Prólogo

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P.O.V Barbara.

ESTADOS UNIDOS, 1918...

    Dor! É isso que eu sinto agora... Dor e agonia... As pessoas entram e saem da enfermaria enquanto olho perdida para todos, esperando que meu pai abra os olhos para me dizer que está tudo bem.

   Mas ele não abre, seus olhos continuam fechados e seu corpo parado na cama do hospital.

   - Hora da morte... 00:45... - O médico diz enquanto termina de cobrir a cabeça dele com um lençol branco enquanto a enfermeira anota em uma prancheta.

   Fecho os olhos sentindo as lágrimas descerem e eu quero gritar desesperadamente... Não ele não pode ter ido... Primeiro mamãe e agora ele...

  Todos mortos por esse novo vírus mortal, nos jornais estão chamando de gripe espanhola...

    - O que faz aqui? - Sou tirada dos meus pensamentos quando outra enfermeira para ao meu lado. - Deveria está deitada... Dormindo.

   - Eu estava... E aí... Aí... As pessoas correndo para cá e quis ver se meu pai estava bem. - Digo chorando tossindo.

    Ela se afasta um pouco, mesmo de máscara eles nunca se aproximam muito de nós.

   O médico puxa a cortina e agora eu posso ver com clareza, o corpo do meu pai que antes eu via só por uma brecha.

    - O que esta acontecendo aqui? - Ele pergunta.

    - Ela saiu da cama dela doutor... Vamos... - Tenta me levar.

   - Não! Eu quero ver meu pai... - Tusso... - Preciso dele... - Tusso mais... 

   - Calma... Você precisa descansar... Seu pai infelizmente não está mais entre nós... - O médico tenta dizer com delicadeza.

    - NÃO... NÃO... MEU PAI NÃO... - Meus pulmões não tem mais força para gritar e começo a tossir compulsivamente.

   - Calma... Calma... Temos que seguir o procedimento sanitário... Volte para sua cama...

   Mesmo não querendo, não tenho mais forças para gritar... Meu peito queima e minha testa soa pela febre. Deixo a enfermeira me guiar de volta para a cama e me deito em meu leito... Leito 23...

   Meu sono foi leve pois tive pesadelos com minha mãe e meu pai... Todos mortos...

   - Já o levaram os corpo de hoje? - Ouço a voz do médico e reconheço sabendo que é o médico de mais cedo.

   - Sim, doutor... Mas fui informada que não temos caixões o suficiente, o prefeito mandou um pedido de ajuda com o governador. - A enfermeira responde.

   - E o pai dela, foi levado? - Pergunta se referindo a mim já que estão parados a beira da minha cama.

    Contínuo com os olhos fechados dando a impressão de ainda está dormindo.

    - Foi sim... Pobre garota... Tão jovem, sozinha e doente. - Ela lamenta.

    - Ela não tem ninguém aqui?

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