempo e acho que obrigado por ter roubado meu coração para você. Queria ter descobrido isso antes, queria te beijar tanto, por Deus. Eu me acostumaria facilmente passar o resto da vida ao seu lado e...- o interrompo colando meus lábios aos seus. Ele agarra minha cintura, e eu sua nuca. Um último beijo, com o garoto que roubou meu coração. Nosso beijo de despedida.
— Eu preciso ir..- as lágrimas voltam novamente. Por um instante, eu esqueci de tudo.— Mas saiba que, eu sinto o mesmo por você, ou até mais. Tive uma briga interna comigo mesma, e me odiei por um tempinho por gostar tanto de você. No início, te achei um babaca completo, sério mesmo. Mas ao passar do tempo, percebi que você não é nada disso. Você é incrível, de verdade, e espero se coração que você não se esqueça de mim. Que em um futuro próximo, podemos escrever nossa história. - meu vôo é a anunciado mais uma vez, e engulo o nó na garganta.— Eu acho que amo você.
— Eu amo você.- ele confidencia baixinho, como se fosse um segredo. Depósito um selinho em seus lábios, e ele beija minha testa demoradamente.
— Seu quarto, em cima da sua escrivaninha.- ele me olha confuso, e beijo sua bochecha.— Adeus, Martin.
— Adeus, Liz.
Me viro de costas, e sinto a dor em meu peito crescer mais. Se eu tivesse entendido meus sentimentos antes, nós poderíamos ter sido tudo e... meu Deus, eu amo esse garoto. Não me importo em limpar as lágrimas que escorrem e pingam no chão. Entro no avião e confiro meu lugar, me sentando em seguida. Apesar da vista do lado de fora ser incrível, meus pensamentos são dominados por um certo garoto dos olhos verdes.

Até Que o 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 Nos Separe. Onde histórias criam vida. Descubra agora