14. Repita a alegria sonora

614 65 12
                                    

Era a manhã da véspera de Natal e, por todo o castelo, nenhuma criatura se mexia, nem mesmo um kneazle.

Mais importante ainda, o outro lado da cama de Severus estava vazio. O cheiro do ômega que deveria estar ali permanecia nos lençóis emaranhados, mas o próprio Harry não estava em lugar nenhum.

Severus gemeu e cobriu os olhos com o braço, lembrando-se da noite anterior.

— Você gostaria de me foder? — ele se ouviu perguntando na memória, um suspiro, um coaxar.

Havia álcool envolvido, mas ele não conseguia culpar o uísque que bebera antes de dormir. Não quando ele estava pensando em abordar a ideia há horas.

.

Tudo começou no final da tarde. Estendido em frente ao fogo na sala de estar de Severus, Harry quebrou um silêncio bastante amigável ao dizer:

— Ginny foi quem contou à imprensa. Sobre eu ser um ômega, quero dizer.

Severus havia fechado seu livro sobre transfigurações elementares para dar a Harry toda a sua atenção. Ele tentou não se distrair com o volume da bunda atrevida do garoto em sua calça de moletom, que era comprida demais e decorada com o emblema dos Chudley Cannons.

— É mesmo?

Harry virou os olhos que dançavam com a luz do fogo para ele. Sua voz era suave.

— Ela disse que escapou quando um repórter perguntou por que terminamos.

Severus parou por um momento para considerar o quão intensamente Harry deve ter sentido a traição de sua namorada de infância. Ele se inclinou mais perto.

— E você acreditou nela?

O homem mais jovem soltou um suspiro, abaixando ligeiramente os ombros.

— Sim. Gin tem temperamento, mas ela não é vingativa. — Ele balançou a cabeça bruscamente e voltou-se para as chamas. — Mas ela deveria ter sido mais cuidadosa.

— Ela apenas disse a verdade — Severus apontou, decidindo bancar o advogado do diabo. — Ou você prefere ter escondido essa parte de você do mundo pelo resto da sua vida?

— Não sei. — Harry passou a mão pelo cabelo perpetuamente desgrenhado (atualmente ainda mais desgrenhado do que o normal, considerando como ele acabou deitado de costas, rolando-o contra o colchão enquanto ainda estava molhado depois do banho naquela manhã). Ele ergueu uma sobrancelha e ofereceu um sorriso torto. — Você é meu terapeuta agora, Severus?

Severus bufou e recostou-se nas almofadas do sofá novamente, reabrindo seu livro.

— Merlin me livre. — Ele começou a ler novamente.

Depois de observar disfarçadamente Harry continuar a olhar pensativo para o fogo por mais dez minutos, Severus sentiu sua paciência acabar.

— Harry — ele disse humildemente.

O homem mais jovem ergueu os olhos novamente, o rosto corado pelo calor das chamas.

— Sim?

Severus manteve os braços abertos.

— Venha aqui.

Em um contraste marcante com a hesitação cautelosa que ele teria demonstrado poucos dias antes, Harry o atendeu instantaneamente. Subindo no colo de Severus, ele enterrou o nariz no pescoço do alfa e passou as pernas por cima do braço do sofá.

Severus ergueu os braços para circundar os ombros de Harry, e eles respiraram juntos por um tempo.

— Ela disse que eu a decepcionei, mentindo para ela sobre meu gênero o tempo todo — murmurou o homem mais jovem. — Ela disse que sempre pensou que eu seria mais masculino quando estivéssemos juntos, que a arrebataria como um herói de um livro de histórias ou algo assim.

Holiday Magic | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora