12. Deus descança no colo dos alegres senhores

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Era a noite do dia 21, a noite mais longa e mais escura do ano. Eles estavam abraçados, com o frio no ar, apesar dos esforços de Severus para manter o limite implícito no meio da cama.

Potter estava dormindo profundamente em seus braços, mas Severus estava achando o esquecimento do sono muito mais difícil. Ele estava pensando em uma conversa estranha que eles haviam tido mais cedo naquele dia.

Acontecera quando estavam sentados juntos no escritório pessoal anexo aos aposentos de Severus, que era muito menor e tinha muito mais janelas do que o escritório oficial do Diretor. Potter estava sentado em um dos assentos da janela, com o queixo apoiado nos joelhos, usando meias que não combinavam e um suéter com um H tricotado na frente em vermelho. Em vez de olhar para o terreno da escola, ele estava olhando para o nada, com a testa franzida.

— Eu simplesmente não entendo por que você inventaria uma poção que é tão perigosa — ele disse a Severus, a propósito de nada. — Quero dizer, tem o potencial de tornar as prisões mais humanas sem Dementadores - mas também pode revolucionar a guerra mágica.

Sentado à sua escrivaninha, Severus largou a pena que estava usando para marcar um artigo sobre usos alternativos para o pó de chifre de erumpente. Potter não estava errado.

— Eu não inventei a poção — explicou ele secamente. — Estou revisando a receita para uma colega.

Infelizmente, isso só fez a carranca de Potter se aprofundar.

— Que colega?

— Uma francesa. Genevieve le Rochet.

Para surpresa de Severus, Potter obviamente reconheceu o nome.

— A ômega? — ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

Severus ergueu uma sobrancelha e recostou-se na cadeira.

— Seu gênero secundário dificilmente é relevante para seu trabalho.

O menino ficou quieto por alguns segundos, depois respondeu:

— Mas é, na verdade. Eu ouvi sobre como ela tem lutado para ser reconhecida pela Guilda de Poções de lá, como ela faz campanha pelos direitos do ômega. Ela é supostamente brilhante — Seus lábios se contraíram. — E também linda. Ela tem todo aquele cabelo ruivo...

Parando abruptamente, Potter semicerrou os olhos para Severus com uma repentina expressão teimosa.

— Você a conhece bem?

O que estava incomodando a criança agravante agora? Severus tamborilou os dedos na borda da mesa, impaciente.

— Temos uma relação agradável há muitos anos. Afinal, fomos os dois mestres de poções mais jovens da Europa por um tempo — respondeu ele.

Seu contato com Genevieve cessou durante os anos finais da guerra, mas ela foi uma das primeiras a parabenizá-lo após sua exoneração. E a correspondência deles pôde ficar muito mais calorosa desde então. Genevieve havia procurado a opinião dele sobre vários aspectos de sua pesquisa em andamento recentemente, mais notavelmente a poção que colocou ele e Potter nessa confusão.

Para lhe agradecer pela ajuda, ela até lhe enviou um presente de Natal naquele ano: um frasco de Felix Felicis recém-preparado. Por mais grato que estivesse pelo presente, Severus suspeitou que ele apenas acumularia poeira em seu armário. Ele preferia fazer a própria sorte.

— Você a ajudou durante um cio? — Potter perguntou abruptamente, conseguindo atrapalhar completamente a linha de pensamento de Severus.

Apenas muitos anos de treinamento em Oclumência impediram Severus de demonstrar sua surpresa. O comportamento do menino começou a se reorganizar em sua mente. Será que Potter poderia estar com ciúmes? Severus tinha visto a emoção muitas vezes entre os alunos para não reconhecê-la agora, embora, é claro, nunca tivesse sido dirigida a ele mesmo antes. Que estranho.

Holiday Magic | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora