.14 𝑅𝑒𝑑 𝑎𝑟𝑟𝑜𝑤𝑠.

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pov

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pov. CAROLINA WEILLER

DUAS SEMANAS SE PASSARAM até que o frio começasse a chegar de forma sorrateira. Nárnia que sempre foi ensolarada e quente, agora era fria à noite e no início da manhã. O clima começou a mudar lentamente, e o que para muitos seria apenas mais uma mudança de estação, para todos nós era algo muito maior e mais perigoso que se aproximava.

Haviam estratégias montadas, um exército sendo preparado e armas sendo forjadas, mas, a incerteza e a tensão estavam tomando a todos nós. Era estranho se preparar para uma batalha que até agora era silenciosa, tão quieta e calma, como se nunca fosse acontecer. Pior ainda era não ver a inimiga e não saber quando e onde ela iria atacar, não sabíamos se Jadis tinha um exército, se estava sozinha ou se ela teria alguma ajuda. Estávamos completamente no escuro e as dúvidas começaram a fazer parte dos nossos dias.

Aslam continuava ausente e todos nós sentíamos falta de sua sabedoria, paz e de sua juba junto a nossa pele. Eu sentia muita saudade, e para amenizá-la um pouco, encontrava um jeito de ir à Cair Paravel quase todas as tardes e quando chegava lá, olhava para o mar dentre as grandes colunas de mármore e falava com Aslam, proferindo palavras ao vento, esperando que o próprio vento as entregasse a Ele. Às vezes falava com meus pais e minha irmã, às vezes, apenas comigo mesma, questionando-me se estaria preparada para a batalha a tempo.

Às vezes algumas lágrimas iam juntas com as palavras, outras vezes, minha inquietude era tanta que nem lágrimas escorriam dos meus olhos. Tudo parecia um pouco confuso e assustador, mas algo no profundo de meu ser sempre dizia que o Senhor dos Bosques estava me ouvindo e que mesmo com sua ausência, tudo ficaria bem.

Enquanto isso, Pedro estava organizando buscas para averiguar onde Jadis estaria escondida, isto se ela estivesse escondida, pois até agora não tínhamos localizado nenhum sinal da Feiticeira. Não havia nenhum vestígio da figura alta e sombria, a mulher que destruiu minha vida.

Era por volta das dez da manhã, quando Susana e eu estávamos em algum lugar entre o ermo do lampião e o gramado da dança, lugar próximo ao mesmo que, naquele famigerado dia, os Reis e Rainhas se aventuraram em sua caçada ao veado branco. Nós já havíamos ido averiguar se ainda existiam casacos, um guarda roupa e a passagem para nosso mundo, mas eles não estavam mais lá. Nada acontece duas vezes da mesma forma.

— Vamos, você consegue — A voz da minha instrutora tentava me animar, sem muito êxito.

Respirei fundo, tentando limpar minha mente de tudo o que me preocupava e me concentrar no bendito treino de arco e flecha.

— Toque o arco com sua boca e o segure firme.

— Ok — Fiz o que Susana me ensinou e mirei no alvo, uma fruta grande e rosada no topo de uma árvore.

— Respire e inspire. Se concentre até que possa ouvir apenas as batidas de seu coração, faça sua respiração uma com a própria flecha e quando estiver pronta, solte-a com firmeza — Ela sussurrava ao meu lado. O silêncio e a concentração eram as maiores ferramentas deste treino, um dos poucos em que não me saia bem.

𝑂 𝑅𝐸𝐼𝑁𝑂 𝐷𝐴 𝑃𝑅𝐼𝑁𝐶𝐸𝑆𝐴 𝐷𝐸 𝐹𝑂𝐺𝑂 | 𝑵𝑨𝑹𝑵𝑰𝑨Onde histórias criam vida. Descubra agora