17. Todos os sinos da Terra tocarão

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A porta foi aberta por Molly Weasley. Atrás dela, Severus podia ver uma dúzia de casacos molhados pendurados em uma longa fileira de ganchos, gelo derretendo em forma de pegadas no chão, luzes cintilantes penduradas nas cornijas do teto do corredor.

Ela pareceu surpresa ao vê-lo, para dizer o mínimo.

— Por favor — Severus disse com toda a compostura que conseguiu reunir. — Eu gostaria de ver Harry.

As narinas da mulher dilataram-se. Compreensão surgindo, sua expressão endureceu.

— Espero que você esteja aqui para se desculpar — ela respondeu bruscamente, olhando para ele com desprezo. — E mesmo que você esteja, não sei se devo permitir. Um alfa, expulsando um ômega depois de passarem um cio juntos - se eu soubesse que era você, Severus Snape - e o pobre Harry tem estado tão perturbado o dia todo, embora, é claro, ele tenha se mostrado corajoso para nós -

Severus estava começando a ter a sensação desconfortável de que tinha quatorze anos de novo em vez de quarenta.

— Molly! — ele finalmente interrompeu, falando rapidamente sobre ela. Não havia como evitar, mas não seria bom esquecer que esta era a mulher que matou Bellatrix Lestrange. — Eu não expulsei Harry. Ele me deixou sem se despedir.

O discurso de Molly foi interrompido abruptamente.

— Por favor — repetiu Severus, olhando para o rosto enrugado dela, geralmente gentil, mas tão contraído e severo agora em defesa de um de seus filhos. Ele nunca achou tão fácil dizer a palavra.

Franzindo a testa, Molly olhou em seus olhos. Ele se perguntou se ela já havia estudado Legilimência. Ela poderia ver todo o caminho até seu coração murcho?

— Você vai cuidar dele? — ela finalmente exigiu. — Cuidar da felicidade dele?

Severus endireitou os ombros.

— Se ele permitir. Eu gostaria de nada mais do que a chance.

Molly olhou para ele atentamente novamente, discernindo, julgando. Os segundos passaram. O ar que saía de dentro da Toca cheirava a canela e pão fresco.

— Tudo bem — ela finalmente decidiu. — Eu vou levar você.

Severus soltou um suspiro silencioso de alívio.

Passar pela porta da casa dos Weasley foi como entrar em uma onda de calor e barulho. Ele não conseguia ver os ocupantes da casa do corredor de entrada, mas certamente podia ouvi-los: Granger conversando acaloradamente sobre política e o Ministério com um homem que murmurava respostas distraídas, provavelmente Arthur; dois homens Weasleys - George e Ronald, suponho - tentando cantar "Bom Rei Venceslau" em uma rodada enquanto Fleur Weasley nascida Delacour os encorajava em um francês risonho; algo explodindo com o toque claramente caótico de um produto da Weasleys' Wizard Wheezes; uma criança começando a chorar.

— Harry tem uma visita — anunciou Molly enquanto eles dobravam a esquina para o que parecia ser o centro das festividades, conduzindo Severus para a multidão.

Uma onda de silêncio se espalhou.

Havia ainda mais pessoas presentes na sala de estar do que ele havia imaginado inicialmente, com Andrômeda Tonks e seu jovem protegido Teddy Lupin amontoados ao lado de Charlie Weasley em um velho sofá, sem mencionar Neville Longbottom sentado ao lado da única filha de Molly sob a árvore e balançando a chorosa Victoire Weasley em suas pernas. E, sim, todos estavam olhando para Severus, que provavelmente estava tão deslocado em suas vestes pretas e com as rugas esculpidas em seu rosto por anos de zombaria quanto ele imaginava que estaria - e, sim, um Ronald de queixo caído parou de cantar com um guincho repentino...

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