IV

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P.O.V Barbara.

    Olho pela janela e vejo o belo jardim de Adrian, eu sempre gostei de ficar ali e ler meus livros... Só que agora me sinto presa aqui, me sinto mais sozinha do que nunca. Já faz um mês que estou aqui e não me sinto mais em casa.

    Está aqui com Ana e Adrian me chamou atenção para algo que eu nunca tinha me atentado antes, minha solidão... Nunca pensei num companheiro ou em minha alma gêmea, mas agora isso não sai da minha cabeça. 

    Balanço a cabeça em negativo tentando afastar esses pensamentos tristes e sigo para a sala de jantar, onde Ana e Adrian jantavam, bom... Pelo menos Ana...

    Me sento na esquerda enquanto Ana está sentada na direita e na ponta Adrian, que bebe o líquido vermelho na taça em sua frente... O cheiro que vem da minha taça faz minha garganta queimar e tomo o primeiro gole de sangue, sentindo o gosto saboroso e doce.

    Mas o silêncio que reina na sala chama minha atenção, olho para Adrian que está com os olhos vidrados em Ana e ela por sua vez está com um olhar longe enquanto bate o garfo na comida sem come-la.

    - Ana... - A chamo sem obter resposta. - Ana... - Chamo um pouco mais alto.

   - Anastácia! - Adrian eleva o tom e ela pisca várias vezes enquanto pula no lugar.

   - Desculpe... - Ela olha para nós e sorrir levemente. - O que diziam?

    - Eu sei que não deve ser legal ser a única que come comida, mas Adrian e eu estamos aqui para te fazer companhia... - Sorrio. - Ou o meu tempero não está bom? Não vai me dizer que eu perdi a prática? - Rio.

   Ela balança a cabeça sem jeito.

   - Não tem nada de errado com sua comida... É só que eu... Não estou com muita fome.

   Adrian cerra os olhos.

  - Como não? Não comeu nada hoje e quase nada ontem também. Ou está doente ou...

   - Confusa e cansada. - Ela o corta. - Eu tenho muitas coisas para assimilar e sua existência na minha vida é uma delas... Eu perdi um pai e surgiu um companheiro. E acho que entenda como é perder alguém... Deve ter perdido muitas pessoas vivendo há tanto tempo. - Argumenta. - E eu sou mais sensível do que você... - Suspira. - Não há nada de errado com a comida ou com vocês... É apenas eu. - Deixa o tom mais brando.

    Adrian se recosta na cadeira principal da enorme mesa.

    - Estranho porque... Há pouco tempo me parecia ótima, seu comportamento apenas mudou de forma muito peculiar esses últimos dias e não parece ser pela dor de perda alguma, embora confusão eu não duvido que seja. Mas estou aqui para esclarecer o que queira...

   Ele tem razão, ela estava ótima esse tempo todo, mas de uma semana para cá está quieta e distante... Até de mim...

    - Adrian... - Chamo sua atenção. - Ana só precisa de um tempo sozinha... Ela precisa respirar... E vamos combinar que suas aulas de latim antigo podem ser bem maçantes... - Brinco.

    Ela está estranha mas ele não tem o direito de colocar pressão nela.

    Ele suspira pelo nariz, revirando os olhos enquanto leva a taça de sangue para os lábios, tomando um longo gole, sem tirar os olhos de Ana. Vendo seu desconforto corporal.

    Ela está escondendo algo, é nítido para quem quiser ver.

    - Eu sei que está atolada com a faculdade e que acabou de voltar para Floyd mas o que acha de viajamos? Seria ótimo para relaxar. - Tento anima-la.

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