sessenta e dois

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Comentem bastante, por favor

Barão Narrando 

- ae tio, como que faz pra entrar na correria com vocês?- um moleque que parece ter a idade da Pietra, neguei mexendo a cabeça olhando pra ele 

Barão: tá maluco garoto? esse mundo não é pra criança não pô, cadê os seus pais?

- não tenho não tio, só tenho um irmãozinho- olho pro Felipinho que tava prestando atenção em nós dois- tenho que trabalhar, se não ela vai continuar passando fome

Pô, na hora senti o meu coração apertar, lembrei de quanto eu e o meu irmão estávamos na mesma situação, era triste pra caralho 

Barão: ele tá aonde? 

- na casa de uma tia, ela cuida da gente as vezes 

Barão: fala o teu nome pro tio

- eu sou Bryan

Barão: e o teu irmão?

Bryan: Ramon- ele fala e respira fundo- mas ele tá doente também tio

Barão: doente? tem o que?

Bryan: ele tosse muito e as vezes sai sangue, a tia que cuida da gente não tem dinheiro pra comprar o remédio- passei a mão na nuca e me levantei 

Barão: fica de olho nos bagulho aí- falo pro Felipinho que só mexeu a cabeça confirmando 

Peguei na mão do molequinho, tirando o mesmo da frente da boca, tinha usuário usando ali perto e isso não é coisa pra criança ficar olhando 

Fiquei reparando nele e o mesmo está bem magrinho, um pouco sujo e as roupas são um pouco curta, a gente tenta ajudar geral, mas sempre passa alguns despercebidos 

É foda 

Ele falou que iria me levar até aonde o irmão estava e começou a me guiar pelos becos, quando começamos a nos aproximar da tal casa eu já reconheci o lugar, era a tal instituição que a Dandara vinha

Entrei com ele e a moça veio andando na nossa direção com cara de quem estava bem preocupada 

Luzia: Bryan, finalmente- ela me olha e dá um sorriso- oi meu filho, obrigado por trazer essa criança fujona 

Barão: ele que me trouxe aqui

Bryan: ele pode ver o Ramon tia?- ela mexe a cabeça confirmando e o mesmo me puxa pra um corredor quem tem umas quatro portas, entramos em uma delas dando de cara com um espaço com seis camas e outros colchões no chão- olha ele ali

Vejo um moleque deitado no meio de vários cobertores, parecia estar morrendo de frio, andamos até ele que estava de olhos fechados 

Bryan: Ramon, acorda- ele fala mexendo no pé do irmão, que deixou um sorriso escapar e se sentou na cama 

Ramon: só vou levantar se tiver caminhãozinho- ele fala ainda de olhos fechados

Bryan mexeu em um balde que estava em baixo da janela e pegou dois brinquedos, o irmãozinho deu um pulo da cama e foi brincar com ele

Luzia: eles são lindos- ela fala parando do meu lado, cruzo os braços e mexo a cabeça confirmando 

Barão: o que aconteceu com os pais deles?

Luzia: com o pai foi overdose, a mãe morreu no nascimento do Ramon...o pai virou viciado depois disso- novinhos pra caralho e já passaram por tudo isso, a vida é dura até pra quem não merece- pegamos eles a um mês atrás 

Barão; o que o pequenininho tem?

Luzia: a gripe tá com uma gripe muito forte, pode se agravar pra uma pneumonia- respirei fundo e desviei o olhar deles pra ela 

Barão: vou fazer uma doação pra cá jaé? minha mulher fazia mas ultimamente...você já sabe da história 

Luzia: sei sim, tem muitas crianças aqui com saudade dela- me segurei pra não deixar nenhuma lágrima descer e funguei o nariz- obrigado por isso Barão

Barão: é pra isso que cuidamos do morro pô, ninguém merece viver em um situação precária

Depois de um tempo as crianças e chamaram pra brincar e eu fiquei papo de uns trinta minutos ali, o bagulho que eu senti ali com eles foi coisa de outro mundo, me senti um pai naquele momento 

........

Entrei no quarto da Dandara e dei de cara com a Lívia ali, sentada na poltrona e chorando, assim que a mesma me viu se levantou e secou o rosto

Lívia: oi Barão

Barão: eae Lívia, quer mais um tempo ai?- ela nega mexendo com a cabeça

Lívia: tô aqui já faz uma hora....nem parece ela aqui, parecia que ela não tem mais vida- mesmo eu não querendo admitir, a minha Loira não está mais aqui....acho que ela não vai voltar mais- desculpa falar isso

Barão: tá tranquilo

Lívia: já vou indo, boa tarde pra você

Barão: igualmente- ela passa por mim e fecha a porta

Me sentei na poltrona e peguei na mão da mesma, que ainda está quente, fecho os olhos e respiro fundo me inclinado pra frente 

Barão: tô cansadão de ver você assim pô, não sei mais o que fazer loira, tô sem você, sem meu irmão, minha cunhado foi pra longe com o meu sobrinho, minha afilhada não pode mais pisar no morro....tá tudo fudendo aos poucos, tão querendo a minha cabeça lá na pista e eu já tô pensando em me entregar- abro os olhos deixando as lágrimas descerem- acho que já era pra mim

Chorei conversando ali com ela, não sei a mesma está me escutando, mas espero que sim

Barão: fui naquela instituição que tu ia lá das crianças, na verdade um molequinho me arrastou pra lá...entendi o porquê de tu gostar de lá, vou continuar o que você tava fazendo tá bom? tem muita criança lá precisando de ajuda....espero que a você esteja orgulhosa de mim pô 

Falo entrelaçando os nossos dedos e beijando a mão da mesma 

Minha cura {M}Onde histórias criam vida. Descubra agora