Meus pés doem quando saio da The Journal e sinto vontade de arrancar meus sapatos e os jogar fora, literalmente. Porém, como não posso, me contento em chegar até meu carro, o destravar, e assim que me sento no banco, finalmente tenho a oportunidade de arrancar essas drogas. Coloco o cinto e ligo o rádio em uma estação qualquer, com o carro logo sendo preenchido com Imagine Dragons. Conforme as batidas de Bad Liar se iniciam, minha mente automaticamente voa até ele.
Ele.
Martin foi embora a uma semana, e desde lá as coisas tem sido dificeis. Minhas noites são acompanhadas de muito choro e filmes melosos. Mas apesar da distancia e diferença de horários, nos falamos o dia todo. Qualquer mínimo detalhe que acontece, digito e o envio, sendo respondida - na maioria das vezes - com uma carinha feliz. Tanto que agora, após um dia cansativo de trabalho e faculdade, estou indo para casa conversar com ele, e não poderia estar mais feliz.
Depois de alguns minutos encarando o transito insuportável do Rio de Janeiro, finalmente chego em casa. Passo pela portaria cumprimentando as poucas pessoas ali, e subindo de elevador, que graças a Deus não demorou de chegar.
Assim que o tranco da porta é desfeito, Oliver se aninha em minhas pernas e lhe faço um carinho, correndo para o banheiro em seguida. Aproveitando que já estou ali, tomo um banho rápido, apenas para tirar toda aquela formalidade e o cansaço também, já que estou trabalhando o dobro. Enrolada na toalha, procuro por meu pijama fresquinho no monte de roupa espalhado pelo chão, visivelmente precisando ser arrumadas. Depois de vestida e cheirosa me sento no sofá com meu notebook em mãos, e uma gatinha preguiçosa ao meu lado. Entro no Skype e após clicar em algumas teclas, seu rosto amassado aparece no visor.
— Ops, te acordei? - pergunto receosa.
— Oi, linda. Você 'tá bem? Como passou o dia?
— Você 'tá desviando o assunto, Martin. Diga, te acordei ou não?
— Acordou, mas não me importo, quero saber de você, anda. - noto ele se ajeitando na cama, puxando o notebook para mais perto, e consigo visualizar perfeitamente seu peitoral malhado. — Linda, 'tá tudo bem?
— Aham, claro. Meu dia foi super agitado, como te contei na mensagem, e estou exausta, queria dormir por uns cinco dias seguido. - desabafo e percebo seu típico sorrisinho de canto se abrindo. — O que foi?
— Você explicando as coisas é tão fofo, por Deus. Queria beijar sua boca agora. - ele faz um biquinho com os lábios e é impossivel não sorrir diante.
— Martin! - o repreendo, tampando os olhos de Oliver, que tenta a todo custo sair de meus toques. — Tem criança na sala, mais respeito com minha filha por favor.
— Mãe solteira, é?
— Sim, sou mãe solteira a exatos cinco anos. - sorrio orgulhosa.
— E por um acaso você estaria atrás de um pai pra sua filha? Porque tem esse gatão aqui disponivel.
— Avise esse ''gatão'',- faço aspas com os dedos— que ele é muito convencido.
— E eu sei que você adora, linda. Sua testa 'tá franzida, e eu sei que você fica assim quando tenta não sorrir. - ele quem sorri agora, e me esforço muito para não fazer o mesmo. - Não disse?
— Acho que você anda prestando tempo demais em mim, hein.
— Linda, por mim eu penduraria uma foto sua em meu quarto, só para te apreciar o dia todo. - tento, mas é inevitável não sentir o coração bater umas tres vezes mais rápido. — Você é gostosa demais, mulher.
— Ok, foco, Martin. Você 'tá me desconcentrando. - limpo a garganta, visivelmente afetada e ele gargalha. — Como andam as coisas na faculdade?
—Indo. Mas eu adoro toda essa sensação sabe? Comecei na terapia coletiva do campus ontem, e pelo pouco que senti, é realmente muito bom.
— Que coisa boa, Martin. Fico feliz. - ele sorri genuinamente.
— Mas tirando os porém's, 'tá tudo ótimo. E como anda seu trabalho no estágio? - e então, a partir dali, desembucho a falar do meu serviço. Conto das pessoas que não gosto e até mesmo das situações horrendas que sou obrigada a passar. Ele me auxilia e conversamos sobre assuntos mais leves e sobre minha data para visitá-lo. Não percebo quando adormeço toda torta no sofá, com Martin do outro lado e Oliver enlaçada a mim.
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Até Que o 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑆𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 Nos Separe.
RomanceOnde Liz Garcia, uma carioca de carteirinha, resolve realizar seu sonho e fazer intercâmbio para Nova Jersey, acabando por conhecer um certo par de olhos verdes que tirou seu sono por várias noites. Ou onde Martin Martinez descobre que uma completa...