Capítulo 30

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Theo

Eu adoro quando Liam fica todo desconcertado quando eu o provoco.

- Liam! - o chamo e ele me olha.

- Hum? - resmunga.

- Por que me escolheu? - pergunto.

- Como? - ele parece confuso.

- Para ser seu falso namorado, por quê me escolheu?

- Eu já te respondi. - diz e eu semiserro os olhos.

- Você disse que eu sou mais bonito, mas isso eu já sei. Quero saber a verdade do porquê me escolheu.

- Eu disse que você é mais bonito? - pergunta.

- Disse. - respondo. - Mas não mude de assunto Dunbar. - ele odeia quando eu o chamo pelo sobrenome. - Por que me escolheu? - engole a seco.

- Sei lá, Theo. Você é melhor em muitas coisas. - arquei uma sobrancelha.

- Hum. - resmungo me levantando da cama e indo até sua escrivaninha.

Pego um de seus cadernos e um lápis, volto para cama e começo a desenhar.

- O que está fazendo? - ele pergunta.

- Desenhando. - respondo como se fosse obvio.

- No meu caderno de História? - pergunta e eu olho para a cama, vendo que está escrito HISTÓRIA.

- Aparentemente sim. - digo voltando a desenhar.

Ele bufa e revira os olhos, eu sorrio.

- Qual a paisagem mais bonito que vem em sua mente? - pergunto, só por curiosidade mesmo.

- Hum... - ele pensa. - Uma noite de lua cheia... - fecha os olhos. - Na praia. - ele sorri ao pensar.

Ver ele daquela forma era bom, ele emanava paz e quietude, apenas ele e sua imaginação. Confesso que a paisagem que ele descreveu é algo bom de se imaginar. O vento batendo contra a água, causando ondas lindas e barulhentas, um som bom da água se movendo, a lua grande e bonita.

- E a sua? - ele abre os olhos e pergunta.

Penso.

- Um por do sol numa pista de skate.. - digo e ele me olha confuso.

- Por que uma pista de skate? - pergunta.

- Gosto do barulho das rodas na pista e o vendo bom que trás ao andar em um. - respondo.

- Sabe andar de skate? - assinto.

- Qual seria sua visão do paraíso? - que pergunta estranha é essa que eu fiz?

- Ah, sei lá. Acho que meu paraíso não é uma paisagem, e sim alguém. - curiosidade invadi meu peito.

- Quem é seu paraíso. - ele me olha.

- Não sei. - diz. Um silêncio se instala. - Mas e você, qual sua visão do paraíso?

- Um lugar onde a paz é quietude. - respondo quase que em instantes.

Seu expressão muda, acho que tristeza, ou talvez pena.

Só o que eu queria era um lugar onde não tivesse gritos, onde não tivesse muito movimento.

- Não acredita no amor, né Theo? - suspiro.

- Afinal o que é amar?

- Amar é... - ele pensa. - Sorrir por nada e ficar triste sem motivos. É sentir-se só no meio da multidão, é o ciúme sem sentido, o desejo de um carinho; é abraçar com certeza e beijar com vontade, é passear com a felicidade,
é ser feliz de verdade! - ele cita algum poema qualquer, mas que me faz sentir algo estranho.

Essas palavras batucaram meus pensamentos.

O que ele quis dizer com: "Sorrir por nada e ficar triste sem motivos. Sentir-se só no meio da multidão, o ciúme sem sentido, o desejo de um carinho; é abraçar com certeza e beijar com vontade, é passear com a felicidade, é ser feliz de verdade!"?

Só aí então que eu havia percebido. Sorrir por nada e ficar triste sem motivos. Eu fiz isso. Sentir-se só no meio da multidão. Eu me senti assim quando ele não estava . O ciúme sem sentido. Hoje mais cedo, eu senti isso. O desejo de um carinho; é a abraçar com certeza e beijar com vontade. Eu senti isso. É passear com a felicidade é ser feliz de verdade! Eu senti isso!

Eu senti tudo isso por Liam.

O lápis a minha mão parou, caiu sobre o caderno e minha consciência apaga, estou acordado, mas não estou ali, mas estou em todo lugar, todo lugar no qual estive com Liam.

Eu pisco várias vezes tentando raciocinar tudo isso.

Eu o amo? Que merda é isso?

- Eu já volto. - saio quase que num pulo, deixando o caderno sobre a cama. Liam me olha confuso, mas não me empede.

Não é como se eu pudesse ir a algum lugar longe dele. No momento estou sem meu carro, e não estou sob nenhuma condição de sair andando por aí.

Vou até a cozinha, me escoro com dificuldade no balcão, passando a mão pelo meu rosto, tentando raciocinar tudo aquilo. Eu nem se quer sei o que estou sentindo. E tudo por causa daquele poema que Liam contou.

Pego um copo de vidro e uma garrafa de água na geladeira, despejo o líquido no copo e bebo logo em seguida.

Meus pensamentos estão a mil por segundo. Não posso respirar direito e só o que quero é chorar.

Não podia estar acontecendo isso.

Se o amor é tão bom e bonito, por que quero chorar? Por que me sinto vulnerável? Por que me sinto assim com Liam?

CONTINUA...





Fake Love - ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora