06. Natal do Sr. Green

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Severus sentiu o sangue sumir de seu rosto. Não, ele pensou em uma negação desesperada. Não não não não.

Mas a evidência em contrário estava bem debaixo do seu nariz. O perfume de Potter era rico, sutil e sedutor, tão convidativo quanto canela e melaço, tão revigorante quanto o estalo no ar durante a primeira geada do inverno. A única razão pela qual Severus não reconheceu o que era até agora foi porque ele foi deliberadamente cego.

— Quando? — Severus sibilou, mal reconhecendo a própria voz.

Potter olhou para ele do outro lado da mesa por alguns instantes, o tecido de sua jaqueta esticando a cada respiração.

— Mais tarde esta noite — ele finalmente respondeu. — Ou talvez amanhã de manhã.

Então ainda havia tempo para evitar o desastre. Levantando-se, Severus se lançou para o armário de poções que guardava no canto do escritório - que se dane a dignidade - e começou a vasculhar os frascos rapidamente.

Fortalecedor da pele.

Solvente de ranho.

O espaço para Supressor (Omega) estava vazia.

Tremendo, Severus mal reprimiu a vontade de derrubar todo o armário no chão.

— Por que diabos estou sem supressor de cio? — ele se ouviu rosnando.

— Sinto muito, Severus, mas acredito que você deu o último lote para aquela terceiro ano da Lufa-Lufa que se apresentou na semana passada — o retrato de Albus forneceu prestativamente no silêncio que se seguiu. — Você ainda não encontrou tempo para prepará-lo novamente, meu garoto.

Albus estava certo, maldito seja. O sangue rugiu nos ouvidos de Severus, e ele olhou para o tapete, mal se importando por ainda estar de joelhos.

Um par de tênis desgastados apareceu em sua linha de visão.

— Respire, Snape — uma voz disse suavemente. — Você precisa respirar.

Quando ele finalmente se permitiu olhar para Potter novamente, o garoto estava agachado acima dele e com a expressão mais ilegível que Severus já tinha visto em seu rosto.

— Isso dura apenas alguns dias, professor — Potter disse calmamente, mantendo os olhos fixos. — Eu não vou pedir para você... fazer nada... comigo.

— Você não tem ideia do que está falando — Severus respondeu antes que pudesse pensar melhor. — Em questão de horas, você estará me implorando pelo meu nó.

Potter respirou fundo.

Apertando a ponta do nariz, Severus levantou-se novamente e deu um passo para trás. Ele se concentrou em inspirar profundamente e uniformemente.

— Peço desculpas. Isso foi inapropriado.

Endireitando-se também, Potter balançou a cabeça bruscamente e acenou com a mão em recusa.

— Eu não me importo se você é apropriado ou não. — Seus olhos estavam arregalados. — Você... você acha que vou perder o controle assim?

— Você não teve um cio antes? — Severus exigiu miseravelmente, recuando para trás de sua mesa novamente. Se ele estivesse sentado e houvesse uma grande mobília de madeira entre eles, talvez fosse mais fácil abordar esta situação com um pingo de diplomacia.

Potter ficou em silêncio.

Voltando o olhar para ele e lendo a resposta em seu rosto, Severus lutou contra a vontade de gemer alto.

— Eu sempre tive suas poções para evitar isso!

— Mesmo no último ano da guerra?

Ainda de pé e cruzando os braços sobre o peito, o menino deu um meio sorriso, embora houvesse muito pouco humor em sua expressão.

Holiday Magic | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora