Trinta e oito

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A  reportagem foi interrompida e eu senti como se o meu coração fosse esmagado, comecei a chorar ali do jeito que eu estava antes 

Ele me prometeu que voltaria do jeito que ele saiu, respiro fundo tentando me acalmar, que cacete do nada tudo na minha vida desandou de uma vez só

Escutei alguém esmurrando a minha porta me fazendo acordar, dei um pulo da cama e fui correndo, quando abri a porta encontrei a Yasmin no mesmo estado que eu, logo atrás estavam a Alésia e a Mayara, dessa vez o negueba não foi, teve que ficar tomando conta do morro e por um momento eu tive inveja dela, queria que o meu homem estivesse nesse morro também 

Por impulso abracei a Yasmin, a minha dor e a dela são iguais, o que faz esse momento ficar mais doloroso 

Quem passava na frente da casa fazia cara de dó, algumas meninas faziam cara de deboche e outros ficam parados olhando nós duas, nem me importei tanto

As meninas nos ajudaram a levantar e colocaram a gente pra dentro, foi um momento silencioso, ninguém falava nada mas aquele silêncio já dizia tudo, os olhares tentavam confortar nós duas mas nada daquilo tava funcionando

Mayara deu um copo de água com açúcar pra nós duas e acabamos tomando mas foi só pra não fazer desfeita mesmo, isso nunca funcionou pra mim 

"O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência é uma eternidade" 

Felipinho narrando

Voltei assim que me falaram que eles estavam encurralados, irmão de verdade não deixa ninguém pra trás não, só não é sangue do meu sangue, mas são a minha família

A morena do meu lado tava quieta mas só de olhar dá pra percebe o medo no rosto dela

Acelerei tanto que chegamos lá rapidinho

Felipinho: tu vai ficar aqui com isso- eu falo e me inclino na direção do porta luvas, peguei uma pistola e joguei no colo dela 

Lívia: eu não sei atirar cara- ela me olha arregalando os olhos 

Felipinho: aprende hoje, ou tu morre ou eles- ela engole em seco e eu pego outra arma no banco de trás 

Não esperei a mina responder e sai do carro conferindo as balas da arma, fechei a porta e fui andando até aonde falaram que os dois estavam

Encontrei o Gelinho atrás de um muro sozinho, chego quietinho por atrás e me abaixo do lado dele que toma um susto

Gelinho: qual foi filho da puta, pensei que já tava longe

Felipinho: era pra tá né, mas vocês não sabem resolver porra nenhuma- olho pra frente e vejo o Medeiro apontando a arma pro Barão, olhei pro jacaré que já estava caído sangrando 

Esses dois filhos da puta não vão morrer hoje não, tem muita merda pra fazer ainda 

Felipinho: atira em tudo que se mexer- falo rápido e começamos a atirar nos caras, acertei um na Perna do Medeiro que caiu ajoelhado e o Gelinho no braço dele 

Escutei tiros vindo da parte de cima da casa me fazendo olhar pra cima, tinha um helicóptero da polícia voando ali por cima e alguma pessoa tava atirando contra o mesmo 

Corri em direção os menino e dei mais um tiro no velho, não vamos matar ele assim tão fácil assim, essa porra atazanou a gente por muito tempo pra acabar tranquilo assim pra ele 

Felipinho: demorei?- pergunto chegando perto do Barão e ele me olhou com cara de puto

Barão: só não te amasso porque tô fudido aqui- dou risada e me abaixo, começo a desamarrar o mesmo, enquanto o Gelinho desamarra o jacaré, maluco ainda tá respirando então ainda tá na paz 

Vejo o Helicóptero começar a fumaçar e ir pro lado matagal, de longe deu pra perceber que era uma mulher ali em cima, braba pra caralho 

Com cuidado com a princesa, coloquei o braço bom dele em volta do meu pescoço e ajudei o mesmo a levantar, o Gelinho tava se matando pra pegar o jacaré quando a mulher apareceu na área de trás, é bonitona pô 

- precisam de ajuda?- olho a mesma de cima a baixo 

Felipinho: e quem é você?

- quer ajuda ou não? daqui a pouco isso aqui vai encher de polícia- folgada mas tá certa, aponto com a cabeça pro Medeiro e ela começou a arrastar o mesmo pelos pés, sentir um rancor vindo dela pô

.........

Quando finalmente chegamos no morro alguns meninos que estavam nos outros carros começaram a atirar pro alto, a maioria tá tudo fudido mas o que importa é estar vivo né 

No meio do caminho a morena foi ficando mais pra lá do que pra cá, querendo desmaiar e tal, mandei o papo pra ela não morrer ali do meu lado e joguei ela pro banco de trás 

Fui direto pro UPA com eles, Barão tava sagrando que só uma porra, perdi até as esperanças de tirar as marcas de sangue do banco

Lívia já tinha acordado e desmaiado umas três vezes, Gelinho tentava manter a mina acordada mas tava foda 

Minha cura {M}Onde histórias criam vida. Descubra agora